agosto 30, 2009

Avenida Paulista

Um início de noite de domingo, voltando de uma tarde deliciosa no Vanilla Café.












O banco do constrangimento

A idéia parecia boa. Reservar um lugar no metrô para os bem mais cheinhos. Mas a situação, com o banco para os obesos, está beirando o ridículo.

Cena 1 - A mulher chega e, sem perceber, senta no banco dos gordinhos. Quando ela se dá conta do aviso começa a olhar dos lados, constrangida. Torce para entrar alguém que, comprovadamente, seja mais gordo que ela. E entra. Ela deixa o banco correndo e cede espaço para o jovem japonês, bem farto de gordura. Mas ele, escutando seu MP3, ignora completamente a gentileza e permanece de pé, mesmo com espaço disponível. Bom, ela se livrou do problema e os olhos dos demais se concentram nele. Muiiiiito chato.

Cena 2 - O cara, também distraído, senta no banco dos obesos. Ele era magrinho e percebe, pelo espaço, que tem algo errado. Acha o aviso da destinação daquele banco. Próxima parada, entra uma senhora bem baixinha e bem gordinha. Ele, prontamente, cede o lugar. Ela olha feio e sai resumungando. O magrelinha não sabe o que fazer, todos olham para ele como se tivesse cometido uma grande ofensa, e ele continua de pé. Desce correndo na estação seguinte. Vai ver nem era a dele. Chato demaiiiis.

I miss you when you're gone

Eles também estão voltando a tocar juntos, depois de sete anos, e terão uma turnê pela frente. The Cranberries.

agosto 26, 2009

Avanti !!!!

Hoje bem cedo o Telecine Cult passou o delicioso Avanti, de Billy Wilder, que aqui recebeu o acréscimo no nome de Amantes à Italiana. Com Jack Lemmon e Juliet Mils, conta a história do executivo que vai à Itália para buscar o corpo de seu pai que faleceu em um acidente de carro. Lá ele descobre que o pai não estava sozinho e sim com uma amante com quem ele se encontrava há 10 anos. Todo verão eles passavam um mês inteiro namorando, ouvindo música, nadando, tomando vinho e se amando. Em meio a várias situações que revelam o contraste do jeito italiano de ser e a babaquice do americano, ele conhece a filha da amante. E entende melhor o que se passou com o pai.
Meu ex gostava muito da proposta embutida nesse filme. Um amor que se renova a cada ano e que guarda o melhor que um relacionamento pode ter, sem o peso do desgaste, da rotina e do distanciamento. Ele chegou a me propor que se um dia não estívessemos mais juntos, poderíamos adotar uma data para nos encontrarmos e revivermos a nossa história. No entanto, acho que uma situação como essa não se propõe depois de um tempo juntos sob o mesmo teto.
Bom, tudo isso para contar que sempre é bom rever esse filme. E hoje pensei que a idéia pode ser muito boa, desde que efetivada no timing certo.
Quem não viu o filme, vale a pena. É uma comédia romântica muito boa.

Epic
E porque eles voltaram e vão comemorar meu aniversário com um show em Porto Alegre, um pouco de Faith no more.

agosto 23, 2009

Viagem X Direção

Como não estou dirigindo, não me afeta no momento. Mas o serviço de utilidade pública desse blog mostra um vídeo alemão bem ilustrativo sobre as 10 drogas que você não deve usar antes de dirigir. Quem já conhece, sorry. Quem não viu, prestenção !!!Dica do Fernando.

agosto 21, 2009

Back2black


Não, não é nada sobre o álbum de Amy Winehouse. É o primeiro festival BacktoBlack que vai acontecer de 28 a 30 no Rio de Janeiro, na estação da Leopoldina. Ótima programação musical e de debates. Tem show de Youssou N´Dour, na foto, com participação de Marisa Monte. Cantor e compositor senegalês, ele participou nos 70 da Star Band. Hoje tem sua própria banda mas tem gravações com inúmeros músicos, como Bruce Springsteen, Peter Gabriel, Nenneh Cherry e Sting. Mas não para por aí e o festival tem ainda Anjelique Kidjo, cujo disco Djin Djin ganhou o Grammy de World Music em 2008 e teve convidados como Alicia Keys, Joss Stone e Santana.
Quer mais? A cubana Omara Portuondo, que fez parte do Buena Vista Social Club, de Wim Wender, e já lançou mais de 10 álbuns desde então, um ao lado de Bethânia. A parte brasileira também está bem reforçada, com acústico de Gil, Marina Lima, Margareth Menezes, Ed Motta, Luiz Melodia, dona Ivone Lara e Mart´nalia.
Mas os debates não ficam por baixo. Bob Geldof, que eu acho o máximo. Ele é o organizador do festival Live Aid, mega show beneficiente para o combate da pobreza na África. E o cara que conseguiu convencer os membros restantes do Pink Floyd a darem uma trégua e fazerem uma apresentação conjunta. Sem contar todo mundo que ele conseguiu reunir.
Também vai estar lá o Breyten Breytenbach, o artista sul-africano que combateu o apartheid, foi preso depois de retornar à Africa do Sul casado com uma francesa, uma afronta na época. Foi solto depois de forte mobilização internacional. E Graça Machel, terceira esposa de Mandela e defensora dos direitos das mulheres e crianças.
Cansou? Tem mais. Um dos moderadores de debates será o escritor português José Eduardo Agualusa. E ainda o Gavin Hood, o cara que achou o pote de ouro ao dirigir X-Men Origins: Wolverine. Vale conferir a programação que ainda tem muito mais.
Eu estarei voltando do Guarujá então bem provável que não consiga ir para o Rio para esse festival. Uma pena. Quem estiver por lá, imperdível.

Yonou Deugue
Um pouco de Youssou em concerto na Bélgica. O vídeo dele com Nenneh Cherry, em 7 seconds, não estava disponível. Infelizmente. Nem o da Angelique.

agosto 15, 2009

Festival HH

Por mais que Hal Hartley não me ame, eu o adoro. Chego a imaginar um final de tarde em um café em Berlim, quando alguém me pediria emprestado o isqueiro. E a conversa que se seguiria poderia ser algo estranha para dois desconhecidos. Em meio a piadas e ironias, poderíamos ter uma profunda discussão filosófica sobre o café, a vida, o andar do cara lá fora ou como as relações humanas podem ser simples, se não forem complicadas. Ou ainda como a rapidez de julgamento pode ser uma arma. E, no final, descobriria que ele estava, na verdade, na esquina de sua casa.
Bom, tudo isso para contar que, cansada de procurar os filmes de Hal Harley nas locadoras, me rendi aos torrents. E fiz meu próprio festival Hal Hartley. Foram seis filmes seguidos, todos brilhantes. Trust, Flirt, Amateur, Simple Men, Surviving desire e The book of life. Todos com o alter ego de HH, Martin Donovan, com quem compartilho a admiração e, no meu caso, a paixão.
De todos, Amateur é o meu preferido. Donovan, desmemoriado, é um deslumbre. Consegue passar em um só personagem, a delicadeza de um anjo recém caído e a vaga lembrança de um gangster do mundo da pornografia. E Isabelle Hupert perfeita no papel de uma ex-freira que se considera ninfomaníaca, sobrevive escrevendo contos pornográficos e acredita que Deus tem uma grande missão que ela deve cumprir. Uma ligação improvável, mas no relacionamento deles há mais confiança e entrega do que muitas que vemos por aí.
Mas a maior delícia foi assistir, pela primeira vez, The book of life, de 98. Jesus (Donovan, again, tudo) tem seu retorno no dia 31 de dezembro de 1999, em Nova York, com a missão de dar um fim a esse mundo e abrir os sete selos. Sua companheira é Madalena, muito bem vivida por P.J.Harvey. Poderia ser melhor? A cena que ela canta To sir with Love, com um som externo avesso é maravilhosa. Sem contar Yo la tengo como os cantadores do Exército da Salvação.
Mas Jesus tem dúvidas. Não sabe ainda se concorda com a política exclusivista de seu pai de que apenas 144 mil justos sobreviverão (Hal, poderia ter atualizado o número, não?). E daí para frente, são diálogos surpreendentes, bem ao estilo HH, em um ritmo frenético, onde até o diabo e os advogados ajudam a compor um clima de negociação para o apocalipse. E o gestual perfeito (trabalhar com Hartley é fazer parte de uma coreografia, disse uma vez Donovan). Com imagens necessárias e bem desenhadas, ótimo roteiro e boa música. Tudo que eu poderia querer de uma mente brilhante.
Amei meu festival Hal Hartley. E recomendo.

Próximos passos
O primeiro final de semana da lei anti-fumo foi patético. Conversas animadas nas calçadas dos bares, com as pessoas se conhecendo e, principalmente, falando mal do vampiro, predominaram. E não fumantes, muitas vezes sozinhos em suas mesas, desconfiando de que estão perdendo algo lá fora. No entanto, imagino que o autoritarismo não seja suficiente e há mais sede de sangue. O próximo passo, com certeza, deverá ser uma nova regulamentação que exigirá que as pessoas fumem em silêncio, mesmo na sarjeta. Sem olhar do lado. E que, no final, engulam seus cigarros para não sujarem a cidade. A escola Chávez está onde menos estamos discutindo.

Mia
Tem viagens que podem, ou não, se concretizar. Mas ler Mia Couto é uma com passagem garantida. Frases que te surpreendem no meio de contos líricos. “Mais que o dia seguinte, eu esperava pela vida seguinte”. “ E um pobre não sonha tudo, nem sonha depressa”. “Diz que a tarde cai. Diz-se que noite também cai. Mas eu encontro ao contrário: a manhã é que cai. Por um cansaço de luz, um suicídio de sombra.”. “Há mulheres que querem que o seu homem seja o sol. O meu quero-o nuvem. Há mulheres que falam na voz de seu homem. O meu, que seja calado e eu, nele, guarde meus silêncios”. "A aranha ateia diz ao aranho na teia: o nosso amor está por um fio"."De que vale ter voz se só quando não falo é que me entendem?". "De que vale acordar se o que vivo é menos do que sonhei". Dá para ler e não se apaixonar?

China Girl
Mais uma vez em homenagem ao HH, China Girl, by David Bowie. Pode não ser a melhor para Miho Nakaidoh, sua mulher. Mas é sempre bom ouvir.