Não quero ser desrespeitosa, apenas entender. Por alguns caminhos, que não vêm ao caso, cheguei à comunidade que foi montada no Orkut para um parente distante que morreu há dois anos. Eu queria checar se era ele mesmo quem eu imaginava, pois só fiquei sabendo de sua morte no feriado e o confundia com os irmãos. Na foto, vi que era o mesmo que eu havia pensado. Um jovem e bonito rapaz. Mas, qual não foi minha surpresa, ao ver que um dos membros da comunidade era ele mesmo, ou seja, o seu perfil no orkut. C onfesso que fui até lá, quase pé ante pé, com um certo medo, mas bisbilhotando, na verdade. E fiquei estarrecida ao ver que nesses dois anos vários de seus amigos deixaram recados, em geral falando de saudades, mas às vezes contando alguma coisa que, pelo jeito, ele seria o confidente ideal. Imaginei que isso não deva ser uma manifestação única, deve ter vários casos desses na rede de relacionamentos. Vejam só como passamos a exigir mais dos nossos fantasmas, antes eles ouviam nossas preces nas igrejas e cemitérios e, agora, também precisam estar conectados para saber o que temos a lhes dizer. Em nossos tempos, até essa passagem ficou mais difícil, vc precisa combinar o acesso banda larga que terá em outra vida, já que vai precisar conferir, diariamente, seu orkut, seu facebook, seu myspace, seu tamagoshi blogueiro, enfim, continuar ligado. O uso de bilhetes para falar com o desconhecido eu até já conhecia, me lembrei da minha visita ao Muro das Lamentações, em Jerusalém. Mas a expressão pelo mundo virtual para falar com o mundo espiritual é uma novidade para mim. Bom, se a pessoa acha que assim é melhor, fica mais tranquila e tem certeza que será lida, que continue a postar recados para o além. O choque mesmo vai ser quando começarem a receber respostas. Salve-se quem puder. Não sei se quero essa "mudernidade".
outubro 17, 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Você sabe que eu tinha um certo pavor de ir criando perfis em sites/seriços como o Orkut, Messenger, Facebook, blogs etc. porque eu sempre pensei que, quando morrese, ninguém se daria conta (e o trabalho) de descobrir senhas e descadastrar os respectivos. Agora, lendo isso, entendi que não é com a morte que você elimina a presença virtual na internet. Achei lindo o fato de as pessoas continuarem com recados e mensagens. Em tempos de raras visitas ao cemitério (ainda que apenas um gesto simbólico e ritual), uma visita e um recado no Orkut/blog/serviço daqueles que se foram tem tanto significado quanto a visita ao túmulo. Quer saber? Não me deletarei de nada e tampouco deixarei minhas senhas por escrito. Quero ser permanente na rede, até que o servidor me delete. É um contato, por que não? Como sou abelhudo, tentarei responder com meu iPhone, se Ele me deixar entrar com o aparelho. Beijo. See you in another life (maybe, Third Life, Fourth Life, Fifth Life).
Não é mais alma lavada eh alma linkada.
Red, se já foi o maior rolo desbloquear seu IPhone aqui, o que será no Paraíso (é claro que é lá que vc estará, não?).
Postar um comentário