abril 30, 2008

Kaos

Resolvi abraçar o caos na minha vida, tratá-lo bem, dar-lhe a importância que merece. Implosão sim, porque não?E por mais que os desenhos dos movimentos caóticos se pareçam com as asas de uma borboleta eu ainda prefiro acreditar que vou achar o pote de ouro no final de tudo isso. Sim, no meio do caos, continuo sendo uma otimista que podem chamar de equivocada, mas não de invertebrada. E não acho que o mundo está muito melhor que isso. Ou atire a primeira pedra quem pode dizer, com certeza, qual é o limite da razão.

Quem diria? - I
Que um político cearense, um dia, defenderia a sogra com tanta devoção?

Quem diria? - II
Que um dia acharíamos que o vídeo da Cicarelli na praia espanhola era tão pueril?

Quem diria? - III
Que horrores austríacos voltariam a nos assombrar?

Quem diria - IV
Que as pessoas poderiam se aglomerar para ver uma boneca ser jogada de uma janela?

Quem diria - V
Que aumenta o consenso de que o dia do congestionamento final se aproxima?

Quem diria - VI
Que além do relax, eu também curtiria a chegada de feriados e finais de semana porque os bancos fecham?

Por essa e tantas outras, que nem vale falar aqui, estou bem acolhida no meu caos. E viva la vida.
Vamos de Herculan, do The Good, The Bad & The Queen, com o vocalista Damon Albarn, que foi do Blur. A banda tem Paul Simonon, baixista do Clash, Simon Tong, do Verve, e o baterista Tony Allen, do Afrobeat.
"Call for prayer is common 'round here
In the morning.
Wash our faces, go to work,
There is no warning"
Curtam, ou não. A escolha é de vocês.

abril 27, 2008

Sem muito a dizer. Só ouvir.


abril 24, 2008

Quantas vidas eu já vivi

Um amigo me disse uma vez que não há nada mais preciso do que minha impontualidade. Se o compromisso é de manhã, então, as pessoas acham que eu perdi a hora de acordar. O que elas não sabem é que na maioria das vezes não é isso que ocorre. Onde eu perco mesmo a noção do tempo é no banho. É como se eu entrasse em uma cápsula que me leva para outros mundos. Ou talvez para dentro de mim mesma. Eu lembrei disso hoje quando li um texto belíssimo da Paloma no Colar de Contas.
Eu já chorei muito, ri sozinha, tomei decisões, desfiz caminhos, cantei, dancei, vivi várias vidas, vi minha morte, virei criança, me apaixonei, desapaixonei, imaginei contos, criei personagens, esqueci deles, senti saudades, tive ódio, escrevi, não lembrei das linhas, pensei em projetos, joguei-os no lixo, fui feliz, fui infeliz. Eu me desconecto, completamente, do mundo fora. Se isso tem a ver com o elemento água do meu signo, não sei. Mas para algum lugar da minha mente eu sou transportada e, se não está confortável, mudo rapidamente a rota e continuo viajando na água quente para outro canto.
Bom, meu aniversário está longe, mas acho que se um dia quiserem me dar um presente, um bom relógio daqueles que ficam grudados na parede poderia ser bom. (não, não, de Dia das Mães só uma casa com uma banheira linda que fica do lado de uma janela de vidro voltada para a praia). De preferência um despertador que grite "Patty, está na hora de sua vida continuar com você. Volta".


Normal

Se ninguém acha que as ondas de três metros de altura na baía de Guanabara que atingiram um catamarã tem a ver com o fato de que o epicentro do tremor que nos abalou estava no mar a 220 metros da costa, porque eu vou me preocupar? Será que só o Data Venia está prestando atenção?

Work

Ontem conheci um cara muito legal com quem eu devo fazer um trabalho. Ele disse que tanta conectividade, Blackberry e outras coisas estão fazendo com que as pessoas se tornem personagens do Work and the City. Ou, se preferir, o Desperate Workaholics. Bingo. Acho que prefiro as séries originais.

Entregada

Hoje eu disse algo para alguém e me entreguei. Completamente (não literalmente, tá Eliza?). Não esperei por percepções, sensações. Fui direta. Afe, fazia tempo que não fazia isso tão descaradamente.

Virada cultural

Final de semana de Virada Cultural. Tem Césaria Évora, olha só, Luiz Melodia, Orquestra Imperial, Mutantes, Lobão, Jorge Ben Jor, Fernanda Takai, Teatro Mágico, D2, e muito mais. Melhores filmes da Mostra Internacional de Cinema também, dança e muitos bailes pela cidade. Quem se animar confira a programação.
Só por conta disso vamos com Melodia cantando Juventude Transviada com Cássia Eller.

abril 23, 2008

Treme treme


Socorro !!!!!!!! Eu disse que estava, e ainda estou, no meio de um furacão. Não precisavam mandar um terremoto também. Passado o susto, fui olhar minha avenca na sacada para ver se estava tudo bem. Só faltava ter caído, cruzes....

abril 20, 2008

O Efeito Borboleta

Não eram nem seis e meia e Maria Amélia já estava em casa. Ela achou que dava tempo de mexer nas suas plantas antes de tomar um banho para ir ao aniversário da prima Maria Ângela. Uma hora depois tinha se arrependido até o último fio de cabelo. E o telefone ainda toca. Na corrida para atender, esbarrou em um vaso na murada que caiu sem dó nem piedade do 9º andar onde morava. “Xiiii, acho que atingiu aquele cacto horrível que a síndica colocou no pátio”. Telefone, banho, uma nova olhada no pátio, várias pessoas, conversas altas. “Ai, está tendo churrasco, melhor deixar para depois”.
Na saída da garagem ninguém na portaria para comentar do vaso. Estranho. Na volta, como o churrasco rendeu, pensou. Deu até polícia. Alguns vizinhos na rua, gentilmente, apontavam seu carro para que os policiais dessem passagem. O sargento Gomes lhe disse que tinha uma ordem para apurar “indícios” no seu apartamento. Como assim? Aos poucos, ela descobre que seu vaso atingiu fatalmente um morador do sétimo andar que estava no pátio. Maria Amélia se desespera, leva os policiais ao seu apartamento, repete exaustivamente o que aconteceu mas, no meio da madrugada, começa a duvidar que eles estivessem prestando atenção. Foi para a delegacia, deu depoimento e, na saída, três fotógrafos a esperavam. Foi assim que começou a saga de Maria Amélia que, para a imprensa, começou a ser chamada de assassina da samambaia.
-- Como assim, Heitor, eu tinha um caso com a vítima? Eu mal o conhecia.
Heitor, primo, amigo, irmão, camarada.
-- É a suposição do delegado e a imprensa parece que vai apostar. O zelador disse que vira e mexe via, pelo circuito interno, vocês conversando no elevador.
-- Isso foi uma ou duas vezes e falamos do aumento exagerado do condomínio.
-- Bom, como a mulher dele está grávida já concluíram que você se enfureceu quando soube e jogou o vaso de samambaia nele.
-- Avenca, Heitor, avenca.
-- Whatever, querida. A questão é que a coisa está ficando feia.
-- Eles imaginam que eu fiz de propósito? E, mesmo que fosse, que tenho essa pontaria?
-- Olha, Amelinha, melhor acionar o dr Salomão logo. E fica longe do noticiário.
Novos depoimentos foram pedidos, ela voltou mais três vezes à delegacia e, na saída, o número de fotógrafos aumentava.
-- Maria Amélia,que enrosco você arranjou dessa vez?
-- Mãe, eu só estava mexendo nas plantas.
-- Minha filha, você nunca gostou de samambaia.
-- Era avenca, mãe, avenca.
-- Ai, daquela muda que a tia Matilda te deu com tanto gosto?
O telefone não parava de tocar, imprensa, amigos, parentes. Ela não sabia mais o que fazer.
-- Eles estão pensando em te indiciar.
-- Me indiciar, dr. Salomão? Eles estão loucos, foi um acidente. Como poderia ser algo premeditado eu tentar acertar um vaso do nono andar na cabeça de alguém?
--É, mas o promotor disse que se houve a intenção a lei é clara mesmo que a probabilidade de acerto seja pequena. E o depoimento da vizinha de baixo foi horrível para a gente, ela diz que havia muito barulho no seu apartamento à noite, que era bem provável que você recebesse visita. Eu ainda aleguei que os vídeos do prédio não mostravam ninguém subindo para seu apartamento, mas eles acreditam que o vizinho ia pela escada todas as noites depois que a esposa dormia.
-- Todas as noites? O senhor viu minha pele, dr. Salomão? Parece a pele de alguém que faz sexo todas as noites?
-- Bom, não posso dar minha opinião sobre isso.E tem também uma tal de Vivian que estava na festa da sua prima e deu um depoimento voluntário dizendo que você estava super nervosa e não parava de olhar o relógio.E ainda tem um colega de infância dizendo que você jogava bem basquete no colégio
-- E o que tem o cu a ver com a cesta?
-- Dona Maria Amélia, o que é isso? Eu sei lá, acho que para dizer quais eram as suas chances de acertar. E a imprensa está impiedosa.
-- Mas eles não aprenderam nada?
-- Nossa senhora, agora que acham que tinha razão naquele caso escabroso de alguns anos atrás, você sabe qual é, estão enlouquecidos.
-- Quer dizer que nunca vão aprender?
-- Olha, nós continuamos alegando que foi um acidente.
Maria Amélia foi obrigada a aceitar uma licença compulsória no hospital onde trabalhava como chefe da enfermagem na pediatria. A conquista desse cargo meses antes lhe valeu outro depoimento, do que foi preterido na vaga e disse que ela costumava ser violenta com os pacientes.
-- Na Ana Maria Braga?
-- Você veja só como são as pessoas. Eu não esperava isso da sua prima Maria Helena. E espero que ela não conte dos pontos que levou na testa quando você a empurrou na parede daquela vez que brigaram.
-- Mãe, eu tinha sete anos.
-- Que seja, filha. Mas agora com essa história da samambaia.
-- AVENCA, MÃE, AVENCA.
-- Você está ficando meio descontrolada, filha, é melhor tomar um chá de erva cidreira.
Ela achava que as coisas não podiam piorar. Ledo engano.
-- Esquema de corrupção no governo, Heitor?
-- É, a polícia só foi fazer algumas perguntas para o cara que trabalhava com seu vizinho. E ele entregou tudo. O cara parece que comandava uma maracutaia grande no Ministério dos Transportes, tem conta no exterior e tudo.
-- E morava no meu prédio?
-- Vai saber. E o mesmo cara disse que viu você algumas vezes com ele no escritório.
-- Meu Deus, onde fica esse escritório?
-- Parece que é em uma casa em frente aquele viveiro do lado do Ibirapuera, sabe qual é?
-- Ai não, viveiro não, é demais.
Por ter diploma universitário, Maria Amélia teve direito a uma cela especial quando recebeu a ordem de prisão preventiva. Ela descobriu que especial mesmo era a cela do lado, da Stefanie, namorada de um traficante, com direito a TV de LCD. A Polícia Federal, desconfiada de que o ataque da samambaia pode ter sido uma queima de arquivo, queria nomes dos envolvidos.
-- Dona Maria Amélia, a vizinha do lado disse que escutava quase todas as noites a voz de um homem rouco, que falava como se estivesse bêbado. Ela não conseguia entender o que diziam porque parece que ele não era brasileiro e vocês sempre colocavam música de fundo para disfarçar. A senhora pode nos dizer quem era esse contato?
-- Homem rouco? De noite? Meu Deus, era o Tom Waits.
-- A senhora pode nos dizer onde podemos achá-lo?
A imprensa deitou e rolou com os desdobramentos políticos do caso da assassina da samambaia e até o cargo do presidente da República ficou ameaçado.
-- Sabe garota, eu não entendo a cagada que você fez com esse presidente que é dos nossos. Se ainda fosse aquele barbudinho de antes você podia jogar a samambaia que quisesse.
-- Avenca, Stefanie, avenca.
Com todo o escândalo e sem dar nomes, o caso de Maria Amélia foi julgado sem dó nem piedade.
Era a quinta vez que Heitor a visitava no presídio feminino e a encontrava com o uniforme todo sujo enquanto os das demais presidiárias estavam sempre limpos. Foi reclamar com a direção.
-- Mas nós damos um limpo para ela. Só que ela joga tudo que encontra na frente nele, até pó de tijolo ela tira da parede para tingir o uniforme.
-- Porque ela faria isso?
-- As colegas dizem que é porque o uniforme é verde. Parece que ela odeia verde.


Verde
Eu, como não odeio verde, não fiquei nem um pouco tristinha hoje. Mesmo com todo amor que tenho por vários são paulinos, sorry. Agora, força na Libertadores.


Troller
Serviço blog de utilidade pública diz que nosso amigo Ricardo Soares teve seu Troller roubado. A placa é BEZ 2255 e o carro é verde escuro.Não custa prestar mais atenção nos Trollers na rua, quem sabe alguém o encontra. Pode ligar para o 190 e, de preferência, dar um toque no blog dele que é o Todo Prosa.


Procurado
Nada melhor do que o próprio Tom Waits, ainda procurado pela PF, cantando Downtown Train, do excelente Rain Dogs que eu tenho em vinil.

abril 17, 2008

Todo dia...

Dia meio estranho, meio cá, meio lá. Dia seguinte de show do Naná Vasconcelos e convidados no auditório Ibirapuera, com direito a abertura do palco para o parque no gran finale. Dia de saber dos shows de Joss Stone no Brasil em junho. Dia de papa estar onde merece, ao lado de Bush. Dia de despedida de Guga, triste, prolongada. Dia de abuso de mais tiroteio no Rio na tenda da dengue. Dia de Nair Bello ir embora. Dia de Dilma chamar, apressadamente, evento do PAC de comício. Dia de Roberto Carlos lançar Emoções para lambuzar as mulheres. Dia que é véspera do aniversário do meu irmão. Dia do esquartejador da namorada ficar livre. Dia de volta da Sig Mundi. Dia de Men in Trees. Dia de orquídeas. Dia de muitas entrevistas para o livro. Dia de ser feliz, como todo dia. Dia que demorou tanto que já é outro dia.

A ruiva sexy que o Ricardo tanto gostou reinou até agora. Mas, democraticamente, vamos mudar o rumo dessa dança, dance, ou dansa como prefere a poetisa do nosso amigo português. E saímos do telhado e vamos para o friiiio. "...se você quer cantar, cante, e se você quer ser livre, seja, porque existem muitas coisas pra ser, você sabe que sim". If you want to sing out, sing out, by Cat Stevens. É da trilha do Ensina-me a viver (Harold and Maude).

abril 15, 2008

Chunga´s revenge

Eu disse que ia entrar em uma maratona, não disse? Estou no olho do furacão. Mas uma dança no telhado ao som de Gotan Project homenageando Zappa é irresistível, não? Uma coisa bem lounge..Nada melhor do que uma dança na noite, no alto...sem chuva.
Dá até para ver a pequena estrela que nasceu ontem no Oriente.
Bjs.

abril 10, 2008

Vou me embora...

Devo, não nego. Demoro, mas pago. Recebi uma tarefa da Amélie, aquela que enlouquece todos os homens, e até mulheres, que passam pelo seu blog. Deveria postar um texto que me marcou. Duro, não?Quantos trechos de livros, que me fizeram chorar, ou rir, e que poderiam ser escolhidos. Outras tantas poesias. Até busquei um livro de poesias, mas doeu muito mexer com ele, por coisas que não vem ao caso. Desisti.
Daí lembrei que enquanto crescia em uma pequena cidade do interior eu achava que tudo era pequeno demais, apertado demais, limitado demais. Na verdade, uma criança que cresce em uma pequena cidade do interior lá sabe o que lhe cabe? Eu achava que sabia. E, apesar de todas as delícias que se vive crescendo em uma cidade do interior, eu sempre tive os olhos voltados para a estrada. Gostava de ver quem chegava, gostava da hora que era eu a sair, gostava de prestar atenção.
Na escola me apresentaram uma poesia que me convenceu que, sim, deveria haver um lugar onde eu pudesse ir e viver livremente. Nem sabia, direito, o que era viver livremente. Também não tinha muita idéia do que eram aquelas prostitutas que o poeta falava, devia ser algo relacionado à rua 1, onde ficava o puteiro na minha cidade (sim, ela era a primeira rua). Mas sabia que havia prazer e determinação em querer estar em um lugar que te veste como uma luva. Seja qual for o lugar e quais os caminhos que te levem lá. Um tempo onde a felicidade podia ser real ou surreal, tanto fazia.
A poesia é simples, objetiva, e com uma cadência deliciosa. Foi batida e batida com o tempo, ficou quase gasta. Mas a frase sempre rondava minha cabeça, como ronda até hoje. Por que? Ora, porque, como Manuel Bandeira, também vou me embora para Pasárgada.

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que eu nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada


All Along the Watchtower

Se é saudosismo, então pé na lama. Bob Dylan tocando All Along the Watchtower junto com Richard Thompson, legendário e ótimo guitarrista que tem vários discos solos e também ao lado de sua ex-esposa, Linda. Essa música foi uma das que Dylan mais tocou em seus shows, e é adorada para covers. "Tudo ao longo da torre,em toda parte,em toda parte eu fui...". Uma boa trilha para quem vai embora para Pasárgada, não?
O ar
Estou ficando rouca de novo. Enlouquecidamente rouca. Estou na fase que prefiro olhar. Bem voyeur. Essa mulher que está na foto, queria mesmo estar lá? E esse cara, será que ele está conferindo emails no celular? Será que há mesmo formas de estarmos juntos, sem estarmos?
A foto, de novo, é do André Pipa. Adoro as fotos dele. Essa é na praia de Azenhas, perto de Sintra, em Portugal. Acho que retomei alguma fixação que já tive algum dia por Sintra.

A pedra

Arqueólogos descobriram pedras de arenito cinzento em Stonehenge, o momumento pré-histórico maravilhoso que fica na Inglaterra. Elas estão debaixo dos monolitos existentes no lugar. Como alguns poderes curadores eram atribuídos ao arenito, imagina-se que o lugar pode ter sido voltado para isso, a cura. Ou seja, tudo que qualquer esotérico que fez curso de tarô no Senac estava cansado de saber. E quem não se lembra do Merlin deixando a aldeia de Asterix para os encontros no solstício que aconteciam lá?

O fogo

Não parece que existe algo que esteja "se" queimando mais do que a tocha olímpica, não? Já há um esquema de reforço em Buenos Aires, onde o primeiro que a irá carregar será o Maradona. Meu Deus, Maradona + tocha, carga explosiva. Hoje um conhecido que mora na China falou sobre a expectativa de todo o povo chinês para as Olímpiadas. Tudo bem, posso entender esse lado. Mas apesar de a China não ser a primeira ditadura onde se realiza uma Olímpiada não dá para dizer que a violência e a repressão no Tibete tenham algum espírito olímpico, não?


O papel

Hoje me perguntaram o que se faz quando se recebe um bilhete (bilhete mesmo) assim:
"Não imagine que não perco a respiração quando te vejo atravessando a frágil corda. E muito menos que não a vejo. Eu não sei o que vou sentir quando o relógio correr novamente mas tenho certeza que não há mais volta, nem para os meus segundos de aflição nem para a sua necessidade de fazer a travessia. Encruzilhamos.". Sei não...


A força

Linda e talentosa,Regina Spektor ainda tem um jeitinho de adolescente, nos shows ao vivo parece ainda mais uma garotinha. Mas é só o jeito, a russa que se mudou para o Bronx aos nove anos já tem domínio de sua voz e de suas composições. Essa é Samson. Aproveitem.

abril 08, 2008

Ken Lee

Há alguns anos eu estava em Atenas e acompanhava a conversa do namorado inglês com um vendedor grego. Londrino, ele não entendia nada do que o cara falava e eu tentei ajudar. O vendedor ficou tão tranqüilo quando comecei a falar, se sentiu tão em casa que disparou a falar grego comigo. Eu disse que não era grega e ele se espantou. Bom, a conclusão era uma só, meu sotaque em inglês é grego de nascimento. Meu namorado, gentilmente, tentou me consolar dizendo que, como ele já havia falado várias vezes, eu estava parecendo uma grega e porisso o vendedor se confundiu. Não ajudou nada e fiquei arrasada. Melhorei um tanto meu sotaque, acho, pelo menos não afundo mais quando penso.
Lembrei disso com o vídeo que Aiaiai me mandou da candidata a ídolo búlgara, Valentina, cantando "Ken Lee". Na verdade, o problema dela nem é de sotaque, ela não sabe mesmo a letra. A música é Without you, do Pete Ham e Tom Evans, gravada pelo Badfinger, que voltou a fazer sucesso com o cover da horrível Mariah Carey.
Adoro no final quando perguntam para a moça que língua ela cantou e ela diz, sem pensar duas vezes, "inglês". Completamente à vontade e dona de si. Ela virou uma popstar na Bulgária e já gravou a mesma música com um inglês melhorado. Na verdade, com um pouco de inglês. Acompanhem.

abril 07, 2008

Os nossos quandos

Estava conversando com um amigo americano no MSN e escrevi, sem pensar, "vixi". Ele não entendeu nada e tive de ficar um tempo explicando o que era e como se aplicava. Me lembrei de um amigo meu, argentino, que logo que se mudou para Rio penava tentando decifrar o verdadeiro significado de algumas palavras que o brasileiro diz mas querem dizer o contrário do que ele imaginava. Eu mandei para ele a primeira parte do dicionário brasileiro de quandos, que recebi de alguém e transcrevo aqui. Muitos já devem conhecer, mas espero que seja útil para alguém e que o serviço de tradução desse blog funcione para não ter que explicar mais coisas.

"Para evitar que estrangeiros fiquem pegando, injustamente, no nosso pé porque prometemos e não cumprimos, está sendo compilado o DICIONÁRIO BRASILEIRO DE QUANDOS (que já deveria estar pronto, mas atrasou...), do qual foram extraídos os trechos a seguir:

DEPENDE - Envolve a conjunção de várias incógnitas, todas desfavoráveis. Em situações anormais, pode até significar "sim", embora até hoje tal fenômeno só tenha sido registrado em testes teóricos de laboratório. O mais comum é que signifique diversos pretextos para dizer "não".

JÁ-JÁ - Aos incautos, pode dar a impressão de ser duas vezes mais rápido do que "já". Ledo engano, é muito mais lento. "Faço já" significa "Passou a ser minha primeira prioridade", enquanto "Faço já-já" quer dizer apenas "Assim que eu terminar de ler meu jornal, prometo que vou pensar a respeito".

LOGO - "Logo" é bem mais tempo que "dentro em breve" e muito mais que "daqui a pouco". É tão indeterminado que pode até levar séculos. "Logo chegaremos a outras galáxias." É preciso também tomar cuidado com a frase "Mas logo eu?", que quer dizer "Tô fora".

MÊS QUE VEM - Parece coisa de primeiro grau, mas ainda tem estrangeiro que não entendeu. Existem só três tipos de meses: aquele em que estamos agora, os que já passaram e os que ainda estão por vir. Portanto, todos os meses, do próximo até o Apocalipse, são meses "que vem"!!!

NO MÁXIMO -Essa é fácil: quer dizer "no mínimo". Exemplo: "Entrego em meia hora, no máximo." Significa que a única certeza é de que a coisa não será entregue antes de meia hora.

PODE DEIXAR - Traduz-se como "nunca".

POR VOLTA - Similar a "no máximo". É uma medida de tempo dilatada, em que o limite inferior é claro, mas o superior é totalmente indefinido. "Por volta das 5 horas" quer dizer "a partir das 5 horas".

SEM FALTA - É uma expressão que só se usa depois do terceiro atraso. Porque, depois do primeiro, deve-se dizer "Fique tranqüilo, que amanhã eu entrego". E, depois do segundo, "Relaxa, amanhã estará em sua mesa". Só aí é que vem o "Amanhã, sem falta".

UM MINUTINHO - É um período de tempo incerto e não sabido, que nada tem a ver com um intervalo de 60 segundos e raramente dura menos que cinco minutos.

VEJA BEM - É o day after do "depende". Significa "Viu como pressionar não adianta?". É utilizado da seguinte maneira: "Mas você não prometeu o trabalho para hoje?" Resposta: "Veja bem..."

XIII.... - Se dito neste tom, após a frase "Não vou mais tolerar atrasos, O.K.?", exprime dó e piedade por tamanha ignorância sobre nossa cultura.

ZÁS-TRÁS -- Palavra em moda até uns 30 anos atrás e que significava "ligeireza no cumprimento de uma tarefa, com total eficiência e sem nenhuma desculpa". Por isso mesmo, caiu em desuso e foi abolida do dicionário.

Run, Forrest, run

Um casal de amigos correu hoje a maratona de Paris e fez super bonito. Ela, Mari, completou os 42 quilômetros em 4h30 e ele, Paulo, fez em 3h35. Parabéns, gente.

Paciência

Tenho os CDs, gosto da música, mas nunca tinha visto um show do Lenine ao vivo. Assisti em fevereiro em Barcelona. Adorei.



abril 03, 2008

A queda

Tem alguma conjunção astral que não anda muito afinada. Coisas loucas, como a queda da menina no apartamento do pai e da madrasta. Evito ler sobre o assunto porque me choca tanto uma história dessa. E não ando precisando de motivos para me esconder na concha. Já levei meu travesseiro, meu IPod, um bom vinho, um livro e pronto, já moro em uma.

A mãe

E o que acontece quando as palavras queda e mãe se juntam? Você perde o chão. O susto já passou e, aparentemente, ela está bem. Mas o medo fica te rondando, gruda na sua alma e te assombra à noite. E é inevitável a lembrança de quem caiu e não levantou.

A roda

Entrei hoje em uma maratona de trabalho que não sei se dou conta. Primeiro dia de férias da minha sócia e dois capítulos de um livro para entregar. O que fazer? Um post, claro, porque tudo que me levar para longe de pensamentos enlouquecedores está valendo.

A morada
Conversando com uma amiga ontem estávamos discutindo que lugar cada uma gostaria de morar nesse momento. Ultimamente, ando querendo o Hawaí. Sidney por alguns meses, talvez. Também ando com vontade de ficar um tempo em Jericoacoara, sem pensar, e já pensando, na vida.E corro o risco de desembarcar em Luanda. E vocês, onde gostariam de morar right now? A K, já sei, vai de Paris, o Red talvez fique com Barcelona, o Mr Almost onde os amigos estão. Não vale a sua própria casa, aí vc já mora, viaje um pouco.

A garrafa

Também discutíamos que os óculos de fundo de garrafa tem uma certa magia. Quando são tirados, aos olhos dele você se transforma em uma Gisele Bundchen. Suas celulites e imperfeições desaparecem como que por encanto.

A dúvida

Se o Sarkozy é mesmo a reencarnação do Elvis, como disse o Bush, então a Carla Bruni virou madrasta da Lisa Presley?

Os doidos

O hómi que comia morcegos (agora não deve comer mais nada) está chegando para shows no final de semana. Se não estivesse tão dura iria ver o velho e bom Osbourne dando seu recado.
Ontem começou a turnê solo do Eddie Vedder. O primeiro show foi em Vancouver e parece que a platéia foi uma caca. Gritavam por tudo, aplaudiam qualquer acorde, sem deixá-lo cantar ou tocar em paz. Até quando ele andava pelo palco era ovacionado. Uma histeria. Ou seja, não dá para dar um show intimista com um trem desses, não? Ele escolheu lugares pequenos para sua turnê, mas parece que não contou com a hipótese de ter se transformado em algo maior que isso. Into the wild.
Por conta disso, vou colocar uma música dele que está na minha cabeça desde ontem. Para quem anda refém da concha, dá para entender. É Cant Keep e não está no setlist desse show. Como ele mesmo define, essa música é tocada em um instrumento pequeno (ukelele, que lembra o som de um cavaquinho) e por um homem pequeno (ele é bem baixinho). Sobre a questão da altura, tem uma frase que ele usa que adoro, os baixinhos são mais inteligentes porque têm o cérebro mais perto do coração. Esse vídeo foi feito para o documentário Burn to Shine, sobre a cena musical em Seattle. Vários músicos tocaram em edifícios ameaçados de demolição.

Não pode me segurar

Eu quero balançar
Eu quero sair fora
Eu quero sair dessa mente
e gritar
Eu vivi toda essa vida
Como um oceano
em disfarce
Eu não vou viver
para sempre
Você não pode me manter seu

Eu quero correr com o pôr-do-sol
Eu quero a última respiração

Perdoe
todo ser
Os sentimentos ruins
isto sou eu apenas
Eu não vou esperar
por respostas
Você não pode manter seu

Eu quero crescer
e dizer boa noite
Eu quero dar uma olhada
no outro lado
Eu vivi todas essas vidas
Foi maravilhoso
as noites completas
Mas eu viverei para sempre
Você não pode me manter seu...