dezembro 29, 2010

É o 11...

Sem dúvida, dezembro está sendo uma boa despedida de um bom ano. Apesar de alguns cristais quebrados no caminho, mesmo que valiosos por terem sido lapidados na era paleolítica, o saldo é altamente positivo. Um ano para lá de interessante e bem vivido. Além do mais, só de ver o alto astral da pequena Maitê, tão amada, já vale por tudo.
E para encerrar 2010 o revigorante ar frio e a energizante areia quente deram suas contribuições. Resoluções de ano-novo estão quase prontas. E são muito boas e ousadas.
Um ótimo 2011 para todos. E que o Nibiru comece a desviar sua rota para nos poupar em 2012. Cometas, só do bem.
Tim tim....



















O infalável

Eu conheci um israelense que morou tempo suficiente no Brasil para se casar com uma brasileira e ter um filho. Mas, por conta do trabalho, se mudou para Dallas, onde vive até hoje. Por conta disso, seu filho convive com o inglês de seus amiguinhos, mas também com o hebraico e com o português que seus pais fazem questão de falar em casa. Para agravar, sua babá é mexicana e não deixa de lhe ensinar algumas palavras em espanhol.

A dúvida do pai era qual língua o garoto consideraria a sua. Para responder a isso, ele foi aconselhado a esperar que o menino começasse a fazer contas. "Ninguém consegue fazer contas senão na sua própria língua", lhe disse um amigo.

Estou contando essa história porque ao criar um blog, eu achei que falaria de tudo que tivesse vontade, sem tabus. No entanto, me dei conta de que isso não é verdade, há alguns assuntos que não consigo sequer tocar. Ou um único. E, de repente, descubro que isso acontece porque talvez, nesse caso, eu sinta em outra língua que não a minha, quem sabe polonês, grego, ou até javanês. Qualquer uma que eu não tenha vocabulário suficiente, ou nenhum, para me expressar.

Talvez porque tenha achado que tivesse colocado todas as minhas forças na tecla del. Mas, de uma forma ou de outra, tenha descoberto que não apaguei nada. Sim, memória afetiva tem poder e distribui bordoadas. Assim como elas nos presenteia com a redescoberta, a intimidade, o prazer, a paixão, o para sempre, ela traz gravada a desconfiança, o descontrole, a incompetência e a impossibilidade.

Talvez porque eu,inocentemente, tenha achado que pudesse continuar sonhando sob a luz difusa do abajur. Mas, no fundo, sabia que a hora que os holofotes fossem ligados, e mostrassem a histórica repetição de erros, não haveria muito mais o que fazer a não ser correr. Run, Lola, run...

Og allt vegna þess að þú hafir ekki trúa á þig, en ekki trúa mér. Ég get bara sjá eftir því og aftur að reyna að gleyma.

É ou não é difícil sentir em outra língua?

I won´t back down

Um clássico de Tom Petty and The Heartbreakers, com participação de George Harrison e Ringo Starr.

dezembro 04, 2010

Em boa companhia

Já aviso que esse é um post longo, assim quem não tem tempo a perder nem vá adiante. E vai começar contando que eu também gosto de viajar sozinha. Tem algumas desvantagens, mas tem muitas coisas prazeirosas. E que são meio óbvias. Como a maior parte do tempo a minha companhia são os meus pensamentos, tenho de tratá-los de forma mais adequada e intensa. E ainda há a chance de conhecer mais pessoas do que quando viajo acompanhada, afinal alguém sozinho aparenta fragilidade e quem observa não se sente tão intimidado de começar um bate-papo pois está livre do risco de uma rejeição, e de piadas, de um grupo. E a sensação de que vai atrapalhar é bem menor. Foi assim em todas as viagens que fiz desacompanhada, refleti mais sobre minha vida, tomei decisões importantes e ainda conheci pessoas interessantes, muitos meus amigos até hoje.

Menos dessa última vez, quando fui para a Patagônia argentina. E só fui perceber meio tarde que, na verdade, não fui sozinha. Voluntariamente, deixei Isabel entrar na minha viagem. E ela trouxe sua barulhenta, engraçada e dramática trupe. Só isso já ocupou boa parte do meu tempo, conhecer cada um deles e entender como suas vidas se transformaram nos últimos anos. Era fácil perceber a força da chefe do clã que, apesar de todos os problemas -- e não foram poucos nem pequenos -- manteve uma determinação ímpar de seguir em frente, guiada pelos seus sentimentos, pela sabedoria de lidar com o inesperado, pela magia, pela força da família e das amizades, por muita reza das Irmãs da Perpétua Desordem, pelo lúdico e um tiquinho pela razão.

Ela tem uma observação aguçada, alimenta sua memória com várias anotações e cartas trocadas com sua mãe, muita sensibilidade, bom humor e uma capacidade que parece inesgotável de se meter na vida dos outros, na tentativa de ajudá-los à sua maneira. A ponto de seu filho esconder a sete chaves sua certidão de nascimento para que ela não tenha acesso ao horário exato do seu nascimento, um dado que já não lembra mais, e mande fazer seu mapa astrológico com seu guru predileto.

Ela tomou tanto do meu tempo que mal percebi a armadilha que caí em El Chaltén e só fui entender que teria uma caminhada de nove horas pela frente quando o carro que nos levou até um ponto X do Parque Nacional Los Glaciares foi embora. E lá fui eu maldizendo a menina da agência que não entendeu o que eu quis dizer com "caminhadas lights", delirando com o guia sobre planos de montar uma agência de turismo patagônico que conteria apenas roteiros gastronômicos e passeios de helicópteros, e ainda me recusando a parar nos últimos miradores para tirar fotos já que havia um longo caminho pela frente e não poderíamos deixar a natureza nos distrair. Claro que acabei o trajeto completamente esgotada, sem conseguir dar um passo sequer e impossibilitada até de vencer o forte vento, ao lado de um guia que oscilava entre rir muito do meu estado ou ficar chocado com meus projetos mirabolantes.

Voltei para El Calafate, novamente absorvida por Isabel. E por Willie, Celia, Nico, Ernesto, Lorie, Sally, Tabra, e tantos outros que entravam e saíam a toa hora, de uma forma alucinante principalmente para mim que estava com os pensamentos no mesmo ritmo dos passos que dava no caminho que contornava o imponente Fitz Roy, um de cada vez. Mas não havia como não me envolver novamente, Isabel é uma exímia contadora de histórias, o que dava a impressão de que eu já conhecia todos eles há muito tempo. Me identifiquei muitas vezes, desejei ter a sua força, me emocionei, não pude esconder as lágrimas, dei muitas risadas, e, principalmente, não queria mais que eles fossem embora.

Mas eles foram justamente na véspera da minha visita ao Perito Moreno, o que me deixou ainda mais sensível e reflexiva. A visita ao glaciar foi mágica. Se eu não acreditasse no divino, ali eu passaria a acreditar. Nem preciso detalhar, muito já foi dito sobre aquilo, mas a força com que a natureza cria aquela montanha de gelo, como a empurra para a terra e depois provoca a ruptura, é de deixar qualquer um encantado. E cada vez mais consciente de tudo aquilo que deixamos de lado no dia-a-dia, a nossa insignificância, a temporalidade, e a importância de sabermos que o universo toma conta. E o próprio glaciar se encarrega de nos lembrar com o barulho imenso que faz cada vez que um bloco de gelo se descola dele. Os sons da Patagônia, aliás, nunca mais esquecerei.

Naquele mesmo dia fui jantar com um belga que conheci na visita ao Perito Moreno. Um cara muito interessante, engraçado, e um pouquinho mais vaidoso do que a cota normal de cada um. A conversa foi ótima, mas teve momentos que foram um pouco dificultados pelo fato de que minhas brincadeiras, se já não são lá essas coisas em português, em um inglês patagônico ficam completamente sem sentido. E nem todo o Malbec me ajudou a explicar para ele o que é uma planta dormideira. Será que na Bélgica não há plantas que dormem quando você canta, dorme, dorme, dormideira, para acordar na quarta-feira? Estranha Bélgica.

De volta ao hotel, ainda inebriada pelo vinho e pela força dos glaciares, desabei. E não apenas fisicamente, como era esperado. Meu emocional estava tão abalado quanto meus pés cansados. O que não saía da minha cabeça era a relação de Isabel e Willie. Trata-se do segundo casamento dela e o terceiro dele. Já estão juntos há muitos anos mas se tratam como recém casados, o que inclui dúvidas e devaneios. Mas contam com cumplicidade e companheirismos invejáveis. Teoricamente, já não precisam provar nada um ao outro, mas o fazem diariamente.

Por coincidência, o meu hotel estava tomado de casais bem mais velhos, o que dito por mim significa uma faixa mais adiantada mesmo. Como Isabel e Willie. E isso me tocou profundamente. Provavelmente eram casais que já passaram por inúmeras provações e continuavam juntos, alguns de mãos dadas, o que era lindo de ver, apesar de outros que mal conversavam, o que causava estranheza. Mas todos eles têm um passado juntos, envelheceram ao lado um do outro e, muito possivelmente, morrerão próximos.

Depois da morte do meu pai, com minha mãe ficando sozinha, eu havia esquecido como é isso. Se bem que, mesmo se não fosse isso, eles pertencem a uma época em que a envelhescência junta não incluía viagens à Patagônia. Tenho casais amigos que vivem relacionamentos mais ou menos definidos, alguns mais outros menos. Mas que, nos dias de hoje, não estão imunes a reviravoltas, infelizmente. Poderão visitar El Calafate daqui a muitos anos juntinhos, mas ainda correm o risco de que isso não aconteça. Claro que há os que possuem relacionamentos que você pode dizer que já poderiam marcar suas passagens, mas talvez só agora eu perceba essa diferença.

Aquilo tudo, na verdade, estava mexendo com coisas importantes dentro de mim. Eu invejei aquelas pessoas pela sobrevivência "do estar juntos". Isso é uma vitória a ser comemorada, não há dúvidas. Quantos projetam isso, mas quantos realmente conseguem? Eu já vivi muitos e muitos momentos como aqueles, amei muito e sei que fui muito amada, e talvez ainda seja, mas nada daquilo chegou comigo até a Patagônia.

E o pior é saber que, a essa altura, qualquer relacionamento que se inicia é, na verdade, um relacionamento que se inicia. Vai demorar muito para que um conheça tão bem o outro a ponto de saber quando é preciso deixá-lo sozinho, qual é o timing para ficar o lado, identificar uma frase inteira em apenas um olhar, segurar na mão porque sabe de sua emoção diante de um glaciar ou até lembrar que está na hora de tomar o remédio.

Bom, por conta da Internet esse momento melancólico não ficou apenas na Argentina e incomodou um thanksgiving na Califórnia, regado a tequila e tortilla mexicana. E o telefonema que recebi em seguida teve uma força restauradora. E nem foi o fato de a pessoa do outro lado tentar me dizer que eu poderia estar sensibilizada por aparências e não pela felicidade em si. Nem que minha liberdade de escolher o que quero e posso fazer pode valer ouro para muitos que se sentem aprisionados. Ou até que sou muito amada. Não, nada disso me convenceu. O que me devolveu a esperança do "estar junto", independente da forma, foi simplesmente a voz. Forte, segura e tão amada que conseguiu se sobrepor ao fato de que, naquele momento, faltava o toque. Guardadas as devidas proporções, era quase como ouvir de novo o grito do Perito Moreno. E me lembrava que há conexões na vida que não têm preço e estarão sempre com você. Mesmo que apenas no seu coração.

Ai, ai,, ai, Fitz

Essa foto do post é do Cerro Fitz Roy, mas não é minha. Ele passa a maior parte do ano coberto pelas nuvens, é muito difícil um dia que está totalmente visível. E, por incrível que pareça, ao sair de um restaurante eu consegui bater uma foto dele limpinho, limpinho. Ainda não baixei, uma hora coloco aqui. E isso foi na véspera de percorrer o estressante Sendero Fitz Roy onde me senti conectada, não exatamente no bom sentido, a todos os ossos e músculos das minhas pernas. Precisava?

Isabel

Quem quiser viajar com a Isabel, o caminho é "A Soma dos Dias". Em Buenos Aires, além de reencontrar rapidamente meu amigo belga, minha companhia também foi o sarcástico Tony, em "Em busca do prato perfeito".

Walking after you

O que mais poderia ser? Walking, walking...Foo Fighters

novembro 19, 2010

Ao gelo irás....


Enquanto todos estiverem ardendo com calor que deve fazer nessa parte do planeta, minha alma estará buscando iluminação, meu corpo uma lareira e minha câmera os melhores momentos. E do gelo voltarás, ainda mais quente.

In my head
Lá estava eu, vibrando, cantando, pulando, torcendo meu pé....mas feliz. Queens of the stone age, o melhor show do SWU.




Live and let Die

Lá estarei eu, vibrando, cantando, pulando, torcendo meu pé...mas feliz. Antes de partir para o gelo.

setembro 16, 2010

Che está entre nós

Meio cansadinho, com muitas olheiras, mas charmoso e gostoso. Che vive!

Última refeição

No feriado, eu peguei um vôo da Webjet que simplesmente freou no ar. Meus amigos dizem que a perda de velocidade repentina, por conta de algum problema, pode dar essa impressão. Sei lá, para mim ele freou. Imediatamente acenderam os avisos para colocar o cinto e até as aeromoças correram para suas cadeiras. Então, boa coisa não era. O mais engraçado é que você pensa quais seriam suas últimas palavras, ou, no caso, pensamentos. Eu só consegui pensar que não merecia ter como última refeição uma goiabinha Bauducco. Pobreza !

Dois amigos por um amor novo

Adoro pesquisas. Mas, sinceramente, nem sempre as entendo. A Universidade de Oxford, por exemplo, está me apresentando uma matemática meio doida. Segundo os pesquisadores de lá, a maioria das pessoas tem um círculo de cinco pessoas que elas encontram pelo menos uma vez por semana e com quem contam nos momentos de crise. Quando você começa a sair com alguém, esse número cai para quatro, porque você perde dois amigos e incluí o novo namorado, ou namorada, na roda. Esses dois seriam, dizem, um parente e um amigo. Ou seja, quando você iniciar um novo relacionamento já comece a pensar na escolha de Sofia que terá de fazer e quem deixará de lado, senão não cabe o novo affair. Não são estranhos esses ingleses?

Austrália?

Tenho visto muitas pessoas dizerem que diante do quadro eleitoral querem mudar de país. Eu também penso nisso às vezes, para falar a verdade. Só que os motivos talvez não sejam os mesmos. Para mim, se nos próximos quatro anos o tom da mídia permanecer o mesmo do que, tristemente, vejo agora, talvez a Austrália possa ser um lugar melhor para viver. Sem ter de conviver com factóides, apurações mal feitas e contraditórias, e com a falta de discussões sérias e sem rancor sobre o que o país precisa. Não que faça diferença, o Brasil vive um momento tão diferente e interessante que a mídia não está conseguindo acompanhar e está se descolando do seu papel. E é justamente isso que dá uma tristeza.
Bom, naquela ilha eu, de, quebra, ainda posso ficar quietinha em um canto da praia, vendo o balanço dos surfistas nas ondas e as pessoas alegres e felizes. Que nem pensam em se desgrudar da rainha, vejam só. Pelo menos lá mergulharei com verdadeiros, e talvez mais inofensivos, tubarões. É, talvez seja um bom lugar. E para os que se surpreenderem com minha fuga eu ainda posso dizer, "faz de conta que eu nem vim".

Honestly OK

Talvez a resposta não seja a mesma amanhã. Mas hoje, para quem perguntou, é essa. By Dido. Sorry.


agosto 23, 2010

Uau !!!


A situação é ruim, como sempre: repressão a um protesto estudantil em Valparaíso, no Chile. Mas a foto do Eliseo Fernandez, da Reuters, ficou muito boa.

agosto 22, 2010

Complexidade zero

Um dia desses, um amigo e eu conversávamos sobre vários assuntos, até que ele começou a falar sobre como o ser humano é complexo, mesmo que aparententemente simples. Eu pergunto, quase que distraidamente, qual o nível de complexidade que ele me atribui. E a resposta quase me derruba: zero. Zero?

Não faz o menor sentido. Se praticamente todas as teorias da personalidade existentes consideram que ela é algo complexo, como posso ser zero? Rindo, ele responde que, inacreditavelmente, é assim mesmo. Ou seja, se ele escrevesse um livro em que a trama é totalmente influenciada por perfis variados e ricos, eu nem figuraria ou seria a personagem saltitante, sem nada a acrescentar ao enredo. Depois de falar de pessoas que convivem com inúmeros conflitos, com muitas dúvidas, com o ciúmes, com a inveja, com o ódio, com a fraqueza, com a paixão descontrolada, com os vícios, com a sensação de rejeição, a de se sabotar continuamente, dos complexos de alta e baixa, dos desejos proibidos e inconfessáveis, e uma série de outras coisas, lá estaria eu no final, a simplesinha, a bobinha, a alegrinha, a superficial, a desinteressante. Feliz da vida, enquanto todos se matam.

Eu me senti a própria inspiração de Kurt Cobain quando compôs Dumb. Só me restava protestar, mesmo sabendo que se o julgamento é esse, não há muito o que fazer. Mas apenas o fato de aparentar esse zero complexo deve representar um desvio gravíssimo, não? Muito, mas muito difícil de entender. Ou então, de repente, sei lá, posso descobrir que não tenho tolerância a tirar zeros. Esse pode ser o detonador de uma personalidade múltipla e enlouquecedora.E sabe-se lá que monstro pode sair da caixinha. Bom, qualquer coisa, vocês já sabem a quem culpar, não?

Californipot

Muita boa a maneira que a Califórnia decidiu sair da crise: liberando geral a maconha. E você, californiano, como vai votar no plebiscito dia 2 de novembro?

Fica quietinho...

Alguém sabe o que Bush está fazendo? Poucos. Nesse ponto o dumb mor parece ter sido mais esperto que seu "amigo" de guerra, Tony Blair. Não é que o cara resolveu escrever suas memórias e, com isso, relembrou todo mundo das mentiras que contou para justificar a presença da Inglaterra no Iraque? E a imprensa britânica só falta fazer um movimento "por que não te calas" para o cara. Aliás, ex- "o cara".


O massacre do "serra" elétrico

Uma vitória de Dilma no primeiro turno pode colocar o futuro político do senhor das trevas em uma situação muito complicada, não há dúvida. No entanto, ao contrário do que dizem, ele não estará só se esse cenário se confirmar. Perde a grande imprensa também, que mais uma vez está recebendo um aviso de que se foi o tempo em que conseguiam eleger um presidente pelas páginas de seus jornais ou até com a edição tendenciosa de um debate. Nem todo o bombardeio durante o governo Lula tirou do presidente os altos índices de popularidade. E nem toda a campanha quase explícita a favor do candidato do PSDB parece evitar que ele sofra essa humilhação. E, se nada mudar do que vimos nos últimos oito anos, ficaremos mais quatro sem uma oposição inteligente e disposta a pensar no país e sem um debate adequado dos meios de comunicação social.

Ela está chegando, não percam...

Grande Erykah Badu, a realeza do R&B, está chegando ao Brasil. Em São Paulo, show no dia 29. Ainda bem que a condicional que ela está cumprindo por ter tirado a roupa para um clipe (foi o que coloquei aqui há algum tempo) não prejudicou sua turnê. Não percam. Eu estarei lá !!!

agosto 13, 2010

Um fotoblog rápido

Eu substituí minha velha Olympus por uma Canon com um pouco mais de qualidade de imagem e mais zoom óptico. E saí por aí testando que nem uma doida. Agora, só falta o curso de fotografia para entender melhor a luz, principalmente, e outras coisas que fazem uma boa foto. Mas farei logo, daí vocês que me aguentem.































agosto 04, 2010

Engole essa risada !

Não tenho dúvida de que sempre é melhor rir. Mas me lembro bem da situação que minha mãe me disse "engole essa risada", da mesma forma que outras mães diziam com o mesmo ar autoritário, "engole esse choro". Ela havia se recusado a ser minha professora no primário, provavelmente porque achava que a primeira filha mimada se transformaria rapidamente no primeiro monstrinho da sala de aula. E ela seria obrigada a ser mais rígida e me dar castigos exemplares. Acho que tinha certa razão em preferir que eu me tornasse um monstrinho, o que já parecia inevitável, nas mãos de suas colegas.

Mas, durante um prova conjunta das duas salas, a minha e a dela, ela foi praticamente obrigada a se contradizer. Havia uma menina que estudava comigo, Angelina -- lembro o nome, vejam só, mas nem pensar em lembrar seu rosto -- que era boa aluna mas passava por momentos complicados. Sentada atrás de mim, ela não conseguia fazer a prova. Minha professora estava preocupada e pediu à minha mãe que "sugerisse" que eu a "ajudasse". Falando claro, que passasse cola ou soprasse as respostas no seu ouvido.

Minha mãe, para não contrariar a amiga e sabendo dos problemas da minha colega (que até hoje não tenho ideia quais eram, mas imagino que deviam ser graves), acabou cedendo. Ela praticamente sussurou o pedido de ajuda no meu ouvido. Minha primeira reação foi "ahnnn?", e a segunda, depois de confirmar que era aquilo mesmo que eu tinha entedido, uma tremenda gargalhada. Foi daí que veio a ordem "sutil" para que eu parasse de rir e fizesse o que tinha de fazer. E, mordendo os lábios, tratei de ajudar a menina.

Nunca mais tocamos nesse assunto, mas acho que no fundo minha mãe sabe que o meu lado B, totalmente desregrado, teve início naquele momento e com aquela frase.

A risada sempre foi uma companheira e uma encrenca na minha vida. Na verdade, muito mais companheira do que encrenca. Me trouxe descontração, leveza, alívio, esperança, mas me colocou em situações complicadas. Por força das circunstâncias do tal amadurecimento e das necessidades, aprendi, mais ou menos, a "engolir a risada". E quem diz o contrário não sabe o quanto poderia ser pior.

Não sei se por conta da idade, do avózinato, ou de outras coisas, percebo que a risada anda bem mais solta, o que é um bom sinal. Desde que mantidas as convenções, óbvio. Claro que quando o motorista do táxi me diz que a mulher no Irã iria morrer apedrejada porque "adulterou" o marido, não há como segurar. Mas gargalhar sozinha em um restaurante com o texto sarcástico de Anthony Bourdain já causa esquisitice. E não conseguir parar nem com os olhares indagadores, nossa, meio doida. Quem está acostumado a ver uma pessoa rindo sozinha mal conseguindo comer seu sushi?

Mas o pior mesmo são as situações sutis. Aquela em que as pessoas estão se levando tremendamente a sério, mesmo escancaradamente caricatas. Ou te dando conselhos, com a melhor das intenções, mas sem qualquer ligação com o seu mundo. Ou com o mundo de qualquer um. Nessas horas, a boa educação diz para você fazer de conta que não está percebendo e seguir adiante. Mas como fazer isso com o risômetro aberto? Lembre-se do que sua mãe lhe ensinou.

Algumas situações podem fazer com que você passe por insensível, mesmo que não seja verdade, por má educada, pode ser, por prepotente, nem tanto, ou por idiota, o que não é o caso. Enfim, por nada que você gostaria que lhe fosse atribuído ou que fosse revelado.

Há ainda as escolhas que você faz e não consegue mais se desvincular delas. Ao encontrar um cara interessante, que não conta piadas, porque nem gosto, mas me faz rir com observações inteligentes e sagazes, a entrega só não é imediata, porque há outros pontos a serem pesados, mas é mais que meio caminho andado. E se no relacionamento ele some, te deixa plantada porque tem compromissos que acha mais importante do que estar com você? Não faz mal. Se for esperto, sabe que uma declaração inesperada e divertida pode lhe render muito mais do que qualquer explicação mal estruturada. Está ciente de que te fazendo rir, o que não é difícil, o cenário muda completamente. E a canção continua no ar até que você não veja mais graça e de um basta de vez.

Não estou com essa bola toda para rir à toa. Mas, no fundo, gosto de saber que há mais leveza para essa espontaneidade. Mesmo que haja um preço a pagar. Bom, esse é mais um post do blog-terapia que, como qualquer análise, só interessa ao analisado. Sorry, o José Simão tem blog, é bem mais divertido e te faz rir facilmente.

Transformers

Como não rir de um filme cujo título é "Transformers, a vingança dos derrotados"? Não assisti nenhum deles, se é que são vários, mas imagino que o anterior foi um sucesso inesperado para os produtores que, obviamente, ficaram doidos por uma continuação. Mas os roteiristas, deduzo também pelo título,encerraram o outro filme com uma vitória massacrante do bem, seja lá quem eles forem, e,dessa vez, precisaram recorrer a todos os artifícios para promoverem uma nova batalha com os quase dizimados. Que, por sinal, devem perder novamente, porque, elementar, meu caro, não dá para os "derrotados" retornarem e sairem vitoriosos, não? Em Hollywood, uma vez perdedor, sempre perdedor. E se o foi problema da tradução do título, o espírito permanece. Bom, não vi e não verei, nem para saber se é isso mesmo.

A sombra do vento

Imperdível. Quem ainda não leu,vale a pena. O catalão Carlos Ruiz Zafón faz um passeio magnífico por vários gêneros, entrelaçando histórias e estilos na Barcelona da década de 40. É daqueles livros que você não vê nenhum problema em varar a noite lendo e lamenta quando acaba. Não foi à toa que Zafón foi considerado uma das maiores revelações literárias dos últimos anos. Confira. (eu havia chamado de A sombra do Tempo, mas atento Chorik me alertou para o erro).

Mais essa?

Uma sessão mulherzinha rápida, o Javier Barden precisava ainda ser o primeiro da lista dos homens mais bem vestidos da Vanity Fair? Era mesmo necessário? Só falta ser bem humorado, afe.

Naperville

Quem mora em Naperville e passa por aqui? Fique à vontade, mas eu fico curiosa.

Use what I got

Uma performance de Lucy Woodward no Joe´s Pub, em Nova York, parte do Public Theater. Está aí um lugar que eu quero ir. Fica aberto a semana toda e sempre tem performances e shows, às vezes até três por noite. Para quem está por lá, fica na 425 Lafayette Street. Beba e dance por mim.

julho 21, 2010

A paixão de Isabel


Vale a pena. É ótimo. Tem legendas em português no item subtitles.

julho 13, 2010


Sei, o dia é do rock. Mas prefiro me despedir do grande Paulo Moura.

julho 08, 2010

julho 07, 2010

Verão chinês

Haja piscina para tanto calor e tanta gente. Essa é na província de Sichuan.

julho 06, 2010

Pobre Lucas...

O Mick Jagger continua liderando os trending topics do Twitter, e além de todos as maldições dos brasileiros, ganhou a curiosidade dos twitteiros de outros países. "Porque Mick Jagger tem sido o assunto mais comentado?", começaram a se perguntar todos aqueles que não moram no Brasil, não acompanharam a Copa, e não sabem da fama de pé gelado do sir Jagger.

Então, até que alguém explicasse, começaram a surgir vários comentários do outro lado: "quantos anos ele tem? 200?", "ele trocou a vida de roqueiro pela vida eterna?". Para alguns foi até um alívio e mesmo sem saber o motivo concordaram que se ele é o número 1 no microblog, e não foi por ter morrido, ainda há esperança no Twitter. E assim ele tem se mantido em evidência nas redes sociais, provavelmente contra a sua vontade, já que não precisa desse tipo de publicade.

No Facebook, surgiram fotos de todos os lados com camisetas da campanha presidencial. Ora apoiava a Dilma, ora o Serra. Como a que publiquei aqui (e lá, rs). E não faltaram as piadinhas, "ele declarou ser corintiano", "vamos torcer para você não ficar grávida, disse a Luciana", e assim por diante.

O Dunga e o Felipe Melo, agradecem, claro. Se nós, brasileiros, conseguimos achar uma vítima para dividir a culpa com eles, nada melhor, não? E mesmo a demissão sumária de toda a equipe técnica, que deveria ter sido comemorada com um "já vai tarde" ao som de vuvuzelas, acabou dividindo o espaço com o pobre Mick.

Na verdade, ele foi apenas um bom pai que levou o filho para ver futebol. E o menino Lucas, esse sim a maior vítima, deverá enfrentar uma barra quando voltar às aulas. De fogo amigo a inimigos declarados, além de uma nação inteira que sempre vai olhar torto para ele. Não dá nem para convidar o pai para assistir a um jogo seu no colégio, imagine a reação do time.

Está certo que os presentes e a mordomia devem ter compensado, e a mãe ainda deve fazer um trabalho "psicológico", talvez dizendo que não passam de um bando de pobres recalcados e recalcados pobres. Mas criança é criança, vale o dia-a-dia e a crueldade dos coleguinhas. Nada, claro, que uma estadia em Londres não resolva.

A única esperança de Mick sair de evidência é se a tal de Riquelme, que também esteve nos trendig topics, cumprir sua promessa de tirar a roupa, mesmo com o Paraguai perdendo. Ou seja, ela ia ficar nua de qualquer jeito.

Apenas as crianças choram...

Ainda no rescaldo de Copa, me partiu o coração quando minha sobrinha me disse, com uma carinha emocionada, que chorou muito quando o Brasil foi desclassificado porque "sentiu uma dor muito grande". E ela assistia o jogo com todos os aparatos, roupas, presilhas, vuvuzela e até um colarzinho com a bandeira. Não chegou ao desespero do Salomão, no Youtube, que ao lado de outras meninas que estão chorando, faz um berreiro danado. Ao ser consolado pela mãe, que lembra 2014, ele, dramático, diz que pode morrer até lá e então nunca verá o Brasil campeão.

Eu fiquei pensando que talvez uma forma de dar mais seriedade à seleção brasileira na Copa de 2014 seja a de fazer uma promoção para que apenas crianças assistam aos jogos do Brasil. Estádios lotados de crianças, todas de verde e amarelo, gritando, chorando, rezando, cantando. Com essa torcida, será que veríamos de novo a papagaiada do jogo com a Holanda? Duvido.

Índio?
Acho que o senhor das trevas está precisando mais é de um pajé.

Take it easy
Como essa Copa me deixou muito reclamona, um pouco de relax com Mika.

junho 29, 2010

O Diniz escrevendo seu futuro?

Eu sempre penso que vou ficar completamente alheia quando começa uma Copa do Mundo. Normalmente não acompanho futebol, então por que me envolver? Mas é só começar que lá vou eu de novo. Tanto que já estou torcendo para acabar logo e eu ficar livre dessa praga por mais quatro anos. Mas acontece cada uma nessa competição...

Só faltava a eliminação de Portugal para que o futuro proposto pela Nike desabasse. O último astro da milionária campanha "escreva o futuro" que ainda estava na Copa, Cristiano Ronaldo, aquele que só joga com seu ego, como diz Veríssimo, foi mandado hoje de volta para casa. Os outros que faziam parte da campanha, o italiano Cannavaro, o francês Ribery, e o marfinense Drogba, saíram na primeira fase, e o inglês Rooney, resistiu só mais um pouco. O único latino da campanha, Ronaldinho Gaúcho, nem foi para a África do Sul. E a América Latina emplacou quatro times entre os oito melhores do mundo, vejam só.

Esse seria o mico número 1 da publicidade envolvendo a Copa do Mundo, não fosse a trapalhada homérica do anúncio do grupo Extra, patrocinador da seleção, na Folha de São Paulo. A situação ficou tão complicada que obrigou até um aparentemente constrangido, mas com certeza furioso, Abílio Diniz a se manifestar no Twitter, pedindo desculpas pelo erro e culpando o jornal pela troca de anúncios.

Um erro simples, quase banal para um país louco por futebol. O texto da propaganda do Extra, patrocinadora da seleção, dizia: “A ‘l qembu le sizwe’ sai do Mundial. Não do coração da gente.Valeu Brasil, nos vemos em 2014". E, sempre é bom lembrar, ‘l qembu le sizwe’ quer dizer "seleção" em zulu.

Bobagem, não? Depois de Diniz falar que estava tão indignado quanto os brasileiros que leram o anúncio, a Folha divulgou uma nota onde diz que o erro foi do comercial da empresa, não da redação. Dos jornalistas é que não seria, nem precisava falar, não?

Pés frios e gelados

Foi forte a campanha para que o Mick Jagger não fosse ao jogo contra o Chile torcer pelos brasileiros. Depois de ele assistir a desclassificação dos Estados Unidos, ao lado de Clinton, e da despedida da Inglaterra, passou a ser considerado o maior pé frio. Mas parece que quem tem pé gelado mesmo é o Eddie Vedder, do Pearl Jam, que antes do jogo postou no twitter um pedido de desculpas aos brasileiros pois ele iria torcer para seu querido Chile. Agora, quem sabe ele se lembra das suas felizes passagens pelos coffee shops de Amsterdã e resolve torcer pela Holanda, não?

Maradona

Por mais que fiquemos irritados, ele é o cara. Montou um time e tanto, que deve dar medo aos adversários só de olhar. Não com uma técnica impecável, mas com talentos, garra, e uma vontade alucinada de ganhar que dá a impressão que eles até crescem quando entram em campo. E o técnico baixinho não se intimida por nada, encara todo mundo de frente, pula, grita, e não se constrange nem um pouco em dar beijinhos de comemoração nos jogadores. Uma figura.

War

Li em algum lugar mas não consigo lembrar onde, então me perdoem a falta de crédito. Mas a frase é brilhante. "Objetivo da Copa 2010: eliminar a Europa, Ásia e um terceiro continente à sua escolha".

Vivo

Os espanhóis do grupo Telefónica torcem para que a vitória da seleção espanhola hoje, mandando os portugueses para casa, seja uma prévia do que vai acontecer amanhã em Lisboa, quando o conselho de administração da Portugal Telecom vai discutir, mais uma vez, a proposta da empresa pela compra da totalidade das ações da Vivo. Em um esforço de última hora, a Telefónica elevou a sua oferta para garantir o controle da Vivo para 7,15 bilhões de euros. Os portugueses resistem. Não sabemos ainda como se comportará a arbitragem....

Cristo Redentor

A reinuguração do Cristo, amanhã, promete ser um belo espetáculo. Com as cores verde e amarela, claro.

Memórias de outra Copa

Na Copa de 2002 assisti a maior parte dos jogos em Londres e apenas os dois últimos, inclusive a vitória sobre a Alemanha, em Amsterdã. Foram momentos inesquecíveis.

Eu guardei a tabela que veio junto com a Time Out e a atualizava a cada jogo. Por conta disso, me tornei um figura popular na escola onde estudava, já que alemães, italianos, franceses, portugueses, coreanos, japoneses, colombianos, venezuelanos, argentinos, mexicanos, suíços, sei lá mais de onde, e até os ingleses, sempre procuravam " a brasileira que tem a tabela" para saber quais seriam os próximos jogos dos seus times.

-- Aprendi rápido que não devia perguntar a um latino, com exceção dos argentinos, para quem eles estavam torcendo quando a disputa envolvia algum time latino. "Para os latinos, claro", sempre respondiam, com olhar de espanto por eu não saber disso. Tentei adotar essa prática, mas balancei um pouco hoje no jogo com o Japão, afinal temos aqui a maior colônia japonesa, não?

-- A comemoração dos ingleses no dia que eliminaram a Argentina demorou um dia inteiro. À noite ainda estavam de porre, dançando pelas ruas. Impressionante. E eu guardei o tablóide, cuja capa era a foto de uma cobrança de falta em cima dos argentinos, e o título, "não esqueçam a bagagem de mão".

-- Triste ver um italiano sentado na escada, chorando pela eliminação do seu time. Debulhando em lágrimas, sem qualquer constrangimento.

-- Para os mexicanos, nada poderia ter sido pior do que terem sido eliminados pelos Estados Unidos. Inconformados.

-- Passando em frente a um irish pub à noite, e vendo vários irlandeses com suas bandeiras, cantando e dançando, fiquei em dúvida se tinha visto certo o resultado do jogo deles com a Espanha. Não, eu estava certa, os espanhóis venceram e eles foram desclassificados. Mas iriam beber de qualquer jeito.

-- Véspera do jogo Inglaterra X Brasil, pub cheio e a certa altura descobrem que sou brasileira. Recebo Guiness de graça e muitas provocações, do tipo, vamos ganhar porque o Ronaldo sempre treme em final. Petulante, como toda brasileira até prova em contrário, só respondia que havia um erro na análise deles, aquele jogo não era a final da Copa, apenas a final para eles. Claro que só falava isso porque estava acompanhada de um inglês que por mais que não concordasse, também não reclamava. E fomos embora bem rápido.

-- Mas, infelizmente, para um inglês fanático nem um affair com uma brasileira pode resistir à vitória do Brasil, desclassificando o seu time. Ele leva dois dias, pelo menos, para voltar a falar com ela.

-- O israelense em Amsterdã, quando descobre que sou brasileira, me convida insistentemente para assistir à final, com meus amigos, no seu café. Ele queria muito estar ao lado de brasileiros quando a Alemanha fosse derrotada. Ele acertou o resultado, só não estávamos ao lado dele. Mas imagino como comemorou.

Tonight
Para começar a me desapegar desse mundo futebolístico, nada melhor do que voltar ao mundo musical com a sueca Lykke Li. Ela é ótima.

junho 21, 2010

Dungóides e tablóides

O clima de Copa do Mundo deixa todo mundo alterado, sabemos. O jogo do Brasil com a Costa do Marfim foi uma prova concreta. Não é preciso entender de futebol, como é o meu caso, para saber que a tão temida "retranca" dos marfinenses não passava de pura truculência. Para piorar, um juiz francês babão, que perdeu o controle e se mostrou incapaz de apitar um jogo desse tipo, fazendo uma besteira atrás da outra, uma inclusive nos beneficiando. Seu desempenho se somou ao triste papel que os franceses estão fazendo nesse Mundial. O Brasil jogou melhor, ganhou, e tudo poderia ficar só na alegria.

Mas, infelizmente, à truculência se soma a falta de educação e, nesse ponto, ficamos devendo para o mundo todo. O ressentimento de Dunga com a imprensa, e seus palavrões, não são novidades, mas foram o ponto baixo da coletiva de imprensa após o jogo. Depois de provocar o jornalista Alex Escobar, da Globo, ele passou a sussurrar palavrões, feios mas até infantis, sem perceber (ou até sabendo disso) que os microfones estavam abertos. E foram traduzidos para toda a imprensa internacional.

Não conheço o trabalho de Escobar, mas não há muita defesa para o papelão do técnico. E mostra mais uma vez o seu baixo nível. Bastava ter dito, jogamos melhor que os adversários, jogamos melhor que o último jogo, podemos jogar ainda melhor, a expulsão do Kaká foi injusta, o outro time pegou pesado, o que fizeram com o Elano foi um absurdo, eita arbitragem ruim, ou qualquer outra coisa relativa ao jogo. Já não estava de bom tamanho?

Isso só mostra um cara completamente desequilibrado, que não consegue nem relaxar e curtir a alegria do momento, esquecendo da imprensa, dos elefantes, das zebras, do escambau. Ninguém quer um lorde de técnico, mas não precisamos de um ogro. Com uma legião de Dungas falando, acho que prefiro o som das vuvuzelas.

Porque não te calas?

Ao ouvir declarações desse tipo, não há como não pensar, por que não te calas, Dunga? E é aí que mora um outro perigo. Dá para entender o entusiasmo do alcance da campanha "Cala a boca, Galvão", ecoando no exterior e mostrando a forte participação dos brasileiros no Twitter. Mas acho que é preciso tomar muito cuidado porque ao lado de uma saudável manifestação coletiva há um nível de autoritarismo que pode ser reproduzido facilmente.

E isso, para mim, esteve explicíto no título de um artigo da revista Época, "Cala a boca, Dilma". Como alguém pode pedir a uma candidata à presidência da República que cale a boca, justamente em um momento que todo o Brasil precisa que ela fale para, a partir daí, decidir seu voto? Se ela vai falar um monte de bobagens, que as diga, assim fica mais fácil para o Senhor das Trevas, não? Que, com certeza, tem o voto do articulista em questão.

Curtas

Vamos aos alhos e bugalhos desse Mundial, porque, afinal, ninguém é de ferro e ainda estou tomada pelo espírito World Cup:

-- Drogba foi um dos poucos marfinenses que não aderiu à pancadaria. Ufa !!

-- "Ei, pare com isso, mão de Deus só tem uma". Foi assim que o diário argentino Ole bombardeou as declarações de Luiz Fabiano sobre o gol que, como ele reconheceu, teve"mão santa". E só faltou o jornal dizer que se Deus é brasileiro, como gostamos de falar, as mãos dele são argentinas.

-- Paris não merece. Triste a faixa dos franceses durante o jogo do Brasil, pedindo à sua seleção que respeitem os torcedores. E Ridéry ainda declara, emocionado, "o mundo está rindo da França'. Não, querido, não está rindo. Está chocado. E sobrou cabeçada até para o Zidane.

-- Bonitinhos, mas ordinários. Não consigo pensar em outra frase para o resultado do jogo da Azzurra com o time All White. Triste Itália.

--Por falar em neo-zelandeses, a torcida daquele país devia estar embalada com muito mais que amor ao time. Nem o "frio senegalesco" impediu que eles tirassem a roupa, homens sem camisa e mulheres de top. Impressionante.

junho 18, 2010

Sem perder a lucidez

"...Todos os seres têm de morrer, disse Pedro, os homens como os outros, Morrerão muitos no futuro por vontade de Deus e causa sua, Se é vontade de Deus é causa santa, Morrerão porque não nasceram antes nem depois..."

Trecho de O Evangelho Segundo Jesus Cristo, o livro que fez eu me apaixonar por ele. Brilhante.

Foto de Sebastião Salgado, tirada em Lanzarote, onde Saramago viveu e morreu.

junho 16, 2010

Quem sabe o Herchcovitch faz melhor...

Até um belo casaco de Herchcovitch consegue ficar estranho quando se trata de Dunga. Alguém disse que o capitão Nemo não via a hora do jogo acabar para pegar o casaco de volta. Outro que ele se vestiu de Corto Maltese e levou os jogadores por uma navegação meio estranha. Quem sabe se o estilista der alguma orientação técnica ajuda nos próximos jogos?

As luvinhas de Kaká também não convenceram. Um ano sem Michael Jackson? Ou o pobre estava com 39 graus de febre que nem as corridas pelo campo esquentaram suas mãos? Estranho ele estava mesmo.

E a Jabulani, não acabou sendo solidária? E as vuvuzelas que obrigaram os comentaristas esportivos a usarem microfones especiais para abafar o barulho. Muito curiosa essa Copa.

Mas o bom mesmo é assistir ao jogo com uma mesa farta de frango com pequi, canjiquinha, bobotie, a comida preferida do Mandela, e biltong. Tudo a cargo de Tita, do Canto da Vila Madalena.

Claro, ouvindo boas histórias das amigas. E uma vez ou outra alguém (mulher, ok?) gritando, vai mocinho. Afinal, quem é obrigada a saber o nome de todo mundo?

Lakers

Melhor, mesmo, foi a vitória do Lakers no sexto jogo da final, empatando o placar com o Boston Celtics e obrigando o sétimo, e último, jogo. E em Los Angeles. Dá-lhe Kobe Bryant e Pau Gasol.

Há um bom tempo, eu assisti um jogo no Staples Center, em Los Angeles. Lakers X Rockets, do Texas. E com direito a Jack Nicholson gritando na quadra como se fosse um técnico. Ao lado de Denzel Washington. E Magic Johnson jogando. Inesquecível.

Amor

É muito difícil descrever a nossa emoção quando a gente tem um filho. Você acha que talvez não alcance um sentimento daquele de novo em sua vida, a não ser, claro, quando tiver outro filho, o que não foi meu caso. Mas quando você vê pela primeira vez a carinha de um neto, compreende que sim, é possível viver aquela sensação de novo. Um segundo depois de olhar aquela carinha, tudo que você consegue pensar é, meu deus, há quanto tempo que te amo. E imediatamente você perde a compostura e a dignidade e se transforma em uma babona completamente ridícula. Me aguentem. Maitê, minha paixão, merece.




Casa nova

Sumi daqui. E sei que ninguém sentiu falta. Mas foi um período muito interessante, de grandes transformações e mudanças. Para começar, mudei de casa. Agora, moro ao lado de um parque onde adoro caminhar, escutando música, olhando o belíssimo lago, e às vezes sentar na grama para ler um livro. Ainda há muito em transformação, mas tudo acontecerá no seu ritmo. Por enquanto, apenas respirar.