setembro 29, 2008

Primeiro porque me lembra um momento muito bom. Segundo porque gostei da produção. Terceiro porque ando precisando muito lembrar um pouco de mim nesse túnel que passa de tudo, boi, boiada, até trem bala. Por fim, porque não tenho que explicar nada. E volto a ficar quietinha. Como diz Clint Eastwood, "algumas vezes você pode dizer mais com economia do que com excesso de movimentação". E como ando sem tempo nem para pouca movimentação, o que dirá o excesso. E já que o mundo ficou menos bonito sem Paul Newman -- e não vale a idade, a beleza estaria nele aos 99 anos -- quem sou eu para não acatar o que diz Clint, a outra legenda?

If not for you
Música de Dylan. Ele toca com George Harrison.

setembro 27, 2008

Ship song, by Nick Cave. Bom fim de semana para todos, os apaixonados e os não.
"We make a little history, baby. Every time you come around....You are a little mystery to me. Every time you come around"

setembro 22, 2008

Volto para esse espaço quando der. Ou em edições extraordinárias. Por enquanto deixo uma música para vocês. Beijos, boa semana para todos.

setembro 20, 2008

Glicose na veia

Para conseguir levantar e se animar em um sábado besta, frio, ressacado. Nada melhor que o mestre Hendrix. Um erro deve ter feito com que Voodoo Child apareça na legenda como Happening for Lulu. Curtam.

setembro 17, 2008

Na minha árvore

Zen, zen, zen.....Mantras, respirar fundo, fotografar, dançar, desligar, tirar uma semana de folga. Tudo para não pifar nem pirar...Zen, zen, zen....Esses slides vão para duas queridíssimas, amadíssimas, que, como eu, estão precisando de mais ar. Torcida geral porque a vida é mais.

setembro 15, 2008

O cristal e o vidro

Com a idade me tornei uma pessoa menos explosiva. Isso não quer dizer, entretanto, que não seja dada a explosões. Só a freqüência diminuiu. Mas em todos os casos a minha raiva se dirige a algo ou alguém. Sexta-feira passada tive uma experiência inédita, a combustão sem alvo ou platéia. Chegando de viagem e movida a um acúmulo de problemas que não vem ao caso relatar, estava sozinha, no meu escritório, quando peguei um copo que tinha acabado de tomar água e joguei na parede. Um ato estranho para mim, arremessar algo com uma raiva que não foi direcionada a ninguém, apenas o desabafo em quadros. Na hora que arremessei o copo já pensei, "onde está a vassoura?". Mas, infelizmente, foi quando lembrei que cristal é cristal e vidro é vidro. O copo que joguei na parede não era de requeijão, juro, mas devia ser muito próximo. O desgraçado não quebrou, nem uma lasca. Foi um momento de muita frustração, uma catarse interrompida. Como não juntar os cacos, em lágrimas, com toda a vítima que pode habitar o seu ser naquele momento? E ainda ver aquele puto daquele copo dando uma, duas, três reviravoltas e acabar no meu próprio pé? Odeio a Santa Marina, odeio todos os copos quase que inquebráveis. Odeio não ter força nem para estilhaçar um copo na parede. Odeio ter que jogar um copo na parede para conseguir permanecer por aqui. E ainda escutei ontem de uma amiga: a certas pessoas não foi dada a licença da loucura, nasceram lúcidas e vão morrer lúcidas. Socorro, me deixem enlouquecer. Hoje, o meu olhar para minhas taças de cristais foi do mal. Acho que elas entenderam o recado: amigas, vocês serão as primeiras assim que eu conseguir minha licença. Sorry.

Antes que eu esqueça
Estava viajando e não pude comentar. E os 36% podem me criticar à vontade. E espero que critiquem porque sempre considerei a unanimidade burra. Mas 64% de aprovação em segundo mandato é dose. Inegável. Em Manaus, ver o povo esperar lá fora só para ver o cara passar na saída de um evento, com os olhinhos brilhando, é fascinante. É de estilhaçar qualquer oposição. Que, aliás, se mostrou muito mais fácil de quebrar do que aquele puto do meu copo. Mas, na verdade, sempre soube que eles eram de cristal.

Lithium
Se é para pirar, nada melhor que Nirvana. Para você, Kriko. Boralá, se não consigo quebrar nada, que pelo menos alguém quebre sua guitarra. Uma semana enlouquecida para todos. Porque a minha promete.

setembro 08, 2008

Que o céu não caia na nossa cabeça

Eu vi os dois caras saindo do carro no momento que eu me recuperava da sensação de que havia pares de olhos em todas as janelas me secando assim que acendi um cigarro no pátio do hospital. Um era alto, muito gordo, cabelo quase amarelo até o meio da nuca. Usava um chapéu. O outro baixinho, narigudo e de bigode. De repente, uma familiaridade tão grande. De onde eu conhecia aqueles dois? Era algo reconfortante, para falar a verdade. Claro, eram Asterix e Obelix. Iguaizinhos. Eu fiquei pensando como era bom o tempo que eu mergulhava naquela aldeia gaulesa, onde se ficava sob a proteção da astúcia de Asterix e da força de Obelix. Não havia doenças que um bom caldo do druida Panoramix não curasse. Não havia desemprego, para falar a verdade nem competição, era um ferreiro, um açougueiro, um verdureiro...E, claro, um bardo tentando compor músicas, sempre de péssima qualidade. Mas ele insistia. Ideiafix, o cachorro, lembra a Maia, cujo sobrenome virou Exwhite, depois que ela deixou de ser tão branquinha. Todo mundo ficava doidão com a poção preparada pelo mago e a maior diversão era bater em romanos. O único medo era de que o céu caísse sobre a cabeça, porque aqui embaixo estava tudo dominado. Como era boa a minha aldeia.
Me lembrei de outra vez que eu também estava em um hospital, dessa vez como paciente, o que não era o caso ontem. Uma paciente do bem, tinha acabado de dar a luz. E luz clareia, ilumina. Mas estava na segunda noite internada e doida para ir embora. Impaciente, queria começar logo minha vida de mãe. Sensível, não sabia se daria conta. Insegura, cheia de dúvidas. O meu marido me levou o Asterix que faltava na minha coleção. Não lembro qual era, mas na contra-capa, onde tem a apresentação dos personagens, ele colocou legendas. Asterix, correndo, comunicava o nascimento da nossa filha. Obelix dizia que iria preparar um menir para ela. Panoramix, no seu caldeirão, falava que iria fazer a sopinha dela. E o bardo, claro, iria compor uma música para a recém chegada.
Eu fiquei um tempo olhando para aqueles balõezinhos da legenda e, de repente, caí em prantos. Devo ter chorado uns 10 minutos. Era uma emoção misturada com os primeiros sintomas da depressão pós parto que durou mais uns 10 dias e pegou o Natal, óbvio. Não me lembro também se aquele número era só do Uderzo ou uma edição que ainda tinha o roteirista Goschinny. Mas foi lindo. E a vida é cheia desses momentos, gentileza, sensibilidade, sedução.
Meus devaneios foram interrompidos com o berro do manobrista do hospital. Gol do Brasil contra o Chile. E assim teve início uma longa noite de insônia.

Obrigada
Por falar em presentes, na sexta-feira ganhei mais Suflair e um DVD muito legal que, por conta de vários acontecimentos, não pude nem ver. Mas foi um encontro emocionante para mim, tanto que não percebi que havia mais um presente. Volume 1, crônicas, Bob Dylan. Como já disse, a vida é feita de momentos like this. Gostaria de ter gravado um CD com várias músicas para retribuir. Pena que não tive tempo. Valeu, tks.

Até
Não sei se volto a postar nos próximos dias. Vou até ali dar uma olhada em como anda a porta de entrada de nossa Amazônia. Conto tudo na volta. Para quem também viaja amanhã, super boa viagem.

Smokers the outside of hospital doors
Com The Editors. Valeu.

setembro 04, 2008

O exercício da sedução

Encontrei uma amiga e percebi que ela está disposta a seduzir até um poste. Garçom? voz aveludada. Manobrista? sorriso sensual. Porteiro? olhares misteriosos. Colega de trabalho? abraços mais longos. E porque tanta sedução no ar? O argumento dela é que é preciso praticar, como correr, nadar, tocar violão, e outras coisas que não vem ao caso. Ou vem. Mas ela diz que se não for assim, você perde o jeito, a mão, sei lá o que mais se perde. Perguntei se isso se deve ao fato de ela ter visto recentemente Sonhos de um Sedutor, quando o espírito de Humphrey Bogart dá aulas de sedução para o Woody Allen. Não, a lição é nacional mesmo e vem do filme Avassaladoras, quando o escritor para quem Giovana Antonelli está fazendo a capa do livro diz que ela precisa exercitar. E a faz seduzir o dono de um empório que, correndo, lhe dá uma garrafa de vinho, uma taça, alguma coisa parecida. Depois disso, ela conquista o Gianechini. Foi baseada nesse conselho que ela decidiu vencer com sua sedução todos os obstáculos até chegar ao seu próprio Gianechini. "Vai ser em um piscar de olhos", garante, confiante, a minha amiga.
Eu me lembrei de uma conversa que rolava no interior que para você conquistar alguém que desejasse, ou desencalhar com qualquer um que lá a cobrança era brava, você tinha primeiro de beijar alguém muito feio, chato, cdf, desengonçado.. enfim, aquele que ninguém queria. Daí, como em um passe de mágica, o encanto estava feito e você atingia seu objetivo.Claro que isso deve ter sido uma adaptação local para o beijo no sapo que vira príncipe. Aliás, essa história sempre me assustou, não acho que gostaria de um príncipe que viveu tanto tempo no brejo. Uma laminha sempre há de trazer. E sempre achei que era mais o marketing pessoal do sapo para beijar.
Mas, voltando à minha amiga, ela diz que nós, mulheres, nos tornamos invisíveis com o tempo porque deixamos de seduzir, de experimentar, de encantar. Egoísticamente, deixamos nosso cansaço tomar conta e não somos mais generosas com o outro. E isso só se reverte com prática (até com o poste, imagino).Essa necessidade de treinar, argumenta minha amiga, é algo que vale para as solteiras, divorciadas, casadas, moradoras da faixa de Gaza, qualquer uma. Claro que só se leva o jogo adiante se for interessante, caso contrário procura-se o próximo alvo.
Não estou muito convencida dessa teoria da maluca, acho que a verdadeira sedução é algo natural, expontâneo e imperceptível para você mesma. Quase como a respiração que se altera conforme suas emoções, mas você quase não nota. Não consigo imaginar que possa ser uma tarefa diária ou metas a serem cumpridas. E o mais gostoso, vamos combinar, é se sentir sendo seduzida.
Mas, em todo caso, vou dar mais um tempo para ver o que acontece com ela. Se der certo, conto aqui para aquelas que estão procurando seus Gianechinis. Para quem deseja Gianechinis, claro, o que não é meu caso. Se não tiver sucesso, saberemos pelo menos como os sapos se sentiram com tanto prestígio. Mas devo confessar que resolvi me exercitar hoje na padaria e abri um sorriso para o cara que sempre me atende.E, vejam só, ganhei um Suflair. O saldo? calorias. Mas foi engraçado.

Smells like teen spirit
Nada melhor do que Tori Amos seduzindo do piano a todos os caras das primeiras filas, nesse cover do Nirvana. Enjoy.


setembro 03, 2008

Jeff & Tal


A música é Because we ended as lovers, com Jeff Beck. Ela me lembra a primeira vez que fui a Jericoacora quando eu a escutava sem parar, na época em um Walkman.Ela fazia parte de uma fita que ganhei de um namorado que não pode viajar comigo mas queria que, de alguma forma, eu o sentisse por perto. Conseguiu, em parte. Mas naquele lugar paradísiaco fica difícil não descobrir que sempre há outras partes.
Como houve um mal entendido no outro post sobre a moçada que está por aí, esse vídeo ajuda a mostrar o que o Pedro diz, sempre há boas safras. Esse show foi em Chicago, no ano passado, e a baixista, Tal Wilkenfeld, tinha apenas 21 anos. Completamente feliz, à vontade, talentosa e linda.
Tudo isso vai para uma pessoa muito querida que vai pegar a estrada em breve e não sabe quando voltará. E que vai levar uma parte com ele. Curtam.

setembro 01, 2008

Que droga é essa?

Uma grande amiga minha, que aqui assina Aiaiai (pior que é a cara dela, esse é o jeito com que ela reage às loucuras do mundo), fez um comentário meio nostálgico, mas pertinente, sobre o vídeo do Velvet Underground que eu coloquei ontem. Saudades do tempo que ser doidão era legal e não tão cheio de culpas como é hoje. Eu estou lendo o livro das melhores entrevistas da Rolling Stones e fiquei pensando nisso, também com certa nostalgia. Não por mim, mas pelos "doidões".
John Lennon fala da loucura que era o tempo dos Beatles, coisa que não interessava nem a eles, nem à gravadora, e nem à imprensa contar. Como ele e George se envolveram com o LSD, quantas viagens não vieram daí. Mas, o pior ou melhor, quantas músicas dos quais nem vamos relacionar, surgiram. Eric Clapton ficou dois anos e meio dentro de casa, com sua namorada, completamente chapado. Ele tinha um gravador e tocava todos os dias. E dali saíram canções belíssimas. Sim, tem uma entrevista com Keith Richards, e você pode imaginar, nem preciso contar. Ainda não é nessa da célebre frase, não tenho problemas com drogas, tenho problemas com a polícia. Johnny Cash fala do seu vício com anfetaminas e, mais uma vez, do que criou. Jack Nicholson se recusa a dizer que usou cocaína, o mesmo que não vale para o seu vício pela maconha. Mas garante que não faltou a um trabalho e nem ao curso de interpretação que fez durante 12 anos. E que o deixem em paz.
Não li todas as entrevistas, mas lá tem Jim Morrison, Jerri Garcia, Kurt Cobain e Courtney Love. Posso imaginar o que ainda vem. Não quero fazer apologia das drogas, acho que muitos talentos e pessoas foram levados pelo excesso. E acho que todas essas pessoas sofreram com a perda de amigos muito próximos, vítimas do não saber quando, e como, parar. A vida vale muito mais e isso não é cool. Mas havia algo que saía dessa loucura toda e que permitia que o talento desses "doidões" continuasse predominante. Um certo controle sobre a criação. Isso porque nem vou comentar a biografia de Tim Maia. Você sai chapado, mas vibra com ele.
O ponto que eu quero chegar é o que acontece agora com os "doidões". O filho de alguém muito próximo, de 23 anos, teve duas overdoses de cocaína. Só por isso, já o considero um babaca. Mas quando o encontro tudo que eu vejo é um moleque em frente ao espelho, levando horas para produzir seu cabelo, ajeitar seus piercings, e garantir sua figura de emo. Sem brincadeira, ele leva horas. Tenho vontade de vomitar, não dá nem para ter qualquer diálogo. Um amigo meu foi no final de semana a uma rave e disse que rolou de tudo e as pessoas tomavam (será que esse é o verbo?) balas, que imagino seja Ectasy, e ficavam horas pulando como cabritos. Isso sem contar as drogas novas que rolaram, algumas com nomes parecidos com comidas de passarinhos. Passarinhos que pulam como cabritos.
Eu fui a uma festa na semana passada e quando saí para fumar presenciei algo inédito. Uma menina se inteirou a um grupo que estava ao meu lado para fumar um baseado. Mas ela não apenas casou com ele, o baseado, ou seja o monopolizou, como a certa altura resolveu levá-lo embora sob o argumento de que era algo que ela precisava. Pegou a bola, que nem era dela, e ameaçou sair do jogo. Eu freqüentei várias turmas de barra mais pesada do que aquela que estava ali e nunca vi isso acontecer. Havia uma certa ética, algo que se compartilha, se compartilha.
Deve ser a idade, mas eu fico me perguntando, o que mudou? O ser humano, que emburreceu e não sabe mais descer depois daquelas subidas, ou foram as drogas, que ficaram mais caretas? Como disse o Pedro, a visibilidade hoje em dia está fraca e fica difícil saber o que é genuíno e o que não é. Bom, repetindo aquele filósofo que nunca lembro o nome, sei lá, mil coisas. O mundo ficou mais drogado, em todos os sentidos, e mais babaca. Como é muito difícil escolher uma música para isso, hoje não teremos música. Amanhã, quem sabe se eu me drogar muito.