Noite de sábado na Barceloneta, o bairro próximo ao porto de Barcelona. Chego mais cedo no apartamento para ajudar a preparar a mudança da minha amiga. Ninguém. Começo a passar as minhas fotos para o computador, com o MP3 grudado no meu ouvido. Por um momento tive a impressão de que ouvi alguém gritando, já vamos ajudá-la, mas desencanei. Minha amiga chega pálida, nervosa. "Temos de chamar a polícia". A senhora, já bem idosa, que mora no apartamento abaixo do dela estava há um bom tempo pedindo socorro e batendo no chão. Momentos de tensão. Outros vizinhos tentavam acalmá-la enquanto a polícia não chegava.
Chega o primeiro policial e, claro, vai para o nosso apartamento já que era o único que permitia o acesso ao de baixo, via sacada. O apartamento da Barceloneta, apesar de confortável, era pequeno, um dormitório, cozinha conjugada, banheiro e uma sala. Olho para o policial na janela:. Ele era jovem, devia ter uns dois metros de altura, só de pano para a calça devia gastar boa parte do orçamento da polícia. Segundo minha amiga, seu cabelo parecia do Tiririca, mas eu não me lembro como era, então fica valendo. Aquelas pernas enormes, a bunda um pouco avantajada, apesar de não ser gordo, aquela pistola -- a arma mesmo -- pendurada no quadril..ali, encostado na janela que ficava pequeninha na frente dele.
"Não posso olhar, não posso olhar". Eu tentava, desesperadamente, evitar o olhar da minha amiga. Não deu outra, tivemos um ataque de riso que ela teve de correr para o banheiro e eu para o quarto. Mas a situação vai mais longe e chegam eles, os nossos heróis bombeiros. Oito. Tirando um senhorzinho e uma mulher, todos jovens, bonitos, tudo que o imaginário feminino adora. E, claro, tomaram todo o espaço do apartamento. Invadiram, para falar a verdade.
O mais gostoso começa a tirar a capa, o capacete, colocar o mosquetão e se preparar para o mergulho de sacada para sacada. Sabia que estava fazendo sucesso e prolongava seu momento. Eu, disfarçando, tentava tirar o flash do celular para bater uma foto. Nada, desistimos e corremos para a janela para não perdermos nada da operação descida.
Não bastasse o que já acontece naquela cidade enlouquecida, ainda tivemos aquele show de testosterona de graça, dentro de casa e com direito a pipoca no microondas..Ou a meus sais na banheira.
Pior foi deixá-los ir embora depois do resgaste sem sequer oferecer um café, um vinho, queijos, uma muqueca de camarão, um porro, qualquer coisinha que fosse. Nem fazer a clássica pergunta, que horas você larga? pode nos ajudar na mudança? Nada, duas despreparadas para gerenciamento de situações de risco.
Ah, a velhinha. Ela tinha caído, foi resgatada, levada para o hospital e voltou mais tarde com o filho. Minha amiga ainda sugeriu que ele, o filho, deixasse o telefone com um vizinho para casos como esse. Ele disse que, na verdade, ela usa uma pulseira, relógio, algo assim, que quando é apertado ele é chamado no telefone. Mas o problema é que a senhora tem Alzheimer e nunca lembra de apertar aquele treco. Ou seja, a quem se quer apertar? Triste, não?
Bom, várias taças de vinho depois nos despedimos da Barceloneta e mudamos no dia seguinte para um apartamento maravilhoso na Tetuan. Estou me incluíndo sim, viu, Ti, Pedro, Hugo e Edu, afinal já tenho até um quarto aí..E lembranças pro Billy.
março 05, 2008
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11 comentários:
Sensacional, Patty.
É como se diz acá: és fuego!
(rindo muito aqui)
Se não tivessem se mudado, podiam prender a senhora no banheiro e ligar pra ver se apareciam de novo! rs!!! Ah! Seria uma boa causa! rsrsrs
Isso que eu chamo de "sem barriga", que tanque que nada!!!! hahahaha
bjs, andrea
Que situação de risco, hein? perigosissima para os policiais e bombeiros, é claro! Fico até imaginando a sua cara olhando para os moços, coitados.
Como eu falo sempre para a minha amiga -J - que vc também conhece: as mulheres estão ficando mais cafajestes do que os homens eram. Mas elas são mais bem humoradas!
aiaiai
Viu só? Eu não disse? não disse?
A Patty sumiu junto com o lorde, eles estavam juntos em Barcelona. Pque aquele recado no fim, para Pedro? Ninguém me engana mais.
Já que iam embora do ap, pque não botaram fogo para eles voltarem? lerdinhas.
Acho que Patty viu muito seriado da Ally Mcbeal, aquela que olhava o sujeito e literalmente lambia com os olhos, digo, com a lingua mesmo. Estirava uma línguona vermelha bem comprida e "lavava" centímetro por centímetro! Claro que tudo na cabeça super inspirada da mocinha.
Mas Patty, se a coisa apertar, tem um posto de bombeiros na Praça João Mendes, outro na Domingos de Morais, outro na Consolação...
Bom, ia ficar meio de fora dessa azaração em cima dos bombeiros, mas a menina Kriko provoca.
Gostaria muito de ter encontrado a Patti em Barcelona, mas esse Pedro que ela fala lá não sou eu, infelizmente.
Bom que a "rouquidão" está passando, não Patti?
Bjs
Oies
Andréa, esses caras...sei não. O Arthur que não deixe vela acesa aí pro seu lado. rs.
Aiaiai, acho que o que mudou mais é que agora as mulheres falam mais, não? Ou ficaram (mos) mesmo mais cafas? Ai, ai, ai.
Andarilha, bem lembrado. E eu tenho um amigo que abriu uma empresa que chama segura em mim que o boi não te lambe...não é para lamber, cara Ally?
Kriko, vc é mesmo uma querida, mas doidinha de pedra, não? Não era o mesmo Pedro. Aliás, vc acredita mesmo que o lorde chama Pedro?
Pedro, teria sido bom, não tenho dúvidas.
Bjs for all
Galera,
Essa confraria tá cheia de estórias para contar. Daqui a pouco podemos até escrever um livro com essas peripécias.
Abs,
DV
Patty,
Show de bola, guria.
Loved it: "Não posso olhar, não posso olhar". Risos.
Lembrei-me de uma coisa mais ou menos assim:
Não e não
Nem morta
Não quero
Não posso
Não devo
Hum...(suspiro)
Então tá!
(risos)
Beijos, amore! Muitos!
Caramba.. e eu aqui em SP?
bjs
Mara
Acabei de reparar uma coisa, ninguém se condoeu com a velhinha..
estamos ficando insensíveis? ou ela era o de menos mesmo, coitada.
bjs
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