janeiro 31, 2010

Maravilha


Ontem eu levei o irmão da minha filha, de 15 anos, ao seu primeiro grande show. E estreou bem, no Morumbi, com Metallica. Foi muito bom ver os olhos dele brilhando, descobrindo que suas tribos estão por aí e que quando se juntam podem existir momentos mágicos. Metaleiros ou não, estar próximo das pessoas com as mesmas afinidades já é um grande passo.
Hoje ele acordou com dor no pescoço e achou que tinha dormido de mau jeito. Não se lembrou, claro, do quanto jogou a cabeça de um lado para o outro. Mas super valeu a pena e fiquei feliz por ter estado ao lado dele.
Ainda curtia essa sensação quando ao ler meus emails agora há pouco veio o choque e a tristeza. Esse mundo virtual nos traz sempre a sensação de que algumas pessoas são os melhores amigos que não conhecemos. Mas sempre contamos com a possibilidade de conhecê-los um dia e não deixar que isso se equipare a algo como "o melhor show que eu não vi", "o melhor filme que não assisti", "o melhor livro que não li". E por aí vai.
Mas soube hoje que não conhecerei mais uma das melhores amigas que não conheci. Ela esteve muito por aqui, eu estive muito por lá, mas não nos cruzamos. Eu a admirava pela sinceridade que expunha nos seus textos, se apresentava como poucos, como quem não tinha tempo a perder. Era solidária, reconhecia as nuances de tristeza e desânimo, e comparecia como quem não quer nada, mas já dando uma força. Era alto astral e adorava desafios e a vida. Era querida em todos os lugares por onde passava. E por mim.
Mara, chamada de MaraVilhosa, guerreira, brigou muito para ficar por aqui. Mas já deve ter descoberto que também havia muita coisa boa a esperando. E, claro, deve estar fazendo uma festa em algum lugar. E não há como não dizer, leve e solta. Fique bem, querida.

Nothing else matters
Volto para uma bela música do Metallica, aqui acompanhados da Orquestra Sinfônica de São Francisco.
So close, no matter how far
Couldn't be much more from the heart
Forever trusting who we are
No, nothing else matters

janeiro 23, 2010

Kaos' ab


Minha cidade está suja. Ela estremece a cada trovão. Meu povo chora com a certeza de que ninguém vai se importar com suas perdas. Fica atônito com bairros alagados por semanas, com os ratos deixando seus rastros nas portas de suas casas. O lixo que se acumulou tantos meses faz seu estrago. Túneis que passam mais de 40 horas sem que ninguém consiga escoar a água que os inunda. Toneladas de alimentos estragadas. desperdício e prejuízos. Todos sabem que sair de casa se tornou um risco, sem hora para chegar nos seus destinos. E sem hora para voltar. Meus amigos ficam chocados com o que fizeram com esse lugar. Mas o que mais choca é a impunidade. Onde está a mídia que faz pose de combativa mas preserva tanto os (ir)responsáveis por esse caos, apadrinhados que são do senhor das trevas. Uma mídia que grita pela censura, mas não admite o que há de pior, o veto interno. E pensar que tanta água só está servindo para que poucos lavem as mãos. E, no final, a culpa é de Deus, que nos manda a chuva, ou do Diabo, que nos deixou cego na hora de escolher nossos caminhos? Triste fim para um lugar que eu tanto amo.