janeiro 08, 2008

Alguma coisa está fora da ordem...

Estamos de volta e os amigos, em sua maioria, também. E, claro, é hora de contar tudo que rolou de interessante nessas mini férias, os lugares que cada um foi, os romances, os filmes e os livros. Meu pit stop foi ótimo, mas vou ficar com os livros. E um deles me chamou muito a atençao, assim como os livros anteriores de Irvin D. Yalom, psiquiatra americano que viu o choro de Nietzsche e ficou obcecado com o mundo negro de Schopenhauer. Eu gostei muito desses dois livros, principalmente "Quando Nietzche Chorou", onde voce esbarra em filosofia e psicologia o tempo todo. Em Mentiras do Divã ele me conquistou quando mostrou o que eu sentia, sem ter me dado conta, em relação ao meu ex-terapeuta. Ou seja, era mesmo desleal quando ele se protegia com os véus da neutralidade total, sem se expor em nada, enquanto eu escancarava minha alma.
Bom, nessa parada de final de ano eu li "O Carrasco do Amor", do mesmo autor, onde com um texto elegante e inteligente ele relata vários casos de pacientes e seu envolvimento com eles. Muito interessante, principalmente para eu entender como funciona a mente de um psiquiatra, nos seus mais ricos detalhes e cuidados. Como ele estuda a melhor forma de colocar um assunto para reflexao do outro, quais os caminhos disponíveis, o que é melhor evitar ou melhor seguir. Saber a hora de mudar rapidamente de rumo a fim de evitar algum enfrentamento desnecessário ou fora de seu tempo. Tudo que se voce tiver um pouco de sangue frio pode colocar em prática na sua vida. E os processos terapêuticos descritos nos levam a identificar muitos sentimentos e comportamentos nossos ou de pessoas à nossa volta.
O livro tem esse nome porque o psiquiatra-personagem começa suas primeiras narrativas falando porque ele nao gosta de trabalhar com pessoas apaixonadas: o amor e a psicoterapia são absolutamente incompatíveis. O bom terapeuta, diz ele, luta contra as trevas e busca a luz enquanto o amor vive de mistério e sucumbe a um exame mais detalhado. Uau, empalideci.
No meio dessa leitura fui assistir Meu Nome nao é Johnny. Gostei muito, o Selton Melo está ótimo no papel do garoto classe média que segue quase por acaso, inconsequente, o caminho do tráfico. Mas tem muito personagens importantes que ficam meio periféricos, como a mãe que ficamos sem saber detalhes de sua ausencia, o pai que nao explica a omissao e a juíza que tem um papel fundamental na história.
Mas, voltando à psiquiatria, tem um personagem no filme que é um psiquiatra viciadésimo, cliente do Estrela, o principalzão, que assusta até seus vendedores. Ele sai trincando e vai para seu consultório. E tratar da cabeça de alguém, procurando ser o mais impessoal possível. Dessa vez nao empalideci tanto, já conhecia casos parecidos.
Daí volto para Yalom, o psiquiatra-escritor. Ele chegou a colocar uma das melhores ironias sobre esse mundo em um livro, quando os próprios profissionais começam a discutir um recall com os pacientes de um cara que deu uma pirada meio brava. Poderia até ser o mesmo do filme.
Eu nao tenho nada contra a psiquiatria, algum dia pensei em ser psicóloga, e admiro muitos profissionais dessa área. A busca para conhecer ainda mais a mente humana me fascina e acho que tem muita coisa boa e interessante sendo feita nessa área. Mas que há muitos contrastes, isso há. E eu nem queria falar da psiquiatria, mas do amor que nao resiste à luz. Um psiquiatra me perguntaria o que me levou a escolher a paralela. Ai, sei lá. Mas nao se empolgue, nao sou tao óbvia assim.

Obs: 1) estou com problema na tecla de alguns acentos, se é que vcs ainda nao perceberam. Desisti de insistir no acento certo da tecla torta.
2) antes que me esqueça, o livro vale bem a pena.
3) nao me perguntem o que me levou a ficar quase quatro anos com um terapeuta que eu nem gostava. Mas se bobear, eu volto.
4) nao me perguntem o que a foto tem com o post, nada, eu só queria ele lá.
5) nao é a Norah Jones no vídeo lá embaixo, como bem observou Amélie.

11 comentários:

Anônimo disse...

Uau! Ela recarregou as baterias e voltou com a corda toda, socuerro...

Acho que vou precisar de balão de oxigênio... quem sabe respiração boca-a-boca (brincadeira, Pedro).


PS: tem nada errado com meu cabelo não, Patty. Só tá enorme e tô parecendo aquele senador picareta e ridículo de cabeleira (teve gente que fez comparações ainda mais inusitadas). O problema é que tenho uma imagem acadêmica a preservar, carreira de executivo e trololó... E outra, atualmente estou trabalhando com a indústria da moda. Vai pegar mal, cê já pensou?

Anônimo disse...

Aterrisou mesmo, moça.Vamos voltar pra fase um pouco mais intimista? Vc revela algo mais íntimo, pouca coisa, e depois some em outros posts gerais. Claro que nem sempre é assim e vc não é tão óbvia mesmo.
Nunca fiz terapia nem sei se farei. Sei que não tem a ver mas a meditação me ajuda a dar uma equilibrada, acho eu.
Tenho uma pergunta que não está na lista de proibidas, vc acredita que o amor não resiste a um farol ligado ou qualquer droga parecida?
RM, suas chances só caem. Eu sinto muito (nem tanto). Se não resiste a um fósforo aceso, muito menos a um monte de terra mineira no meio. Ficou claro? lol. E o que é esse cabelo?
Patti, revi o slide, vc e sua filha são muito bonitas e charmosas. Tem outros slides lá, são todos seus? Tem outro muito legal do Love Boat Captain, tem vcs duas de novo, não?

Anônimo disse...

Meu prezado ex-ex-adversário Pedro,

Respondendo às suas perguntas:

1) Ao que me consta, é a chama como a de um fósforo, frágil à mais leve brisa, que precisa resistir para que as relações humanas (inclusive as amorosas) também perdurem;

2) Esse pedaço de terra mineira (e também paulista) é dos mais bonitos que conheço - escarpado, frio mas termal, chuvoso, sinuoso e ainda assim lindo - e adoraria atravessá-lo frequentemente;

3) Lol? Não amigo, não ficou claro;

4) Esse cabelo, confesso, tem me ajudado bastante na prospecção de clientela (cada uma mais linda que a outra, cara) para o ramo de atividade com o qual estou envolvido atualmente. Mas até eu sinto uma certa vergonha, acho que vou cortar.

Patty, não vi o slide, pode me mandar o link?

Anônimo disse...

Sei, RM, é uma coisa meio que a chama seja infinita enquanto dure. OK. Mas continuo querendo que a Patti me fale o que acha disso.
Como parece que ela é mais ocupada que nós dois, vou quebrar o teu galho e dizer que o link está no post dela de final de ano, o que tem uma foto de fogos do lado.
Patti, sabe a história da música Love Boat Captain?
Bjs pra vc e um abraço pro cabeludo mineiro. Cara, acho Minas lindo e vc deveria ficar por aí mesmo curtindo. Faz bem.

Redneck disse...

Sobre a observação 4, quero deixar claro que o Martin Donovan perguntou de você no final do ano e eu disse que você o tinha preterido ao RM e ao Pedro. Ele desligou o telefone bravo e fiquei com a impressão de que ele apareceu arrasado (dead, by the way) em Agrestic. Voltou com tudo, hein? E você pode - e deve - expor os detalhes sórdidos dos 4 anos de terapia para nós outros, seus leitores anormais!

Anônimo disse...

Patty, querida, welcome.

"Quando Nietzche Chorou", e "Mentiras no Divã", são livros de cabeceira. Já li duas ou três vezes, na verdade, costumo dizer que um livro qdo é muito bom a gente não termina de ler nunca.

Podemos fazer (se quiser, quando puder) um intercâmbio mais apurado de percepções acerca das duas obras.

Mentiras no Divã nos coloca todas as pulgas atrás de nossas orelhas,
levantando a questão de que o caminho da ética e da psicologia podem divergir muito.

Peraí, se bobear vc pro mesmo terapeuta? Ou a fazer terapia com outro profissional? Psicoterapia ou psicanálise?

Nossa, nossa, nossa. Parei.

Patty Diphusa disse...

Que agito aqui no pedaço. RM, que prospecção de clientela é essa que o cabelo ajuda? O que vc faz? Vc sempre me deixa mais curiosa. O Pedro já te passou o link, está no post Vamboralá...e tal. Achou?
Pedro, pque eu tenho a sensação de que vc sabe a resposta? Eu continuo achando que nos conhecemos e vc gosta de tirar uma onda aqui comigo. É isso?
Bom, em todo caso, eu vou responder que acredito que se um olhar mais apurado desmonta uma relaçao, ela nao deveria nem existir mesmo, nao? Mas há aquelas que resistem, mesmo que caiam mais na frente quando a luz tiver um outro foco, sei lá. E tem aquelas que duram, mesmo com luz, ou até por continuarem nas trevas.
Obrigada pelos elogios, eu e minha filha fazemos mesmo uma boa dupla.
O que sei dessa música é que ela foi composta para aqueles caras que morreram em um show da banda, eles sao inclusive citados na letra. É linda, não?
Red, adorei vc por aqui. Mas nao é bem assim. O Martin me ligou várias vezes e, por fim, conseguiu falar comigo. Eu disse que estava no Rio, quietinha. E ele nao sabia ainda se voltaria para Agrestic. Devo encontrá-lo em NY no final do mes. Nao é tudo?
Amélie, nao sao muito bons? O Quando..nao é meu livro de cabeceira pque eu li em umas férias, de uma tacada só, e deixei com uma amiga que encontrei nessa viagem, ela vive em Londres e, apesar de falar bem inglês, fica sedenta por livros em português. Vc leu o Diário de Schopenhauer? vale a pena tbem. Vc vai gostar do carrasco do amor, sao vários pacientes que exigem métodos diferenciados e a grande sacada é descobrir qual a melhor. E vc acompanha, como se estivesse do outro lado do divã, analisando com ele. Mas sao pacientes comuns, sem o brilhantismo dos anteriores, mas surpreendem bem. Vamos discutir mais, eu adoraria.

leve solto disse...

Bem, os livros comentarei em outro momento!

Trago aqui uma intuição! Será que RM está trabalhando com alguma empresa de cosméticos, testando uma escova progressiva modernésima? Seria Loreal, Niely, ou "n" outras opções?
RM, falando nisso, vc costuma fazer chapinha?

Nem sei pq estou comentando aqui, pois me parece que o espaço foi ocupado totalmente pelos assíduos pretendentes...

beijos e queijos

Mara

Patty Diphusa disse...

Mara, pelamordedeus, nao vai deixar de comentar aqui pque esses meninos dao essas piradinhas. rs. O espaço é seu tbem.


bjs

Anônimo disse...

Patty, querida;

Isto é uma técnica antiga de paquera, conhecia não? A sua amiga (na criatividade) Sherazade já fazia no tempo das mil e uma noites...

Pedro, vou ser obrigado a concordar com você (e entender porque a garota já fazia sucesso antes de chegarmos): é mesmo muito bonita e charmosa (também a filha).

PS: vi também os outros slides, muito legal. Pena que precise despachar seu leitor para outro endereço. Guardadas as proporções é o equivalente a reinventar a televisão sem controle remoto...

PS 2: puxa, como é que eu tive coragem de pular naquela lagoa gelada, menina? Ainda bem que depois aproveitamos a cachoeira, heim?

PS 3: você viu a Amélie por aí? Será que ela é junguiana ou lacaniana? Eu sou jegueano...

Data Vênia disse...

Patty,

Voltou com tudo, heim?

Depois de um longo e tenebroso calor, também voltei a postar lá no meu modesto megafone.

Quanto a essa estória de terapia, uma vez eu fiz. Achei tudo um pouco louco. Mas como tudo que é louco é bom, tenho vontade de voltar. Um dia, quem sabe?

Bjos,

DV