setembro 01, 2008

Que droga é essa?

Uma grande amiga minha, que aqui assina Aiaiai (pior que é a cara dela, esse é o jeito com que ela reage às loucuras do mundo), fez um comentário meio nostálgico, mas pertinente, sobre o vídeo do Velvet Underground que eu coloquei ontem. Saudades do tempo que ser doidão era legal e não tão cheio de culpas como é hoje. Eu estou lendo o livro das melhores entrevistas da Rolling Stones e fiquei pensando nisso, também com certa nostalgia. Não por mim, mas pelos "doidões".
John Lennon fala da loucura que era o tempo dos Beatles, coisa que não interessava nem a eles, nem à gravadora, e nem à imprensa contar. Como ele e George se envolveram com o LSD, quantas viagens não vieram daí. Mas, o pior ou melhor, quantas músicas dos quais nem vamos relacionar, surgiram. Eric Clapton ficou dois anos e meio dentro de casa, com sua namorada, completamente chapado. Ele tinha um gravador e tocava todos os dias. E dali saíram canções belíssimas. Sim, tem uma entrevista com Keith Richards, e você pode imaginar, nem preciso contar. Ainda não é nessa da célebre frase, não tenho problemas com drogas, tenho problemas com a polícia. Johnny Cash fala do seu vício com anfetaminas e, mais uma vez, do que criou. Jack Nicholson se recusa a dizer que usou cocaína, o mesmo que não vale para o seu vício pela maconha. Mas garante que não faltou a um trabalho e nem ao curso de interpretação que fez durante 12 anos. E que o deixem em paz.
Não li todas as entrevistas, mas lá tem Jim Morrison, Jerri Garcia, Kurt Cobain e Courtney Love. Posso imaginar o que ainda vem. Não quero fazer apologia das drogas, acho que muitos talentos e pessoas foram levados pelo excesso. E acho que todas essas pessoas sofreram com a perda de amigos muito próximos, vítimas do não saber quando, e como, parar. A vida vale muito mais e isso não é cool. Mas havia algo que saía dessa loucura toda e que permitia que o talento desses "doidões" continuasse predominante. Um certo controle sobre a criação. Isso porque nem vou comentar a biografia de Tim Maia. Você sai chapado, mas vibra com ele.
O ponto que eu quero chegar é o que acontece agora com os "doidões". O filho de alguém muito próximo, de 23 anos, teve duas overdoses de cocaína. Só por isso, já o considero um babaca. Mas quando o encontro tudo que eu vejo é um moleque em frente ao espelho, levando horas para produzir seu cabelo, ajeitar seus piercings, e garantir sua figura de emo. Sem brincadeira, ele leva horas. Tenho vontade de vomitar, não dá nem para ter qualquer diálogo. Um amigo meu foi no final de semana a uma rave e disse que rolou de tudo e as pessoas tomavam (será que esse é o verbo?) balas, que imagino seja Ectasy, e ficavam horas pulando como cabritos. Isso sem contar as drogas novas que rolaram, algumas com nomes parecidos com comidas de passarinhos. Passarinhos que pulam como cabritos.
Eu fui a uma festa na semana passada e quando saí para fumar presenciei algo inédito. Uma menina se inteirou a um grupo que estava ao meu lado para fumar um baseado. Mas ela não apenas casou com ele, o baseado, ou seja o monopolizou, como a certa altura resolveu levá-lo embora sob o argumento de que era algo que ela precisava. Pegou a bola, que nem era dela, e ameaçou sair do jogo. Eu freqüentei várias turmas de barra mais pesada do que aquela que estava ali e nunca vi isso acontecer. Havia uma certa ética, algo que se compartilha, se compartilha.
Deve ser a idade, mas eu fico me perguntando, o que mudou? O ser humano, que emburreceu e não sabe mais descer depois daquelas subidas, ou foram as drogas, que ficaram mais caretas? Como disse o Pedro, a visibilidade hoje em dia está fraca e fica difícil saber o que é genuíno e o que não é. Bom, repetindo aquele filósofo que nunca lembro o nome, sei lá, mil coisas. O mundo ficou mais drogado, em todos os sentidos, e mais babaca. Como é muito difícil escolher uma música para isso, hoje não teremos música. Amanhã, quem sabe se eu me drogar muito.

20 comentários:

Anônimo disse...

as drogas perderam o sentido - e isso faz muito tempo, desde quando os malucos mais interessantes da época, morreram. lennon resumiu isso no célebre 'the dream is over', retrabalhado por gil no brasil com o igualmente inspirado 'quem não dormiu no sleeping bag nem sequer sonhou'. e hoje, com tanta merda circulando por aí, com tanta atitude babaca, como pode ainda alguém considerar um inocente baseadinho como droga?

Anônimo disse...

Não esperava outro comentário seu. É isso.

Anônimo 1

Anônimo disse...

tudo ou quase tudo é tristemente uma verdade. Mas observar esses "babacas" de perto, gente muito jovem, alguns não deixam de ser crianças e já se perderam, - isso não é "mole". Não adianta chamar a esses actores do nada de babacas, mas sim PERGUNTAR o que nos terá conduzido a este estado de coisas...?! sinto muita pena dos "babacas", confesso, de suas famílias impotentes, que ficam a ver os seus filhos se sumir... já assisti de demasiado perto a isso. já vi quem venceu e já vi quem pereceu. mas nem um dos vitoriosos o conseguiu sem AJUDA de outros, sin´nimo de sacrifício. foram heróis eles e quem ajudou "os babacas"... é fácil apontar o dedo (contra mim falo). difícil é chegar perto e apertar a mão...enfim.tanta coisa podia ser dita.deveria ser pensada.


redherring

leve solto disse...

´Patty,

passando pra deixar um beijo procê!

Anônimo disse...

É, Patti, tudo ficou mais careta e mais chato. E esses meninos de agora não têm a mínima idéia onde estão pisando -- acho que nós não sabíamos também, mas pelo menos tinha gente mais interessante na estrada -- e o que poderia ser feito.

Também acho que as drogas ficaram mais caretas, tem muita bobagem circulando que não envolve uma "viagem" mas funcionam quase como um estimulante físico. Não há mesmo descida se não aprenderam nem a subidda.

Olha, casar com o baseado já vi muito. Mas levar embora assim, nunca. rs.

Adorei a freirinha. rs.

Beijos querida

Anônimo disse...

Bom, já que inspirei o debate, não me furtarei de dar um pitaco.

As drogas ficaram caretas porque estão absolutamente em concordância com o mercado. Foram entronizadas no círculo das coisas do "sistema". Lembram como a gente tratava as coisas do "sistema"? Pois é.
Ontem eu li que a Amy Winehouse teve uma overdose de MACONHA!!!! Quem já fumou umzinho na vida sabe que isso é fisicamente impossível. Como dizia o gabeira, maconha só mata se cair um pacotão na sua cabeça.
Eu queria acreditar que a moça é daquele jeito, fuma, bebe, cheira, injeta, sei lá, para expressar toda a sua criatividade, raiva, amor, impossibilidade, etc...mas não acredito. Acho apenas que ela escolheu um rumo radical para ficar famosa e entrar no "sistema". As músicas são boas, mas será que ela faria tanto sucesso se ela não fosse uma "moça problema"? Tem algo de farsa nessa história, que não tinha na década de 60 ou 70.
Com os emos é a mesma coisa: como é que a pessoa pode se dizer "emocional" e se preocupar mais com o jeito que o cabelo cai na testa do que com o que está ocorrendo ao seu redor?
A gente consumia drogas porque queria ver se achava uma saida do sistema. Hoje, parece que todo mundo quer se drogar para ficar "bacana" no sistema.
Paro por aqui...
Meu pitaco ficou prá lá de grande!

Anônimo disse...

He he..Pelo jeito não é dream is over mas drug is over também, né.

Eu só posso imaginar tudo que vcs estão falando. Mas eu cheguei tarde e do meu lado só tem o babaca do emo arrumando o cabelo. Não tenho dó não, Red, ele tem informação suficiente para saber o que fazer. Eu tenho e não me meto a besta. E concordo com a Aiaiai, faz pra ficar bem na fita da balada.

Não sei que tanta subida e descida tem por aqui, gente. Está parecendo um terreiro.

Freirinha enturmada essa, hem. Mas como já disse alguém lá em cima, não dá pra considerar um baseadinho droga, né.

então ele tem 23 anos, é Patty? fiquei imaginando a idade dele naquele texto que vc escreveu sobre overdose. Vixi.

Sabe, quando eu crescer quero ser quinemvc, tá?


Inté

Anônimo disse...

Chegou tarde não, Kriko. Boas safras acontecem em qualquer época.


Bjs menina

Eliza Lynch disse...

Patty, sabe, muita gente tem a impressão que a geração entre 14 e 30 anos de hoje é muito superficial, apegada a modismos, doida e revoltada sem motivo, mas no bem da verdade acho que isso é um estereótipo que se vê muito em festas e nas ruas... Calma, o mundo não ta perdido não! Conheço muita gente nova que ta idealizando, criando e produzindo uma sociedade melhor.
Não nos paute pelos fracos!!
Hoje, tem diretor de curta prêmiado pelo mundo de 23 anos...
Tem garota de 26 anos lançando livro sobre os personagens do terminal tietê...
Tem garoto de 17 anos tocando clássico na guitarra e rock no piano clássico...
Tem uma porção de adolescentes trabalhando voluntariamente pro greenpeace.
Tem emos miguxos discutindo o futuro da tv digital com muita propriedade em comunidades no orkut, vai sabe, né?...

Eliza Lynch disse...

Outra!
Quero ler esse livro também!!
Li esse final de semana o Almanaque do Rock do Kid Vinil...é bem Almanaque mesmo, nada de muito aprofundado. Novidade pra mim que sou mais leiga no assunto.
E sacanagem...CPM 22 ganhou um parágrafo inteiro e Los Hermanos só duas linhas!!!

Esse sei livro aí tem entrevista com a Courtney Love??? Medooooo!!

Anônimo disse...

Longe de mim dizer que a geração de hoje não faz nada de bom. Eu tô é com saudade do tempo em que se drogar era legal!!! Só isso. No mais, acho que até melhorou.
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Anônimo disse...

Longe de mim dizer que a geração de hoje não faz nada de bom. Eu tô é com saudade do tempo em que se drogar era legal!!! Só isso. No mais, acho que até melhorou.
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Anônimo disse...

Acho que entendemos, aiaiai. E parece que vc não é a única que tem essa saudades. rs

Eliza, como disse para a Kriko, boas safras tem em qualquer época.

Patti, estou parecendo vc respondendo comentários, rsssss.

Beijos, não suma.

Anônimo disse...

Ei gatona,
vou desafinar a orquestra, mas apenas em sua homenagem e ao post. Não é pra polemizar não...

Nunca vi muita graça nas chamadas drogas ilegais; tive uma única experiência e detestei. Ainda hoje tenho dificuldade de entender a graça em se perder o controle e fugir à consciência...

Mas do ponto de vista INDIVIDUAL nada tenho contra quem goste ou aprove o uso de QUALQUER tipo de droga, não apenas as chamadas drogas ilegais "leves". A rigor é questão de foro íntimo: ninguém tem nada a ver com isso.

Ao que saiba, apenas nos anos 60 e 70, o uso de drogas abarcava certo componente político e comportamental, associado às gerações de jovens daquela quadra. Agora, convenhamos, tanto nesse aspecto, MODA, quanto nos demais, a turma me parecia tão abestalhada quanto à atual.

A associação entre criatividade e alucinógenos é clássica desde muito antes do rock e da aquarius generation; mas não obrigatória, né mesmo?

E do ponto de vista social restam 2 graves problemas: um de saúde pública e outro relacionado à criminalidade. Sabe-se que um percentual considerável de usuários de drogas acaba dependente químico, com gravíssimas consequências pessoais e familiares. É também conhecida a íntima relação entre o tráfico de drogas e os índices de criminalidade.

Patty Diphusa disse...

Pedro, vc mandou muito bem respondendo os comentários.

Eliza, nem precisa me dizer sobre o que a moçada anda fazendo. Vc sabe que eu sei, não? E sabe que tenho forte motivos para isso, não?

RM, não polemizou não. Só acrescentou pontos importantes, a questão é bem complexa. Mas, como diz Aiaiai, só estava com saudades...

Bjs para todos

Patty Diphusa disse...

Fiquei devendo mais respostas.
Redherring, concordo com vc, é muito triste quando vc presencia essas crianças já tão perdidas e "babacas". E, como já disse no post, tenho um caso bem próximo. Já amparei, já cuidei, mas tem horas que vc desanima, são tantas mentiras, tanto cinismo, que é melhor deixar para que os mais próximos que eu tentem cuidar. E para mim só resta lamentar e rezar.

Marcinho, vc está coberto de razão.

Mara e Anônimo 1, bom ver vcs

Bjs para todos

Eliza Lynch disse...

Falou e disse, rm!

Dona Sra. Urtigão disse...

Drogas ilegais ou plantas ilegais? Porque as drogas, substancias quimicas, são legais, ou dentro da lei,quando interessam sua produção e comércio, mesmo que provoquem danos severos, como é sabido de alguns "medicamentos". E as plantas de poder só se tornam " ilegais" para atender ao "poder" de determinar como alguns querem que "os todos" se comportem para servir ao capital. Moneymoneymoney.

Anônimo disse...

Eu tenho saudades é pescar lata. Isso sim!!!
bj

Patty Diphusa disse...

E eu tenho saudades de esperar pela volta dos pescadores, Guga.

Bjs