janeiro 31, 2008

Labyrinth Love

Eu não podia entrar em uma locadora que minha filha logo pegava esse filme. Era infalível. Esse vídeo é para ela, que passa uns dias na casa de mamis. David Bowie, rei dos Duendes, o máximo, como sempre.

Relax...


Está chegando a hora de todo mundo buscar seu relax..estrada, samba, praia. Que delícia.
Por medidas de segurança (financeira) e bem estar (mental), fico por aqui mesmo.
A foto é do André Pipa, de uma tarde tranqüiiiiiiiila na Praia Grande, em Sintra, Portugal.

janeiro 30, 2008

Poema

Eu hoje tive um pesadelo
E levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo
E procurei no escuro
Alguém com o seu carinho
E lembrei de um tempo

Porque o passado me traz uma lembrança
De um tempo que eu era ainda criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço, um consolo

Hoje eu acordei com medo
Mas não chorei nem reclamei abrigo
Do escuro, eu via o infinito
Sem presente, passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim
E que não tem fim

De repente, a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu há minutos ou anos atrás .

Ney, by Cazuza. Ou Cazuza, by Ney.

Tempo, tempo, tempo...

Quando eu era jovem tinha comigo que se existia algo democrático era o tempo, ele passa igual para todo mundo. Hoje, vejo que para algumas mulheres, pelo menos na aparência, não é bem assim. Para muitas, leia-se as de muita grana, o tempo não parece passar com a velocidade que passa para as demais, as menos abastadas, onde me incluo sem rancor. Já para muitos homens a aparência não parece importar tanto e as atitudes e o estilo lhe garantem, ou não, a jovialidade que lhe é necessária para agradar e encantar. O charme e a inteligência, amigos, não tem idade. Mas o que fazer quando alguém se recusa a envelhecer quando a olhos vistos isso já é uma realidade e, mais ainda, se agarra a estereótipos que não lhe servem?
Bom, tudo isso para contar o telefonema que recebi ontem de uma amiga que estava no aeroporto de Zurich, voltando de Davos. É preciso explicar que, como eu, ela adora U2 e nossa performance preferida sempre foi cantar e dançar Elevation. Foi minha grande companheira na
fila para a compra dos ingressos do primeiro show do U2 em São Paulo. A única diferença é que ela considera o Bono lindésimo e charmosésimo enquanto eu tenho uma queda pelo Larry Mullen Jr. Bom, essa mesma amiga em uma pizzaria em Davos, na segunda-feira, viu o Bono entrar acompanhado de um grupo de pessoas. Foi sua revanche já que em todas as outras coberturas de Davos ela não tinha conseguido ver seu ídolo. Mas, a máxima de que muitas coisas devem ser guardadas na imaginação valeu para isso.
Triste, ela me disse que ele aparenta estar mesmo velho, gordo, usa sapato plataforma e, mesmo assim, ainda é baixinho. Nada contra os baixinhos, acho muitos sedutores, mas sapato plataforma, faça-me o favor. Não bastasse, ela, quase chorando, me diz que ele pinta o cabelo de acajú. Meu Deus, Bono, acajú? Qualquer mulher da idade dele de bom senso sabe que se não quiser ficar parecendo com a legião de outras da mesma idade deve evitar o acajú. E pintar o cabelo?
Ele não precisaria ir tão longe para perceber que esse tipo de vaidade não leva a lugar algum. Era só olhar para seus próprios companheiros de banda, como Adam Clayton, que assumiu os cabelos brancos em um corte super bem feito, o que lhe confere um certo charme, ou o Edge, que adotou o gorro para esconder sua calvície mas apenas durantes os shows. Ou o Larry, bom esse é outro caso. Ser o vocalista tem um peso, sem dúvida, ele canta para muitos jovens, mas não precisa se parecer com eles em tudo, a própria música funciona como um antídoto ao envelhecimento, pelo menos de mente e alma. Já não é suficiente?
O relato ainda era mais dramático. Ele se comportava, segundo ela, como um velho babão dando em cima da lindésima rainha Rânia da Jordânia, que mais parece uma top model. E também se engraçava, ainda como um velho babão diz minha amiga, para todas as outras jovenzitas que o acompanhava. Bom, até aí ele deve achar que o peso de mega rock star deve ter alguma serventia.
Se o poder não serviu para conquistar as mocinhas pelo menos serviu para lhes garantir pizza. O episódio mereceu uma nota hoje na coluna da Sonia Racy e foi dado pelo olhar de outro jornalista que, provavelmente, não era apaixonado pelo Bono. Esse grupo de jornalistas brasileiros chegou a essa pizzaria e foi avisado que só poderiam pedir sopa já que o pizzaiolo tinha ido embora. Quando Bono, Rânia e cia chegaram as pizzas apareceram na mesa deles. Questionados, os donos explicaram que diante de tão ilustres fregueses nomearam, no ato, um pizzaiolo estreante. Cest la vie.
Bom, eu continuo fã do som do U2, isso não me afeta e aguardo com ansiedade o lançamento do próximo CD que, espero, tenha a mesma força do anterior. E o Larry, ah, esse é um grande exemplo de como o tempo pode ser favorável.

janeiro 29, 2008

Sexual healing

Para completar um pouco de Marvin Gaye, um pouco de Motown. Que voz, que ginga, que tudo.

De novo York

Voltando. Eu adoro conhecer lugares novos. Mas curto muito, muito mesmo, voltar aos lugares que eu gosto. Você já não carrega quele frisson dos roteiros turístico, da avidez de conhecer tudo, todos os pontos badalados do lugar, a longa lista de imperdíveis. São passeios muito diferentes e por mais que você não conheça bem a cidade, já tem uma noção do que esperar. E daí é só percorrer tudo com mais calma, com uma atenção um pouco diferente.
Minha volta a Nova York foi rápida, mas muito divertida. A cidade está muito mais relaxada, você não sente a ameaça de recessão nas ruas, as pessoas estão lindas, alegres e mesmo o frio não parece atrapalhar as noites lotadas, os restaurantes cheios e os teatros com lotações esgotadas. Essa viagem foi uma dos melhores roteiros grastronômicos que curti em NY. A começar pela Brasserie Les Halles, ligada ao chief Anthony Bourdain. O cardápio traz comidas francesas clássicas, saborosíssimas, combinadas com um ambiente informal e preços acessíveis.
O DB Bistro Moderne também é ótima opção, se bem que preços mais salgados. Mas ele é parte de uma tendência dos grandes chiefs de ampliarem as opções com a abertura de restaurantes mais acessíveis que também se tornam um bom lugar para treinamento de novos chefes de cozinha. O Bistro é do chief Daniel Bouloud que mantém um dos, senão o mais, caros restaurantes de NY, o Daniel. Além do Bistro, também abriu o Café Boulud e o Boulud Brasserie. O Bistro Moderne traz um cardápio mais criativo, misturando a tradição da cozinha francesa com ingredientes e sabores americanos.
Mas o restaurante que eu mais curti tem na cozinha chefs menos badalados, os donos Vongerichten and Gray Kunz que fizeram do cardápio do Spice Market um show de combinações apimentadas de vários ingredientes, como coco, limão e muito chilli, mas mantendo a base da cozinha tailandesa. O lugar fica em um antigo mercado que foi redecorado com peças asiáticas, iluminação bem dosada e uma linda escadaria no meio, coberta de pequenos lustres. O banheiro é um caso à parte, lindo. Os frequentadores também dignos de atenção, gente muito, mas muito bonita, descolada e transada.
Eu fui nessa viagem como convidada e pude desfrutar de tudo isso porque, vamos combinar, a noite nova iorquina, bem vivida, continua sendo muito cara. O bom é que a cidade oferece opções para todos os bolsos e muita coisa acontece no seu bairro, na sua esquina, sem que você precise pagar muito por isso. E com a atuação cotação do dólar, os preços ficam bem mais acessíveis. Juntando com a grande liquidação de inverno, têm muitos brasileiros comprando, comprando, quase como o tempo que os argentinos vinham aqui e diziam "de me dos". Não foi o meu caso, com o meu cartão de crédito congelando na minha bolsa.
Dessa vez não tive problemas com malas achadas no quarto, mas me esbarrei com uma situação um pouco estranha no hotel. Uma amiga minha comprou na Amazon um cinto com garrafinhas de água para suas corridas e um top e mandou entregar no meu quarto no hotel. Ninguém achava isso lá, foram dois dias procurando. Até que a própria Amazon deu o nome de quem assinou o protocolo de entrega do cinto no hotel, um polonês de nome estranhésimo. Achei o polonês, lindíssimo por sinal, e ele procurou, procurou, até que chegou com o cinto nas mãos, sem caixa, sem nota fiscal, sem nada, perguntando: é isso? era. Mas o que aconteceu? ele disse que eu dei sorte de eles não terem jogado fora, mas o pacote chegou uma semana antes e como meu nome ainda não constava no sistema, a segurança abriu o pacote. Ou seja, eles acharam que alguém mandaria uma bomba em meu nome? Cruzes, sai para lá.
A viagem também serviu para me lembrar como eu odeio a American Air Lines. Nunca me dei bem com essa companhia aérea e acho que na proposta de emprego lá os caras já jogam o formulário na cara dos entrevistadores, grossos, o que deve lhes garantir a vaga. Cheguei hoje cedo, de um vôo lotado e cheio de adolescentes. Imaginem a festa. Mas sobrevivi e, apesar do pouco tempo, cheguei cheia de saudades da minha casa, das pessoas queridas, estou ficando mais melosa com o tempo.
Depois conto mais casos da viagem que teve lances divertídissimos entre Lalá, Lelé e Lili. E ainda a peça badalada no momento, Spring Awakening, uma versão de um conto alemão sobre a repressão que os pais e as escolas exercem sobre os adolescentes. Isso sem contar o Groove, escolhido por acaso no Village e que surpreendeu pelo som de alta qualidade. Valeu.
Ah, a foto é em homenagem à minha irmã, que ama o Klimt.

janeiro 22, 2008

janeiro 21, 2008

City Of Blinding Lights

Um pouco de U2 sempre vai bem. Quem sabe me inspira a arrumar a mala.

janeiro 19, 2008

Sábado de chuva, preguiça e ressaca. Força na peruca.

janeiro 18, 2008

Le Vent Nous Portera

Devo ter sonhado com Paris. Então um pouco de Noir Désir e vamos ver para onde o vento nos levará. E que não seja para o mesmo lugar que levou o Bertrand, o vocalista, que cumpre pena em uma prisão francesa. Mas esse babado não é nosso. Está aí uma baladinha francesa.

janeiro 17, 2008

Love of My Life

Podem dizer que é piegas mas esse lamento é tão dolorido, escancarado e desavergonhado. Quando escuto os primeiros acordes a minha respiração sempre altera. E adoro essa súplica na voz de Freddie Mercury. Vcs já pediram ao outro(a) que voltasse de uma forma tão desesperada? Ou escutaram algo assim? Bjs, amor.

janeiro 16, 2008

Sob o domínio do medo da mala

Hoje peguei meu passaporte novo que mostra que sou cidadã do Mercosul. Preferia ser do mundo mas como também sou muito tribal não ligo de pertencer a um bloco, mesmo que seja o mais inexistente, maluco e desestruturado de todos. Segunda-feira embarco para Nova York. Mas o que eu queria contar é uma experiência que eu tive há alguns anos naquela cidade e que me deixou quase paralisada de medo.
Eu passei uma semana lá com três adolescentes, minha filha, a melhor amiga dela que estava fazendo intercâmbio perto de Chicago e o filho de uma amiga minha. Foi uma das melhores viagens da minha vida. Eu já conhecia a cidade mas redescobrir tudo sob a ótica dos três não tinha preço. Andamos como uns desvairados por todos os cantos, tivemos situações divertidíssimas, hilárias, e exploramos tudo que era possível. O astral em NY era dos melhores e as torres ainda estavam lá, firmes e fortes.
Eu já estava lá antes de eles chegarem e enfrentava dificuldades para conseguir hospedagem para os quatro uma vez que era abertura anual da assembléia da ONU e estava tudo lotado. Eu achava que nessa ocasião lotavam os hotéis mais estrelados e descobri que não, as acomodações econômicas são as primeiras que escasseiam. Com a interferência da mãe americana da amiga da minha filha conseguimos um quarto no Hotel Roosevelt, bem localizado, com uma entrada linda, mas uma decadência só. Nos últimos anos ele foi remodelado mas naquela época era a base da hoje extinta Soletur e pouso certo para muitos latinos que iam em busca de aventuras e preços menos salgados. Nos instalamos os quatro em um quarto enorme e passamos uma semana maravilhosa.
No último dia que ficamos no hotel, a amiga já tinha ido embora, saímos os três para jantar e voltamos para o quarto exaustos. Eu fui tomar um longo banho e quando saí, quase duas horas da madrugada, decidi dar uma arrumada nas malas para o dia seguinte. Quando abri a porta do closet esbarrei em uma mala que, até então, não tinha visto. Acordei minha filha para saber se sua amiga tinha deixado aquilo ali, não. Acordei o amigo para saber se ele tinha comprado uma mala nova, não. Resolvi então olhar melhor o que era aquilo. Não era uma mala muito grande, um pouco maior que uma valise. Tinha o selo de uma companhia aérea preso na alça. Foi aí que comecei a desconfiar de algo muito errado. Era da Avianca, para quem não sabe uma companhia aérea colombiana.
Não havia cadeado e decidi abrir a mala. Ela não tinha uma peça de roupa sequer, um par de meia, um lenço, qualquer coisa que desse aspecto de pertencer a um turista . Nada. Tinha sim um envelope grande, amarelo, duro, preso ao fundo com fitas adesivas. Em cima desse envelope havia um outro preso com durex, branco e menor, com um endereço de Bogotá escrito à mão. Vocês conseguem imaginar o meu pavor com dois adolescentes no quarto e uma mala daquelas que, naquele momento, parecia que ia explodir na minha mão. Coloquei roupa correndo, tremendo, avisei minha sonolenta filha que estava descendo e fui embora, com a mala, para a recepção do hotel.
Quando cheguei lá dois recepcionistas, praticamente dormindo, levaram o maior susto quando joguei a mala no balcão e gritei que aquilo não era meu. Um segurança que estava próximo, acordado também pelo meu desespero, se aproximou. E fez o mesmo caminho que eu, olhou o selo, desconfiou, abriu e quando viu o conteúdo começou a chamar outros seguranças. O interrogatório, por incrível que pareça, foi curtíssimo. Quanto tempo você está no hotel, quando a mala apareceu, quantos estão no quarto, muito obrigado pode voltar a dormir. Voltar a dormir? Com uma sinfonia dessas na cabeça? Eu só pensava que quem colocou aquilo lá voltaria para buscar. Quem sabe até com metralhadoras. Arrastei a cama para a porta e passei a noite praticamente acordada, qualquer barulho no corredor me deixava em estado de alerta. No dia seguinte fomos embora mas como nosso vôo era só à noite ainda deixamos nossas malas no hotel enquanto circulamos pela cidade. Loucura? Hoje acho que pode ter sido, mas elas estavam bem trancadas.
Quando cheguei aqui levei a maior dura do namorado que disse que se a mala estivesse sendo rastreada eu poderia ter me ferrado ao deixar o quarto com ela e blá, blá, blá. Coisas que achamos que só acontecem nos filmes. Dava para entender o nervosismo dele. Eu tinha falado com ele de manhã, ainda do hotel, e até a gente desembarcar em Cumbica, no dia seguinte, ele não sabia se tinha havido desdobramentos. No final deu tudo certo e com o tempo isso virou uma história até que divertida. Falando sobre isso um dia desses com uma amiga jornalista, que por sinal viaja comigo na próxima semana, ela não se conformava por eu não ter aberto o envelope para ter certeza do que era. Talvez se eu estivesse sozinha, mas não naquelas circunstâncias.
Bom, de qualquer forma voltar para NY é sempre emocionante para mim que gosto muito daquela cidade. A última vez que estive lá o 11 de setembro já tinha acontecido e, pela primeira vez, vi muitas bandeiras americanas em vários estabelecimentos, coisa inimaginável anos antes quando, acima de tudo, ela era uma cidade do mundo. Vou a trabalho porque se dependesse da minha conta bancária, no momento, não iria muito longe. Como costuma dizer minha mãe (sobre os outros, claro, nunca sobre sua própria família) come sanduíche de mortadela e arrota peito de peru. E ela nem imagina o que estou preparando para fevereiro. Que seja e vamboralá.

janeiro 15, 2008

Right To Be Wrong

Tão falada por aqui, a maravilhosa Joss Stone. That´s all.

janeiro 14, 2008

Viver sem licença

Vou contar para vocês o que se passa no íntimo de uma transgressora. Quase nada. Eu, pelo menos, vivo a maior parte do tempo relaxada, sem culpa, o que talvez se deva à minha enorme (maior do que a devida) capacidade de abstração. Sigo escutando minhas músicas, no volume alto, cantando e muitas vezes até dançando. Mas, de repente, uma freada mais brusca, alguém entrando na sua frente sem dar sinal, uma manobra um pouco mais arriscada, daí você se lembra do perigo. Ou, mais precisamente, que eu não tenho mais habilitação para dirigir. Não por minha escolha, eu preferia fazer tudo legalmente. Mas, a soma de pontos em sua carteira é um processo que (quase) está fora do seu controle. Falar no celular ao volante? Foram poucas vezes, mas sempre teve alguém por perto para morrer de inveja porque você tem amigos, compromissos, tem com quem falar enquanto ele está ali, plantado, na frente de todo mundo, com aquela roupa marrom horrorosa, derretendo de calor e sem poder falar com ninguém. Todos passam e olham feio para ele. Judiação. Estacionamento proibido, quem há de me culpar com a falta de vagas que vigora nessa cidade? Estacionar um metro da calçada -- meu deus, onde foi que eu fiz isso, pelo que entendi foi na rodoviária quando deixei minha mãe no desembarque --, bom, isso deixa para lá. Mas sabe o que me pegou mais, a droga de um totem, na entrada da cidade onde mora minha mãe. Bobeou, chegava a foto da traseira do meu carro que tinha passado, pouquinho mas passado, os 40 quilômetros permitidos. E eu tomava o maior cuidado, mas lá vinha a foto. A traseira do meu carro parecia a da Beyoncé, flashes para todo lado. Até que minha filha, a sensata, me disse: mãe, você já reparou que tem um na saída? Meu deus, ele está praticamente na estrada.
A meu favor tem o fato de que não tenho falta gravíssima, não passei farol vermelho, não corri na cidade e não fiz sei lá o catso que é considerado um horror. Mas a soma, essa velha soma que também castiga meu cartão de crédito, acaba te pegando. Foi assim que com 25 pontos somados eu vi a minha habilitação ser levada de mim, meu nome no Diário Oficial e o caramba a quatro. Não achem que sou tão transgressora assim, não dirijo mais na estrada e na cidade só em caso de necessidade (o bom é que agora você é buscada em casa com mais freqüência). Mas eu sinto falta, adoro dirigir e não dirijo mal (milha filha não pensa bem assim, mas ela implica com bobagens).
Entrei com recurso contra a perda da carteira e contra algumas multas duvidosas. Vamos ver o que vai dar, conto depois. Mas, falando sério, já não falo mais no celular na direção, só em últimos casos, porque acredito mesmo que aquilo altera sua percepção. E a hora que voltar para as estradas vou prestar mesmo mais atenção, todo radar tem de ter muita sinalização avisando que no próximo quilômetro você será fotografado. Ai, mais essa.
Pior foi a promotora que bateu o carro com 99, noventa e nove para quem não entendeu, pontos na carteira. Meu Deus, onde essa mulher estava com a cabeça? Só vai aumentar a raiva na hora de julgarem os recursos alheios. Ah, dona promotora, vai atrapalhar a vida dos outros em Pequim desviando de bicicletas e aquele mundaréu de carros, ou na Cidade do México, um dos trânsitos mais caóticos do mundo. Me deixa em paz.
Sabe que no fundo acho que apesar de não ser bem administrado e existir uma indústria da multa a pontuação acaba nos levando a ter mais consciência, percebo isso nas poucas vezes que saio com o carro de casa. Aliás, esse caráter punitivo educativo já estava me pegando quando as multas começaram a chegar, mas já era tarde. Não sou uma maluca no trânsito, não saio costurando, correndo e não coloco a vida de ninguém em risco. Bati poucas vezes, só uma vez mais seriamente quando uma moça ultrapassou o sinal vermelho e me pegou. Mas nem foi minha culpa, vamos combinar. Ok, aprendida a lição, dá para julgar o meu recurso rapidinho? Se der mole, sou capaz de já ter cumprido o prazo da punição sem ter recebido a sentença. Fala sério, não sei até quando consigo abstrair tudo isso.

janeiro 13, 2008

Não esquece de fazer um 21

Ontem eu me dei conta como estamos adquirindo alguns vícios de comunicação sem entender direito o que absorvemos. Ou seja, automático ligado. Estava na casa de uma amiga com mais dois amigos depois de uma happy hour na Vila Madalena. Embalados, começamos a assistir -- nem sei se esse é o verbo adequado já que todos falavam ao mesmo tempo -- um DVD da Amy Winehouse, provavelmente um dos últimos shows que ela conseguiu concluir antes da rehab.
Lá pelas tantas uma das minhas amigas e eu começamos uma discussão animadíssima sobre a Joss Stone. No meio de toda essa conversa -- se é que pode se chamar conversa já que as duas falavam ao mesmo tempo --a outra amiga chamou a atenção da que discutia comigo sobre alguma coisa do DVD . Ela, sem perceber que estava sendo avisada sobre o trecho que ela mesma disse que queria ver e envolvídissima na discussão, respondeu automaticamente.
-- Espera um minutinho que eu já te atendo.
E fez o sinalzinho dos dedos simulando um telefone.
Eu ainda tive tempo de ver o choque na cara dos dois que estavam sentados do outro lado. Passado o susto, a reação veio em seguida e a discussão sobre isso foi longa.
-- Nunca uma amiga minha, na minha frente, me pediu para esperar na outra linha.
A que colocou a outra na linha de espera negava que a tivesse transferido para a linha 2 e tentava explicar que estava discutindo um outro assunto e, sem notar, ainda procurou voltar para a pobre Joss Stone para não perder o fio da meada. Os outros dois se revoltaram e reagiram ainda mais veemente. "Só faltou você dizer que liga depois". "Ou pedir para deixar recado na caixa postal". E por aí afora. Ela ainda poderia ter dito que mandaria um torpedo assim que estivesse disponível. Daqueles, ligue agora. E eu, que não tinha dito nada, ainda levei a culpa de ser má influência só pelo fato de que escrevo sobre telecomunicações. O que tem uma coisa a ver com a outra não iria conseguir entender naquela altura do campeonato. Pouco se conseguiria entender de tudo, diga-se de passagem, já que a confusão (no bom sentido, já que eram todos muito civilizados e bem humorados) estava instalada. Eu tive dores na barriga de tanto rir. O ataque era consistente, dentro do possível, e a defesa não se sustentava muito. Realmente, eu fui testemunha. Não bastou a frase, depois te atendo, o sinalzinho do telefone com os dedos foi fatal. Haja vício, meu deus.

janeiro 10, 2008


Essa é uma forma meio exagerada de eu falar que ando querendo fazer uma tatuagem. Pequeninha, quase desaparecida. Mas acho que se a essa altura da vida eu não fiz ainda, não vai ser agora que vou fazer. Ao mesmo tempo vem a minha filha e diz, vai querer fazer na próxima vida? Vou? Essa foto não é linda? É do National Geographic.

De volta à vida

Foi um alívio geral hoje a libertação das duas reféns que estavam em poder da Farc, Clara Rojas e Consuelo Gonzáles. Acho que a saudação que Hugo Chávez fez a elas, bem-vindas de volta à vida, resume bem o que acontece com essas duas mulheres que viveram na selva colombiana desde 2001 e 2002. O encontro da mãe de Clara com sua filha me emocionou muito, fico imaginando que essa senhora deve ter sentido algo tão forte e indescritível para os que nunca imaginaram passar por situações parecidas. A história de Clara é dramática, foi sequestrada ao lado de Ingrid Betancourt, de quem era assessora em sua campanha para a presidência da Colômbia. Apesar de os guerrilheiros a terem liberado, ela preferiu acompanhar a amiga. Provavelmente não imaginava quanto tempo isso poderia significar.
Por razões de segurança, ela não vê Ingrid há três anos. Nesse tempo, Clara se envolveu com um guerrilheiro, Rigo, com quem teve um filho, Emmanuel, já em poder do governo colombiano. O seu parto, descrito no livro Últimas Notícias da Guerra, do colombiano Jorge Enrique Botero, ocorreu em meio a tempestade e bombardeios e foi ajudado por outros reféns. O filho foi afastado logo da mãe, entregue a um camponês que o encaminhou para um orfanato.
Consuelo só hoje pode rever suas filhas e conhecer sua neta. Ela ficou viúva nesse período de cativeiro. A família de Ingrid, por sua vez, continua aguardando por mais negociações que a possa tirar das mãos dos guerrilheiros, a exemplo das duas liberadas hoje. Ainda há muito mais gente no cativeiro que sonha com essa liberdade.
O interessante foi a descrição da despedida de Clara e Consuelo dos guerrilheiros, abraçadas pelas mulheres e cumprimentadas pelos homens. Toda a política que envolve essa questão não deve chegar nem aos pés do que se passa nas relações humanas nas precárias condições dos abrigos na selva onde nem mesmo o sol se arrisca a chegar.
Agora, é a vez dos ganhos políticos de cada um. Chávez, depois de tantos fracassos, conseguiu sua primeira vitória ao estar à frente das articulações para a libertação dos reféns. Uribe, o presidente colombiano, marcou seu ponto ao conseguir provar que Emmanuel não estava mais com os guerrilheiros e a libertação do menino, junto com as duas reféns, era uma falsa promessa. Promessa essa que Chávez botava a maior fé, acreditando que o menino estava mesmo em poder dos guerrilheiros. A Farc, essa é difícil saber se teve algum ganho político, mas um gesto de boa vontade sempre tende a marcar ponto, por menor que seja.
Há pouco mais de um ano, a mãe de Ingrid, Yolanda Pulecio, em uma entrevista, dizia que na Colômbia, "os governos não têm consideração com as pessoas mais necessitadas, muitos jovens aderem à guerrilha porque não têm direito à educação, saúde, porque não têm esperança. Há quem está metido nisso por causa do narcotráfico, é claro". Eita, difícil, não?
Com repercussão internacional, a liberação das reféns obrigou um contrariado porta-voz de Bush, ao parabenizar todos os envolvidos, ter de incluir nisso o presidente venezuelano. O governo espanhol, apesar das desavenças do rei com Chávez, se fez menos de rogado e mandou suas congratulações de cara.
Mas acima de tudo isso, fico pensando o esforço dessas mulheres em retomar a normalidade de suas vidas, com todas as marcas e pesadelos desses anos todos. Ou seja, de volta à vida. Brindemos com elas. E vamos esperar pelo filme.

janeiro 09, 2008

Guaranteed

Esse vídeo recém saiu do forno, é da trilha do filme Into the Wild, do Sean Penn, que está chegando nos nossos cinemas em breve. A música é linda, assim como a voz do Ed Vedder. É a sua primeira gravaçao solo. Vale conferir.

janeiro 08, 2008

Dont Know Why

Como errei no vídeo anterior, nada como colocar a Norah Jones de verdade. E uma música romântica já que o Martin Donovan está logo ali embaixo. E também porque I Don´t Know Why.

Alguma coisa está fora da ordem...

Estamos de volta e os amigos, em sua maioria, também. E, claro, é hora de contar tudo que rolou de interessante nessas mini férias, os lugares que cada um foi, os romances, os filmes e os livros. Meu pit stop foi ótimo, mas vou ficar com os livros. E um deles me chamou muito a atençao, assim como os livros anteriores de Irvin D. Yalom, psiquiatra americano que viu o choro de Nietzsche e ficou obcecado com o mundo negro de Schopenhauer. Eu gostei muito desses dois livros, principalmente "Quando Nietzche Chorou", onde voce esbarra em filosofia e psicologia o tempo todo. Em Mentiras do Divã ele me conquistou quando mostrou o que eu sentia, sem ter me dado conta, em relação ao meu ex-terapeuta. Ou seja, era mesmo desleal quando ele se protegia com os véus da neutralidade total, sem se expor em nada, enquanto eu escancarava minha alma.
Bom, nessa parada de final de ano eu li "O Carrasco do Amor", do mesmo autor, onde com um texto elegante e inteligente ele relata vários casos de pacientes e seu envolvimento com eles. Muito interessante, principalmente para eu entender como funciona a mente de um psiquiatra, nos seus mais ricos detalhes e cuidados. Como ele estuda a melhor forma de colocar um assunto para reflexao do outro, quais os caminhos disponíveis, o que é melhor evitar ou melhor seguir. Saber a hora de mudar rapidamente de rumo a fim de evitar algum enfrentamento desnecessário ou fora de seu tempo. Tudo que se voce tiver um pouco de sangue frio pode colocar em prática na sua vida. E os processos terapêuticos descritos nos levam a identificar muitos sentimentos e comportamentos nossos ou de pessoas à nossa volta.
O livro tem esse nome porque o psiquiatra-personagem começa suas primeiras narrativas falando porque ele nao gosta de trabalhar com pessoas apaixonadas: o amor e a psicoterapia são absolutamente incompatíveis. O bom terapeuta, diz ele, luta contra as trevas e busca a luz enquanto o amor vive de mistério e sucumbe a um exame mais detalhado. Uau, empalideci.
No meio dessa leitura fui assistir Meu Nome nao é Johnny. Gostei muito, o Selton Melo está ótimo no papel do garoto classe média que segue quase por acaso, inconsequente, o caminho do tráfico. Mas tem muito personagens importantes que ficam meio periféricos, como a mãe que ficamos sem saber detalhes de sua ausencia, o pai que nao explica a omissao e a juíza que tem um papel fundamental na história.
Mas, voltando à psiquiatria, tem um personagem no filme que é um psiquiatra viciadésimo, cliente do Estrela, o principalzão, que assusta até seus vendedores. Ele sai trincando e vai para seu consultório. E tratar da cabeça de alguém, procurando ser o mais impessoal possível. Dessa vez nao empalideci tanto, já conhecia casos parecidos.
Daí volto para Yalom, o psiquiatra-escritor. Ele chegou a colocar uma das melhores ironias sobre esse mundo em um livro, quando os próprios profissionais começam a discutir um recall com os pacientes de um cara que deu uma pirada meio brava. Poderia até ser o mesmo do filme.
Eu nao tenho nada contra a psiquiatria, algum dia pensei em ser psicóloga, e admiro muitos profissionais dessa área. A busca para conhecer ainda mais a mente humana me fascina e acho que tem muita coisa boa e interessante sendo feita nessa área. Mas que há muitos contrastes, isso há. E eu nem queria falar da psiquiatria, mas do amor que nao resiste à luz. Um psiquiatra me perguntaria o que me levou a escolher a paralela. Ai, sei lá. Mas nao se empolgue, nao sou tao óbvia assim.

Obs: 1) estou com problema na tecla de alguns acentos, se é que vcs ainda nao perceberam. Desisti de insistir no acento certo da tecla torta.
2) antes que me esqueça, o livro vale bem a pena.
3) nao me perguntem o que me levou a ficar quase quatro anos com um terapeuta que eu nem gostava. Mas se bobear, eu volto.
4) nao me perguntem o que a foto tem com o post, nada, eu só queria ele lá.
5) nao é a Norah Jones no vídeo lá embaixo, como bem observou Amélie.