outubro 20, 2007
Cuecas ao vento
Eu tenho uma amiga super querida que acabou de se mudar para Barcelona. Está ótima, bem instalada em um apartamento aconchegante e muito paparicada por amigos que já viviam lá. Mas descobriu que há pedras no paraíso e a dela é um equatoriano extremamente grosso, feio e que adora pintar o cabelo preto como graúna. Enfim, um traste e nós já não gostamos dele. Ele mora no apartamento de cima e parece muito sensível a barulhos. Um dia desses ela deu um jantar para oito pessoas, sem música alta, não era balada, tinha até a presença de uma senhora. E terminou antes da meia noite. Mas o equatoriano não se conteve e, incomodado, sapateou o tempo todo. Uma crise rápida de Joaquim Cortez mal resolvido, mal desenhado e sem talento. Minha amiga não gostou, mas decidiu ficar na sua. Esta semana, ele voltou para a vida dela de uma forma espalhafatosa e com uma exposição de intimidade a toda prova. Como o varal de todos os apartamentos fica fora de casa, ela achou uma cueca dele caída nas suas coisas. Uma cueca estampadinha, puída, ridícula. Como diz uma amiga nossa, uma cueca muito mal amada. Quer algo mais bizarro que você ter nas suas coisas algo tão íntimo de uma pessoa que você nem quer bem? Vingança: ela tirou uma foto e nos mandou, eu ia até publicar aqui, mas, amiga, achei feia demais. Minha amiga não sabia o que fazer: bater na porta dele e devolver aquela coisa? jogar no varal da vizinha de baixo? entregar para o achados e perdidos do prédio, se ele existisse? O que se faz com uma cueca ridícula de um dono idem que entrou na sua vida sem permissão e, pior, sem estar vinculada a qualquer prazer? Jogar ao vento, claro. Se o vizinho fosse um gato, tenho certeza que ela devolveria com uma garrafa de vinho e um convite para ele conhecer melhor a cozinha brasileira em um jantar na semana. Mas o senhor que veio de Quito não valia o esforço. Ela jogou a cueca pela janela e viu quando ela caiu no capô de um carro. Eu fico imaginando a cena, um catalão invocado chegando, vendo aquele treco no seu carro e, nervoso com o empréstimo que não conseguiu no banco está louco para brigar com alguém. Torço para que no andar de baixo more uma belga com uma filha, sem marido, o que levaria o cara direto para o andar de quem? do Mr. Malaman. A pessoa, além de ter sua peça íntima espalhada pela rede, ainda corre o risco de levar umas porradas de um cara que nunca viu na vida. Boa, amiga, cuecas ao vento. E que ele saiba, exatamente, com quem está lidando antes de te encher o saco de novo. E que vá comprar cuecas novas e de bom gosto.
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