abril 30, 2009

Pensar emagrece

Eu estou finalizando um projeto que pode acabar em livro. E que fará sucesso, com certeza. Mas vou adiantar umas partes aqui. Trata-se de uma dieta que se baseia no poder da mente. Como tive a idéia? As pessoas vivem me dizendo que para emagrecer você precisa comer de três em três horas senão seu organismo acha que você não irá se alimentar tão cedo e começa a armazenar gordura. Tudo que você comeu antes dessas três horas vai se transformando em gordura para você ter condições de enfrentar todas as intempéries que seu organismo imagina que virão pela frente.
Bom, se seu organismo acha isso então é porque ele tem pensamentos próprios. Ele “pensa”, elementar. Mas como você também pensa, então o melhor é tentar dominar o pensamento de seu organismo. É aí que entra a mentalização. Nela você vai imaginar durante o dia que toda caloria que você fixar seu olhar será absorvida. Esse comando será enviado para seu organismo que se prepara para receber aquela tonelada de alimento. Mas o truque é que você não vai fazer isso. Então seu organismo, que estava preparado para aquilo, vai ter de no final do dia dar descontos por calorias não ingeridas e é aí que você emagrece.
Ou seja, você pode olhar para um caldeirão de feijoada e mandar o recado: “vou comer tudo isso”. Mas é preciso olhar com convicção, para que ele acredite que você, realmente, vai comer tudo aquilo. Mas você só come um prato cheio e seu organismo vai ver que a conta não fechou e que é preciso tirar todo aquele excedente que estava no almoxarifado. As coisas ficam muito mais fáceis porque você vai emagrecer por cada caloria que você olhou, mas não comeu. Quanto mais você olhar, mais você emagrece, independente do que você comer.
Esse regime tem um problema porque vai exigir uma mentalização muito forte. Não se aplica, por exemplo, ao caso de uma amiga minha. Ela diz que faz tudo certinho, come pouco e tal. Mas que “engorda mesmo é na larica”. Aí não dá, está fora do controle dessa dieta. Sorry.

Virada

Quem vai ficar em São Paulo no feriado já deu uma olhada no programa da Virada Cultural? O problema da Virada é o tamanho dessa cidade. Como se você conseguisse ver o Jon Lord, ex-Deep Purple, tocar com a Orquestra Sinfônica Municipal (que isso?) na avenida São João, corresse para a ressurreição de Clara Crocodilo, no Teatro Municipal, seguisse para o show do Duofel, no CEU Vila Atlântica (onde será que é isso? ), conseguisse assistir Cachorro Grande no CEU Aricanduva, depois ao SESC Santana para ver Lenine, parasse no Villa-Lobos para o Patife Band, e voltasse para o Municipal para o Gismonti. Claro que sem deixar de dançar no baile da banda Glória no Museu da Casa Brasileira. E ainda parando para ver as inúmeras performances espalhadas pelas ruas do centro. E domingo, ai, tem mais.
Se bem me conheço, a tendência é ver uma ou outra coisa e depois ficar tomando chopp sossegada na Vila e vibrando com o que as pessoas chegam contando, eufóricas, de tudo que assistiram. Boa sorte.


Remix

Podem reclamar à vontade. Mas gosto desse remix que o inglês Thin White Duke fez para Viva la Vida, do Coldplay. Aquela mesma música que o Satriani disse que "quase chorou" quando ouviu porque era plágio de uma música sua. Um pouco de exagero, acho. Curtam e bom feriado.


abril 27, 2009

Amarelão

Eu encontrei no final de semana uma amiga de longa data. E me lembrei que durante uma época ela dizia que eu era fixada pelo amarelo. Eu tinha algumas coisas amarelas, mas daí a dizer que eu era louca pelo amarelo era muito diferente. Não era uma cor que, conscientemente, estava entre minhas preferidas. Ouro, talvez. Então, claro, neguei, neguei. Até um dia que ela me mostrou uma foto que tirou de mim e da minha filha na praia. Eu estava com um biquíni estampado que predominava o amarelo. Minha filha estava de maiô amarelo sentada em algo quase amarelo que devia ser minha canga ou toalha. Do lado dela uma sacola, vejam só, amarela. E um doce para quem adivinhar a cor do baldinho que ela brincava. Se a fotografia gritasse eu teria visto suas amígdalas.Tive de admitir, foi uma fase que, realmente, amarelei. Mas passou. E de repente me pego, agora, olhando bastante para o amarelo. Não sei o que isso significa, se é que quer dizer alguma coisa. Provavelmente nada, mas se for algo é bem provável que eu demore muito a perceber. Sabem aquela pessoa capaz de fazer terapia por anos até se dar conta de que não confia no terapeuta, que passa carnaval no Rio sendo tão pouca carnavalesca e aprende violão sem conseguir assistir um show inteiro do Yamandu Costa. That´s me. Por isso, a Life in color desta semana e do National Geographic. Pela cor, que é brilho, que é luz, e pela minha pasmaceira. Na próxima “encadernação” quero uma antena parabólica como item de série.

Mulher se protegendo do sol em Diafarabe, Mali. Foto de Michael S. Lewis
O reflexo de um barco em Quebec´s Forillon National Park. Foto de Michael Melford.
Um Plymouth e a casa colorida em Lanay City, Havaí. Foto de Jim Richardson.

Uma construção em San Miguel do Allende, México. Foto de Gina Martin.

A luz refletida nos vidros de uma escada na Universidade de Colorado. Foto de David Evans.
Outono em Whashington, DC. Foto de Stacy Gold.

Turista acidental, again.
Estamos de volta com o serviço de utilidade pública para os viajantes que caem de paraquedas no Wisconsin, no Arkansas, em New Jersey ou no Texas. Seja onde for sempre vai ter um cidadão simpatiquinho dizendo algo que você não "capta" na primeira hora. Provavelmente alguém que você vai querer matar em seguida.
Extheist - Aquele que cresceu em uma religião e abandonou a prática mais tarde. Não chega a ser um atheist, está mais para ex.
Blackburied -- É o que você se torna quando passa o dia preso no seu Blackberry tentando ler todos os emails que chegam.
Dejabrew -- Aquele estado que você começa a lembrar o que fez na noite anterior depois de tomar todas. Tem parentesco com o deja vu. E acho que podia ter uma variação para dejabeer.
Yellular -- Nada a ver com o yellow acima, vocês sabem disso. Está relacionado às pessoas que gritam no celular para tentarem serem ouvidas quando a conexão está péssima. E tem aqueles que gritam de qualquer jeito.
Por hoje é só.

Mix
Não, não, não é a tradicional viagem no submarino amarelo, nem a música que o Chris Martin diz que a Gwyneth Paltrow amarelou e tudo é lindo no amarelo, nem a incompreensível Yellow Lebetter, do Pearl Jam. É outra miscelânea.

abril 24, 2009


Não consigo pensar em nada a não ser o infame yes, weekend. E olha que a semana foi curta, mas cansou. Tudo muito caótico, um barulho danado das bombas explodindo no congresso, a gritaria da juizada, a terra tremendo a cada pulo do brameiro se preparando para a final, a gripe suína se espalhando no México, os piratas na Somália dando ultimato, e até a inglesa desacatando ordens oficiais de fazer menos escândalo durante o sexo e pronta para ir para a cadeia, se preciso for. Chega. Agora, que todos se enrolem, se embolem, curtam.

abril 22, 2009

À mestra com carinho

Há muitos anos, havia um lugar onde os professores da rede pública amavam o que faziam, tinham salários dignos e ajudavam na formação do caráter de pessoas dignas. Eles se dedicavam ao máximo pelo puro prazer de ensinar. Minha mãe, hoje aposentada, foi uma dessas professoras que conseguiu criar, bem, seus filhos e tem a gratidão de muitos filhos de outros.
Talvez por conta disso, presentes de alunos ou primos, não lembro ao certo, havia em casa um disco da Lulu cantando a música de "Ao mestre com carinho", filme com o Sidney Poitier no papel de professor enfrentando problemas raciais, sociais, econômicos, em sua sala de aula. Conheci a música antes de ver o filme.
Um dia desses vi que havia uma versão ao vivo de To Sir with Love com a Natalie Merchant, ex 10,000 Maniacs, e com o Michael Stipe, vocalista do R.E.M. O Orlando, gentilmente, conseguiu para mim. Vou colocar aqui para os que se lembram. E para aqueles que provavelmente nunca ouviram. Direto do túnel do tempo.
E tudo isso porque hoje é aniversário de mi madre/mestra. Que continua amando ensinar. Mas, agora, para poucos.

*Eu não baixei a música nesse serviço, já estava lá apenas como R.E.M.

abril 21, 2009

Volvox

Estou encantada com a descoberta dos cientistas da Universidade de Cambridge: algas de água doce que formam grupos que dançam em volta uns dos outros e são mantidos juntos apenas pelo fluxo de fluídos que eles criam. Os Volvox, organismos multicelulares têm dois apêndices parecidos com fios de cabelo nas pontas de cada células. Quando agitam esses apêndices a colônia toda é impulsionada no mesmo ritmo. Elas formam dois "estados de ligação", a valsa e o minueto. Outro detalhe interessante é que juntos os apêndices se assemelham aos cílios humano. Ou seja, as algas também sabem que dançando se mantém juntas, se mantém tribos. E ainda sabem dar uma bela duma piscada. Não é tudo?

Última esperança
Antes de colocar música para entrar nesse meio de semana dançando, vou registrar meu lamento. Não foi na reforma ortográfica que a expressão "quebrando paradigmas" foi abolida. Quando será, então? Eu achei que estava caindo em desuso, mas a resistência é brava.

Dance...
I don´t feel like dancing -- Scissor Sisters
Grace Kelly - Mika
Fun for me - Moloko
It´s a sin - Pet Shop Boys
Let´s dance - David Bowie

abril 18, 2009

Sem título


Estou sem voz. Então deixo por conta de Cat Power.E aproveitem bem esses dias de fuga, estejam onde estiverem. E que todos nós voltemos mais inteiros, honestos e corajosos. Hasta la vista.




Evolução
Melhor chamar os navios, eles foram capturados
velejando
Melhor chamar o capitão, ele foi capturado roubando
Melhor chamar porteiro, ele foi capturado nos deixando
Melhor chamar todos os garotos no convés, eles foram
capturados sem sentimentos
Melhor chamar o pescador, porque eles estão chegando em
terra
Melhor chamar o enfermeiro chefe, nos embrulhe, para
deitarmos no escuro
Melhor chamar com alguma resistência, a melhor maneira
para não sentir vergonha
Melhor chamar com alguma persistência, é a maneira que
você não sente nada
Melhor chamar a evolução, a melhor maneira de fazer
uma revolução
Melhor se decidir rápido
Melhor decidir despertar rápido

Mezza tradução by Terra

abril 13, 2009

Um bom mergulho

( foto de William R. Curtsinger)

Uma boa semana!

Sons
Oceans -- Pearl Jam
Oceans -- Suede
1000 Oceans -- Tori Amos
I´m the ocean -- Neil Young & Pearl Jam

abril 08, 2009

Novas rotas

Estamos na beira de um feriado e logo mais teremos outro. O serviço de utilidade pública desse blog resolveu deixar aqui umas dicas de viagem para os que querem conhecer lugares diferentes dos que visitam tradicionalmente. Mochila nas costas, disposição para o novo, atenção nos sinais do caminho, e boa viagem.

Ilha dos Bem-Aventurados
Situada no Oceano Atlântico com cerca de 800 quilômetros de comprimento, é habitada por um povo que se veste com lindas teias de aranha cor de púrpura. Apesar de não terem corpo podem se mover e falar com os seres mortais. Eles se parecem com espíritos nus, cobertos com uma teia que lhes dá a forma de um corpo.
A ilha é comprida e plana, governada pelo cretense Radamus. A capital é construída em ouro, com muros de esmeralda. Têm sete portas feitas de uma única peça de canela e as ruas que cruzam a cidade são de marfim. Há templos para todos os deuses, construídos de berilo, com altares feitos de ametista, usados para sacrifícios humanos; aconselha-se aos que facilmente se impressionam com a visão de sangue a não assistir às cerimônias.
Em torno da cidade correm vários rios: um de perfume delicado, de 15 metros de profundidade e facilmente navegável; sete de leite e oito de vinho.
(...) Os viajantes não encontrarão na ilha a escuridão da noite ou a luz do dia a que estão acostumados. A ilha está sempre no lusco-fusco, como se o sol ainda não tivesse nascido. É sempre primavera e o único vento que sopra é o zéfiro. O país é rico em todas as espécies de flores e todos os tipos de plantas: as videiras dão uvas doze vezes por ano. Macieiras, romãzeiras e outras dão frutos treze vezes por ano, porque no mês de Minossa frutificam duas vezes. O trigo produz pães assados, que crescem em suas pontas como cogumelos.
(Luciano de Samósata, Históricas Verídicas)

Fundos do Vento do Norte
Reino situado no deserto ártico a que se chega atravessando o corpo do Vento Norte, que fica em sua entrada. Três pessoas fizeram relatos diferentes sobre esse lugar. Durante, escritor do século XIV, afirma ter entrado por uma porta de fogo e ter visto um país onde tudo é perfumado e é sempre o mês de maio. Uma brisa suave sopra constantemente e um córrego límpido gorgoleja em meio a campos relvados, salpicados de flores vermelhas e amarelas. De acordo com o italiano, os habitantes são livres e saudáveis e usam coroas.
Séculos depois de Durante, a filha de um camponês escocês adormeceu num bosque e acordou no reino do Ártico. Ela descreveu uma terra onde não chove nunca e onde jamais sopra o vento, uma terra luminosa onde não há sol ou lua, noite ou pecado.
No século XIX um menino chamado Diamante, filho de um taxista londrino, foi transportado pelo próprio Vento Norte. Não viu sol, mas uma luz que parece irradiar de todas as coisas. Um rio corria sobre longas ervas ondulantes. Segundo ele, nada há de errado com o país mas, por outro lado, nada parece estar certo.
As pessoas do Fundo do Norte não falam: basta que se olhem para que se entendam. Segundo Diamante, as pessoas parecem felizes mas não o são totalmente. Elas tinham aparência triste às vezes como se esperassem ser mais felizes um dia.
Avisa-se aos viajantes que o tempo passa muito devagar no reino: uma semana, às vezes, parece durar um século inteiro.
(George Mcdonald, At the Back of the North Wind)

Porta no Muro
Entrada para um jardim que muda de lugar, onde tudo é lindo e todos se sentem perfeitamente feliz. Depois que se passa pela porta, que pode se encontrar em vários lugares do mundo, um caminho longo e largo, com canteiros floridos de borda de mármore em ambos os lados, conduz a uma moça alta e bela, de voz doce e agradável, e a outras pessoas também bonitas que divertirão os viajantes. (os homens se parecem com Martin Donovan e têm a voz de Eddie Vedder)*
A fauna do jardim é surpreendente: panteras pintadas, micos e periquitos. No jardim há um palácio espaçoso e fresco, com colunatas sombreadas e muitas fontes.
O viajante que descobre a porta do jardim se encontra geralmente diante da escolha entre comparecer a um compromisso importante ou entrar nesse reino das delícias. Contudo ele deve ser advertido de que depois de certo número de visitas esse jardim de êxtase pode se transformar em seu túmulo.
(H.G. Wells “The door in the wall”)

-- Essas e outras dicas de lugares fantásticos podem ser encontradas no Dicionário de Lugares Imaginários.
*por minha conta.

Flight of Icarus, by Iron Maiden

abril 05, 2009

A cartomante

Eu ando pensando, insistentemente, em como posso reforçar meu caixa. Essa busca me levou a uma cartomante. Não lembro quase nada do que ela disse sobre o meu futuro. Mas fiquei pensando em como ela aliava intuição e observação para captar o perfil (o básico, já que em uma cartomante ninguém quer se aprofundar mesmo) das pessoas que a procuram. Na verdade, percebi que a leitura não é das cartas, é do rosto, do olhar, das mãos. E, de quebra, das roupas, do cabelo, tudo que puder dar uma dica sobre aquela pessoa. Ou seja, o que todo mundo já dizia sobre as cartomantes. E, no fundo, todo mundo traz um pouco das respostas dentro de si.
Bom, comecei a achar que eu tinha as qualidades de uma boa leitora de faces e estilos. E, para me aprimorar, também aprendi o básico da leitura das cartas. E, pronto, acabava de ser criada a Madame Diphusa, a seu dispor. Uma amiga decidiu me dar uma força e mandou uma conhecida dela me procurar.
Clima todo armado, uma canga bem bonita na mesa, incensos, velas. World Premiere. E lá estava eu pronta para dar todas as respostas para a minha primeira cliente.
Eu gelei quando a mulher entrou. Enquanto servia um chá verde e conversava sobre trânsito, essas coisas, tentava, sem muito sucesso, decifrá-la. Maria Eulália parecia uma esfinge. Mas ainda tinha esperanças que ela se revelasse mais nas perguntas.
Como não quero ser uma fraude, decidi colocar aqui o que foi minha primeira experiência. Claro que isso vai fazer com que a clientela desapareça, dado o fracasso e o vexame. Mas, vejam só, nem fui tão culpada assim.

-- Vamos lá, Maria Eulália. Antes de cortar, me diga o que você deseja saber.
-- Eu preciso saber se algum dia as comparações deixarão de me assombrar.
(Whaaaaat?)
-- Como assim?
-- Eu conseguirei ficar livre delas? Ou elas, definitivamente, estão impregnadas em mim e farão parte da minha vida?
-- Bom... sabe...é que....então...veja bem.... que diabos você está falando?
-- Da essência do ser humano, comparar.
(Segura o palavrão, Patty)
-- Mas acho que as comparações são feitas para que possamos fazer escolhas, não? Você compara livros, filmes, músicas, carros, roupas, sei lá. É uma forma de você decidir o que é melhor.
(Péssimo!)
-- Mas em relacionamentos elas mais atrapalham que ajudam. Se você não tem boas memórias dos seus últimos envolvimentos tende a idealizar o próximo. Mesmo que o upgrade não seja muito grande. Ou pior, se encontrou algo que se aproxima de tudo que queria, e não ficar com essa pessoa, você se condenará à solidão por achar que nada será igual.
(Caramba, o que eu fiz para minha amiga? Porque ela quis se vingar de mim?Será que foi aquele batom da MAC?)
-- Bom, vamos tentar a La Jack. Você sente que está sendo comparada a alguém?
-- Devo estar. Quem não está?
(Boa pergunta)
-- E você quer saber se isso deixará de acontecer? Então não é melhor você falar em que circunstâncias isso acontece?
-- Todos os dias, provavelmente. Mas não é isso que me incomoda.
(Ai, quem me dera)
-- Não? Então o que te incomoda?
-- São as minhas comparações. Elas se tornaram cruéis e não dão a menor chance para o conhecido, imagine como tratam o desconhecido.
(Droga, tentei estrelar "O Mentalista" e acabei fazendo uma ponta em "Em terapia")
-- Que tal nos aproximarmos mais do assunto, quem sabe chegaremos à pergunta mais adequada para as cartas. Você está comparando quem?
-- Todos. Eu busco a perfeição em todos.
(Ai,ai, tolinha)
-- E de que tipo de perfeição você está falando?
-- O encaixe total, absoluto. De corpo e alma.
-- Você já viu isso de perto?
(Que cor será que tem?)
-- Em alguns momentos. Foram poucos, talvez, mas suficientes para me cegar. Agora, não enxergo mais nada. Tudo parece menor, opaco.
(Meu deus, deveria ter cobrado mais caro)
-- Bom, você quer saber então se vai conhecer alguém? É isso?
-- Não, isso pode acontecer a qualquer momento. Eu sei disso. O que eu quero saber é se serei capaz de deixar o novo entrar na minha vida sem que minhas lembranças o soterrem.
(Santa mãe, alguém tem o telefone do Quiroga?)
-- Claro que vai.
-- Mas você nem colocou as cartas para fazer essa afirmação.
(Minha nossa senhora dos bons conselhos, compareça no guichê, por favor)
-- Minha amiga, nem preciso. É só deixar as portas e janelas abertas. Nada será imediato, mas aos poucos alguém vai entrar na sua vida, devagarzinho, tranquilo. A identidade e a intimidade chegarão gradualmente. E quando você menos esperar estará deslumbrada com tudo de bom que essa pessoa pode trazer para você.
(Salve o Seicho No Ie !!!!)
-- E se não der certo? Não vai só aumentar a sobrecarga de comparações que vou fazer no futuro? Será que esse não é o ônus das relações mais verdadeiras?
(É, minha filha, pode ser que uma hora você tenha de baixar o nível de exigências)
-- Não sei, mas em todo caso aproveite enquanto puder. Se entregue, seja feliz nem que só por alguns momentos. Isso já vale muito, não acha?
-- É, acho que o tempo nas relações tem outra medida. E meu receio é de que o meu já tenha sido completado com o que eu podia ter de melhor.
-- É, na verdade, pode ser. Desculpe, não queria ser pessimista. Mas ou você se submete ao tratamento do Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, e apaga tudo, ou segue em frente.
-- Mas eu não quero esquecer.
-- É, pelo jeito não mesmo.
(Nem eu iria querer, essa louca deve ter atingido o nirvana das relações)
-- Como?
-- Nada, deixa para lá. Mas não desista, mesmo assim.
(O que mais eu podia falar?)
-- Não sei...
-- Ah, mas se você vier a se interessar de novo por alguém preste um pouco de atenção....
-- No que?
-- Nas comparações que essa pessoa estiver fazendo. Podem ser fatais. E olha, nem vou cobrar a consulta, tá?

No divã
Por falar em Em Terapia, adoro essa série da HBO. E o Gabriel Byrne estava quase me convencendo a voltar para a terapia até que entrou em uma crise sobre a eficácia de fazer com que as pessoas mergulhem em seus conflitos. Enquanto ele não resolver essa dúvida, não faço nada.

Garapa
Seu notebook quebrou? Você vai ter de gastar uma grana que não esperava com isso? Ou vai ficar um tempo sem ele? O monitor do desk pifou, mais gastos? Tudo isso te deixou mal, derrubada? Com vontade de chorar? Vai então assistir Garapa, documentário do José Padilha, o mesmo de Tropa de Elite. Ele mostra três famílias no Ceará que vivem em extrema pobreza e o que dão para seus filhos comerem. Ou não. Só não sucumbem de vez por conta do que lhes chega do Fome Zero e de outros programas sociais. Nada que você não soubesse do problema mundial da fome, como lembrou Luiz Zanin Oricchio. Mas é um soco no estômago e na sua cabeça que dura duas horas. Muita gente pediu para sair.

Chico escancarado
Não precisava de mais motivo para amar Chico Buarque de Holanda. Mas ele ainda chega com o excelente Leite Derramado. Delírio dele, do personagem (Eulálio, pai da Maria Eulália), da história, e nosso. Vale cada palavra. Nada está ali por acaso.

Whaaaat?
Chamada na primeira página do Estadão: "Serra exporta projetos para Estados e prefeituras". Ou seja, foram distribuídos gratuitamente 7 mil CDs com cópia dos sistemas de pregão utilizado pelo governo paulista. E técnicos do estado estão por aí ensinando como implantar a nota fiscal eletrônica que tem milhagem. Meu Deus, o que as pessoas são capazes de fazer em semana que Lula reinou no G20, não?
O apego da família Mesquita a Serra não é de hoje. Eu mesma, quando trabalhei na firma, tive de entrevistá-lo várias vezes quando ele ainda era apenas um economista arrogante. E já demonstrava seu autoritarismo ao pedir, sem o menor pudor, a cabeça de jornalistas que não escreviam o que ele achava que era o certo. Eu, hem, sai para lá, quem gosta de vampiro é francine.

Every breath you take, by Police.


Come as you are, by Nirvana.
E o tempo voou, já são 15 anos que o cara desistiu. Uau !!

abril 01, 2009

Sem título

(by Thomas Alleman)

Sentidos
Tem sido recorrente a lembrança desse verso de Alice Ruiz, que me importam os sentidos se tudo vibra? E, mentalmente, tenho acrescentado, que me adianta ficar calada se a pele grita?

Que tal um kit?
Entre tantos assuntos que discuti com uma amiga que morou muitos anos na Califórnia, um foi o kit terremoto que as pessoas que vivem na beira daquela fenda são orientadas a terem para o caso de tremores mais fortes do que os que enfrentam normalmente. Há uma série de itens que passam por um galão de água por pessoa, no mínimo, barras de cereais, frutas que serão repostas diariamente até o momento necessário, cobertores, luvas, lanternas, velas, baterias, papel higiênico e outros produtos de higiene, remédios, estojo de primeiros socorros, rádios, e muitas outras coisas.
Isso, na verdade, me deu uma idéia. Montar esses kits com algumas adaptações para carros, acrescentando, por exemplo, carregadores de Ipods para os que não possuem a conexão direta, livros, DVD portátil com um pequeno acervo, cervejas, talvez, e no caso de chuva -- a lady sempre aparece, é bom lembrar -- pequenos botes infláveis. E comercializá-los desde já para serem utilizados no dia do congestionamento final. Porque parece consenso que ele está cada dia mais próximo, não? Acho que consigo uma boa grana.

Só um pouquinho mais...
Tudo bem que o momento exige algumas medidas mais drásticas para evitar o pior. Não quero discutir o mérito disso. Também não tenho a intenção de defender o cigarro, acho que faz muito bem quem não fuma.
Mas já que os fumantes vão ajudar a compensar a renúncia fiscal às montadoras e à construção civil não é hora de eles receberem um tratamento um pouco, quiçá um pouquinho só, mais adequado? Se vão gerar cerca de R$ 975 milhões a mais para a economia que tal terem, no mínimo, as suas alas nos restaurantes em lugares melhores do que aquelas foram colocados nos últimos anos? Ou fumódromos dentro das empresas e de alguns estabelecimentos que não lembrem uma pequena cela de prisão? Afinal, teremos mais carros e motos poluindo as ruas e mais prédios de alto padrão se espalhando por todos os bairros às custas dos bolsos deles, não?

Old habits die hard, com Mick Jagger e Sheryl Crown