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Bom, é clichê falar que essa geração está descobrindo tudo cada vez mais cedo. Mas o que me chama a atenção é uma lei da economia que os meninos estão entendendo rapidamente: quando há um grande desequílibrio na oferta e procura seu esforço de vendas diminui e, em geral, é possível bancar o preço que se quer.
Eu vi o reflexo disso na semana passada, em uma festa de aniversário. Uma hora comecei a prestar atenção na moçada que dançava na pista. Eram muito mais velhos que o filho da minha amiga mas ainda jovens que não estavam muito certos sobre as definições que tinham acabado de fazer para suas vidas. As muitas garotas faziam de tudo para chamar a atenção dos poucos rapazes que ali estavam, mesmo que distraídos ou só no caminho do banheiro. Elas, na potência máxima, ralando, suando, e eles pensando se iriam ou não estalar os dedos. Mas o que me intrigou foi que enquanto elas estavam deslumbrantes eles me pareceram muito, mas muito sem graça, sem jeito, sem sexy appeal. E, claro, sem se importarem com isso. E precisavam?
Pode ser que eu estivesse azeda (não acho que era o caso), que meu olhar esteja destreinado para essa faixa etária (bem possivelmente), ou só implicância de tiazinha (eu avisei lá em cima, tá?). Mas e se eu estiver certa? E se esses garotos estão mesmo correndo o risco de sofrerem o efeito perverso da lei do mínimo esforço? E se o que hoje pode parecer uma vantagem poderá causar mais danos do que benefícios no futuro? Não estou falando de sexo, porque a liberdade de praticá-lo, como e com quem quiser, conquistamos nós. Mas de eles desconhecerem o prazer de seduzir e ser seduzido em um jogo que às vezes pode ser lento, depende, mas é contínuo, interessante. Aquele sorriso encantador, aquele gesto na hora certa, aquela frase adequada. Que adultos mais sem charme poderão se tornar?
Claro que não dá para generalizar e há muitos que desde cedo não poupam energia para agradar a uma mulher. Mesmo sabendo que nem precisa. Mas, cuidado, quando algum de vocês encontrar alguém assim saia de perto rapidinho. A legião que virá atrás vai travar uma disputa ainda mais feroz, quase sanguinária.
Para piorar vi a capa da edição da Turma da Mônica Jovem. E, claro, tem uma Mônica avançando para beijar um Cebolinha apavorado e suando em bicas. Precisava?
A boa notícia é que teremos uma geração de mulheres guerreiras que poderão até ir para o front se um dia for necessário. Da estratégia ao combate elas saberão como nos defender. Podemos dormir todos mais tranquilos, ok?
Better Way
Mas, no final de tudo, I believe in the better way. E como faz tempo que ele não passa por aqui, vamos de Ben Harper. E a música vai para uma jovem encantadora e muito querida que sabe esbanjar charme pelo mundo.