março 17, 2009

Filosofia (barata) de banheiro

Por algum desvio de personalidade esse blog não resiste a momentos prolongados de emoção como o que gerou o post púrpura. Como uma draga ele precisa voltar à superfície e respirar todas as banalidades possíveis. Para ajudá-lo a retomar seu equilíbrio resolvi falar sobre algo que me intriga há anos e que, provavelmente, a ninguém mais interessa. Como, por exemplo, o que se passa na cabeça dos publicitários quando criam propagandas de produtos para banheiro. Falar da sala, do quarto (exploradíssimo), da cozinha, da copa, da sala de jantar, do jardim, tudo fácil. Mas e quando se chega a desinfetantes e aqueles odorizadores (que palavra é essa?) qual a melhor forma de atingir o cliente? Eu quase não vejo TV aberta e fico um pouco longe das propagandas (se bem que elas também invadiram a TV a cabo). Mas quando vejo parece que tenho uma atração por esse tipo de "reclame".
O que será que pensou o publicitário que colocou no ar aquela propaganda do menino que só quer fazer cocô na casa do Pedrinho? Achou, talvez, que essa era a melhor forma de discutir o prolongamento de uma fase anal ou, melhor ainda, o que pode representar para o garoto a amizade do Pedrinho? E, pior, imaginemos a cena da mãe apertando a campainha da casa do amiguinho para dizer que seu filho precisa usar o banheiro. Há algo mais constrangedor? Pior que isso só se o Pedrinho for obrigado a lhe fazer companhia. Ou não, vai saber.
Mas a coisa pode extrapolar. E temos a propaganda da mulher que diz que sua nora lhe contou que o produto X, para eliminar cheiros indevidos, dura cento e tantas vezes. E o que fez a SOGRA? Colocou um quadro no banheiro e obrigou toda a família a fazer uma marca toda vez que, depois de feitas suas necessidades, apertassem o tal produto. Ou seja, arrastou todos para o esgoto, sem qualquer escrúpulo, para provar que sua nora estava errada. No final, diz a mulher, não é que ela tinha razão? Mas isso ela confessa para nós, idiotas telespectadores, e é incapaz de admitir para a autora de contagem tão estúpida. Fica difícil lembrar o nome do produto, mas da sogra ninguém esquece.
E tem mais uma que me deixa chocada. Carol, que parece estar saindo de um café da manhã feliz e cantante de propaganda de margarina, atende a campainha de sua casa e o que encontra? Uma equipe de filmagem. E a "repórter", sem mais nem menos, pede para ver seu banheiro. Constrangida, a pobre Carol pede um tempo e corre para o banheiro para dar uma arrumadinha básica. Mas é interrompida pela equipe de filmagem que entra em seu banheiro e lhe diz que ela está fazendo tudo errado ao usar o produto Y e indica qual a melhor solução. Acho que nem mesmo lady Di, nos seus momentos de maior perseguição, conseguiu imaginar uma invasão de privacidade desse tamanho. Se eu tivesse a conta de uma operadora de telecomunicações faria uma propaganda em cima dessa. "Seu telefone está desbloqueado, Carol, ligue agora para a polícia".
Esse foi só um desabafo e acredito que não existam reflexões mais profundas (essa palavra dá até medo nesse post). Mas que gostaria de ver uma equipe de criação fazendo um brain storm (repetidamente chamado de toró de palpites, inclusive aqui porque, assim como lá, cá também padecemos de falta criatividade) para bolar uma propaganda desses produtos, gostaria. That´s all.


Que filme?
Final de tarde da sexta-feira. Chuva torrencial. Porta da locadora.
-- Não, não, você não vai pegar nenhum filme que se chama O Orfanato. Nem quero as palavras fatal ou mortal no título, por favor. Algo leve e engraçadinho, mas com o mínimo de inteligência. Não é difícil, é?
E o que faz minha filha, chocada com as recomendações estapafúrdias da mãe? Pega um filme que tinha Tormentas no nome. Não vou dar o título todo porque vou contar o final. Claro que reclamei, Tormentas? Você acha que pode ser algo leve? Mas ela argumentou que tinha o ator X, charmoso quarentão, e que tinha uma chamada dizendo "todo mundo tem direito a uma segunda chance para amar", ou algo muito parecido. Huuum, pode ser. Afinal, nova chance para amar é sempre algo estimulante, não?
Bom, resumindo, um casal, cada qual com seu conflito, se conhece em uma situação Z, passam alguns dias juntos por conta de uma tempestade quase furacão (as tormentas) e se apaixonam como dois adolescentes. O ator lindão viaja para longe e escreve cartas de amor maravilhosas para sua amada, sonhando com o momento da volta quando eles assumiriam a relação e a vida toda pela frente. Isso tudo um pouco mais da metade do filme, o que já me deixou apreensiva. Essas soluções são típicas de fase final. Bingo! Ele morre em uma circunstância meio non sense. Eu fiquei chocada: será que os roteiristas e os produtores do filme que apostaram na chamada (o direito a uma segunda chance, só para não esquecer) conversaram, em algum momento? Ou a intenção era mesmo provar que chances de novos relacionamentos são cada vez mais vulneráveis com o passar do tempo? Era para derrubar mesmo? Então, volto para minha teoria, para momentos de puro e banal entretenimento algumas palavras nos títulos são fatais. Ou mortais. Ou uma tormenta. Fuja.

All I Need
Eu sei, eu sei...o Multishow está com a semana Radiohead e não se fala em outra coisa na Praça da Sé. Mas, na verdade, acho que todas essas bobagens aqui foram uma forma de não falar sobre uma forte emoção que envolve o show de domingo e alguém muito especial que essa vida maluca me deu de presente. Não tem preço.


19 comentários:

Anônimo disse...

Sobre as propagandas em banheiro: sensacional! Tudo que sempre me intrigou mas nunca tive talento para botar pra fora kkkkkkk Não consigo parar de pensar também naquelas de "enxaguante bucal"...que nome é esse???? Mas é sempre uma crítica ao bafo do protagonista e geralmente dentro de banheiro.

Anônimo disse...

A propaganda é uma rara conjunção de "idiotas fundamentais" : os que criam, os que aprovam e os que assistem achando "nossa como esses publicitários são criativos", ah, ah..

... disse...

Olá, Pat para odores de banheiros, nada melhor que um bom isqueiro que funciona, ou uma caixa de fósforo, mas isqueiro é inodoro e resolve com muita eficiência. Nesse filme há detalhes de produção lastimáveis, qualidade baixa, se pensarmos em "tormetas' um bom é Cabo do medo.
ßjs∞

Anônimo disse...

Ok. Não dá para resistir. Só torcer para que você tenha um ótimo show e volte em segurança.


Beijos

Anônimo disse...

Um brain storm para essas propagandas deve ser mesmo hilário. Resta saber se os caras tbem acham engraçado ou se levam a sério demais. O que deixaria até mais divertido... hehe...

Mas, afinal, vc vai ou não no show?


Bjs

Anônimo disse...

kkkkkk, essa do Pedrinho é demais. Se eu fosse mãe dele dava um esfrega no moleque pra deixar de ser fresco. Deixa apertar pra ver onde ele faz.

E sogra é sogra, né. Vc é uma boa sogra, Patty? Vai dizer que não, capaz.

E as dos "enxaguantes bucais", como lembrou a aiaiai, sempre invadem banheiro mesmo. Um horror, pior que BBB.

Patty, cade o lorde? To achando que ele está por perto, heiii.

Tbem não entendi, vc vai no show? É ruim de perder, hem. Duvido.

Inté

Anônimo disse...

Patty, fica tranquila. Eu vou estar lá, se precisar de algo me dá um toque. Vou te passar meu celular.


Abs

Betão

Roney Maurício disse...

O que comentar, querida... rss

Ainda bem que (ainda) não inventaram a televisão com cheiro, né?


Ah, esse filme passou ontem aqui em BH. A cidade submergiu... (não, nada a ver com o outro assunto... rss).

Anônimo disse...

também odeio aquele das 'mulheres felizes' que regulam os intestinos com a ingestão diária de 'activia'. ARGH!!!!

Nicolau disse...

Excelentes observações sobre as propagandas de banheiro. Mas vou ser sincero. Prefiro propagandas ridículas do que aquela seita Amway...

Beijos

Patty Diphusa disse...

Ois

Aiaiai, as de enxaguante bucal são mesmo tão horrorosas quanto. Invasão de banheiro II. Haja privacidade. rs.

Peri, até podem ser criativos em coisinhas mais fáceis, mas tem horas que dá vontade de chorar. Vc tem razão.

Fernando, ainda bem que a Fiat Lux não apelou para esse lado da venda dos fósforas. rs.
Cabo do Medo? Medoooo.

J. Fox, eu sei que vc vai rezar a noite toda pra eu voltar em segurança, rs. Não se preocupe.

A1, se eles ainda se levarem a sério é o ó. Acho que sim, mas ainda não peguei o ingresso.

Kriko, e o menino da propaganda ainda é tão sem gracinha. Claro que sou uma boa sogra. rs.
O lorde nos acompanha aqui na medida do possível. Deixa ele sossegado, menina.

Betão, tks. Todo reforço será bem vindo.

RM, ainda bem mesmo. E ontem o filme entrou em cartaz aqui e vários pontos da cidade submergiram mesmo.

Marcio, e daqueles calmantes homeopáticos para vc dormir? Horrorooooosas.

Bjs pra todos

Patty Diphusa disse...

Nicolau, bem lembrado. Não sei o que prefiro. rs.

Bjs

Saude Corporativa disse...

Realmente, essas propagandas são de criatividades mais rasas. E pior, que funcionan por que senao ja haviam mudado...E quem nao se lembra do Glade Toque de Frescor...pelas suas propagandas toscas de "cheirinho de banheiro"...

Gostei do Blog.
Bjo

Anônimo disse...

É por isso que o marketing de guerrilha está em alta. Mais criatividade. Mais espaço. Vamos sair do tradicional.

beijos, flor.
Adorei vc dizer que minha alma é vermelha...rs.
Uma alma intensa?!

Sabrina disse...

Oi, querida! Sobre as propagandas, sempre tive o mesmo tipo de reflexão (barata) sobre laxantes (incluindo iogurtes que têm a mesma função dos remédios)! Será que as modelos ganham mais para exporem suas dificuldades intestinais? Outro dia, a garota disse: "depois de tomar x todo dia, percebi que estava me sentindo muito melhor" Hahaha!!!

Beijo!!

Ricardo Soares disse...

sensacional a essencia desse post... aliás eu nao entendo o que passa na cabeça dos publicitários em geral... kiss

Patty Diphusa disse...

Ois

Saúde corporativa, "cheirinho de banheiro" era o ó mesmo. São horríveis.

Celine, vc tem razão, mas não é o próprio marketing que decide sobre a propaganda?
Alma intensa, sim senhora. Rubra. You know.

Sá, boa pergunta. Pque elas vão ficar estimagtizadas como aquela modelo da propaganda daquele laxante. rs.

Ricardo, também não entendo. conheço gente bem legal nessa área, mas sempre acho que funcionam num universo meio paralelo.

Bjs para todos

Anônimo disse...

Patty:

1-Vianninha disse que "publicidade é a poesia do cotidiano".
A identificação do público com as personagens é objetivo fundamental para venda.
Estão mal na fita os consumidores Cara-Pálidas.

2-Ví mães e pais alugando para seus fihos,"o Labirinto do Fauno".

3-Apesar de ser um pouco jovem,na música,prefiro os dinossauros à sua época.

Abraços na primeira visita

Günther.

Patty Diphusa disse...

Günther

Acho que a publicidade só é a poesia do cotidiano quando consegue retratar o popular com tanto sucesso que faz com que algumas expressões e maneiras grudem na gente. Mas ela falseia a maior parte do tempo e é aí que peca. Isso quando não apela, mais pobre ainda. Sei lá, mil coisas.

Essas mães e pais são filhos das mães e pais que tanto nos assustaram com os pesadelos dos irmãos Grimm, não?

E sobre a música, também sou jurássica. Só me abro um pouco mais pro que veio e vem vindo depois. Um pouco só.

Bjs e fico muito feliz em ter vc por aqui. Espero que volte, mesmo que nem sempre goste.