junho 08, 2008

Lições no limite do suportável

Existem várias maneiras de você descobrir coisas sobre a vida e sobre você mesma. Depende do caminho que você escolhe. De volta da Costa do Sauípe, percebi que posso estar escolhendo o mais difícil.
A primeira lição foi entender o que aconteceu com minha mãe quando ela caiu há algum tempo e esfolou completamente seu rosto, levando três pontos na testa, inclusive. Eu me perguntei na ocasião, como ela não protegeu o rosto? A resposta veio com a minha própria queda, saindo da praia e pegando o caminho que levaria para meu quarto. É simples, como um saco de batatas sendo jogado em queda livre, se você forçar o braço para tentar atenuar, corre o risco de quebrá-lo. Então, o melhor é deixar cair tudo que tiver de cair e rezar para que o estrago não seja tão grande.
O estrago foi menor do que imaginei na hora mas enorme para a vaidade humana. Minha boca inchou, meus lábios pareciam leporinos, como bem observou um amigo, e ganhei manchas roxas que formaram um bigode. Sim, um bigode que quase se assemelhou ao de Salvador Dali mas ficou tímido no meio do caminho. O que pode até ter sido pior.
Daí outra lição aprendida, a vida das mulheres bigodudas não é fácil. As pessoas chegam perto de você para te cumprimentar com um sorriso, ao perceberem que tem algo diferente começam a recolher a saudação e você nota claramente a hora que a boca passa do esboço de um olá descontraído para o oh!!!! que ainda tenta ser disfarçado. E o pior são as recomendações, passe um corretivo e uma base que melhora. E quando você responde que já está com corretivo e base não há quase mais nada a dizer. A não ser as mais incentivadoras que ainda se oferecem para emprestar uma base mais escura, se for o caso. Mais um pouco e me ofereceriam tinta.
Para evitar constrangimentos para todos, o melhor foi o dragão se recolher à sua caverna e passar mais tempo lendo, escutando música e conferindo se o movimento das ondas do mar estava no ritmo. E aí chegam os amigos, os conhecidos, os que te trazem remédio, ajudam a limpar o sangue espalhado no quarto e na roupa, os que te distraem e te paparicam. Três muito queridos, Red, Mari e Haru, levaram o monstro para almoçar na vilinha para que ele ficasse longe da visitação pública no almoço na prisão, sorry resort. E daí não dá para não rir da sua própria desgraça com as observações sarcásticas sobre a lamentável situação. Mesmo que isso custasse mais dor nos lábios leporinos. Mas, ainda bem que sobra o humor. E aí não há nenhuma lição, mas a constatação do que eu sempre soube, amigos valem ouro.
Vale ainda registrar a cara da arrumadeira que chega no seu quarto quando você ainda tenta descobrir de onde vem tanto sangue. Sim, porque faz tanto tempo que não vejo algo assim. De dois cortes na mão devem ter jorrado litros, sem contar joelhos, cotovelos e sei lá mais o que. Meu Ipod ganhou um tom avermelhado em instantes. Meu celular, nem fale. O chão foi todo tingido e não havia mais uma toalha sequer branca. A cara da moça baiana era algo do tipo "onde será que ela escondeu as partes do corpo que foi esquartejado aqui?"
E o hotel te manda, no máximo, uma água oxigenada, um pouco de gaze e esparadrafo fininho. Só. Band aid, só depois de implorar muito. Gelo? Vamos ver se conseguimos. Se eu fosse associada da Previ pediria uma auditoria imediata para entender porque tanto dinheiro foi colocado naquele empreendimento falido que nem texano em férias coloca no seu roteiro. Se querem saber mais sobre o atendimento e a péssima comida, confiram no Redneck. Se não fosse nossa escapada para a Praia do Forte, na sexta, tudo teria ficado asfixiante demais naquele lugar.
Voltando para o tombo, o mais engraçado foi o momento que ele aconteceu. Sentada debaixo de um coqueiro eu escutava música, concentrada naquele vai e vem das ondas, buscando uma sintonia que eu tinha perdido na véspera, por algum motivo estranho. E não era com alguém, com alguma coisa, ou conexões divinas, era comigo mesma. Na hora que achei que a tinha restabelecido, me levanto para voltar para o quarto e, literalmente, quebro a cara. Ou seja, mais do que a sandália que fica presa e te derruba, tem algo mais no ar do que helicóptero levando bala perdida, como diz a Kriko.
Enfim, é bom estar de volta e ver seu porteiro predileto deixar a portaria por instantes para trazer suas coisas até o seu andar, mesmo que você não esteja mancando ou sem condições de andar. E mesmo se estivesse, o elevador está aí para isso. Mas só para te fazer um carinho. Home, sweet, home.

16 comentários:

leve solto disse...

Patty querida, deixo aqui minha solidariedade desejando que vc melhore...

Beijos suaves (pra não doer..)

Mara

Anônimo disse...

Ui, Patti. Doeu muito?

Não quebrou nada, não é? Vc chegou a tirar chapa?

Não liga não, esses machucados vão sumir. Melhor assim, sem maiores sequelas.

Beijos, de leve também para não machucar.

Cin disse...

Puxa o tombo foi feio. Espero que estejas melhor.
Bjinhos!

Redneck disse...

Patty, eu bem que recomendei o uso da burca ou aqueles toldos que poderíamos - seus queridos amigos - carregar sobre você para quem ninguém visse o que sairia da caverna do dragão. Agora, leitores da Patty, tudo bem que a gente ajudou a amenizar a situação, mas, os amigos também podem ser horríveis. As piores comparações foram faladas por nós mesmos, os amigos. Que é para isso que servimos, afinal das contas. Para levar a pessoa até lá embaixo, de uma vez só, para que ela possa retornar, lentamente, à superfície. Isso quando não é uma criatura de Dali. Com bigode, eu, por minha conta, deixo o monstro lá embaixo mesmo, no cantinho, à espera de um novo lábio que substitua o leporino. Beijo! Do amigo, sempre.

Anônimo disse...

Patty

Precisou ir até a Bahia para quebrar a cara? kkkkkk Eu quebro aqui mesmo, o tempo todo.

Esse Redneck está defendendo o fogo amigo? kkkkkkkk

Meu Deus, sua vida deve ser hílária, Patty. Ainda mais com amigos como esse.

Inté

Eliza Lynch disse...

Patty, venho aqui parabenizá-la pelo bom uso do literalmente! Vc é sempre um exemplo para nós todos!

É tão adulta, tão madura, que até caiu hahahahahahaahahahahaha.

Desculpa, mas hyehehehe é engraçado.

Vc ta bem? Ta precisando de alguma coisa que não sejam piadas de mal gosto?

Vou aí medicar vc. Vc sabe que eu fiz medicina por tabela, né?

beijos, lindona

Anônimo disse...

Patty, shit happens. Sinto muito por vc.

Mas não posso deixar de falar que acho demais o humor que vc trata do assunto. E que contagia seus comentaristas como podemos notar nesses últimos, não é mesmo?

Se cuida, estamos na torcida aqui. E tem alguém que ficou bem preocupado por aqui.

Um abraço

Betão

Luís Joly disse...

Bom, a solidariedade já passou por aqui e pelos seus amigos que tanto te ajudaram. Então, o que posso dizer é: guarde bem os momentos desse período do bigode para poder lembrar e rir dele depois. Tirou foto?

Saudades,

Joly

Anônimo disse...

Rsss... Olá Patty.

Seu post me fez lembrar um provérbio português sobre mulheres e bigodes, mas não vou citá-lo - você poderia sentir-se ofendida, o que eu não desejaria de forma alguma.

Restabeleça bem e rápido. Beijos.

Beautiful Stranger disse...

minha solidariedade, espero que logo esteja bem, lindo seu blog...

;)
http://strangerbeautiful.blogspot.com/

Anônimo disse...

Só passando para falar oi e saber se está melhor.


Beijos

Redneck disse...

Joly, eu tirei foto, claro. É que sou, antes de tudo, jornalista. Sorry, Patty. Tudo pode ser usado nos dias que correm. Beijo!

Anônimo disse...

melhor do que alguem que conheço, que saindo de um show só pra convidados num café chique, perdeu o rumo, por um triz não foi atropelado, bateu a cara num poste e ainda dormiu no taxi. acordado pelo motorista, perguntou se já era hora de ir trabalhar.

Patty Diphusa disse...

A todos que deixaram aqui a solidariedade, tks. Aos que deixaram provocações, então tá, né. rs.

Maroca, vc é um doce.

Pedro, doeu!! Mas o pior foi o susto. Eu tirei chapa só dos dentes, para ver se não tinha trincado algo. Parece que eu protegi bem, eles estão bem.

Cin, o tombo foi feio mesmo. Cruzes.

Red, deixa estar, jacaré. Tirar uma com a minha cara, tudo bem. Não dava nem para não achar engraçado. Agora, tirar foto, essa eu não vou perdoar. Aguarde o troco, baby. A começar pela festa de hoje que vc vai do lado do dragão, tá?

Eliza, que bom que sei usar o literalmente quando quebro a cara, não? Fico tão feliz. Tks pela força, mas não estou precisando de nada por enquanto. Qualquer coisa, grito.

Betão, se não restar o humor, estamos ferrados, não? Tks pela preocupação sua e do seu chefe. Ele ficou mesmo nervoso? rs.

Joly, não há nem como esquecer esses momentos. A marca está na cara. Saudades de vc.

Mr. Almost, saudades de vc também. Eu esqueci muitas piadas dessas que provavelmente vc iria me contar. rs. Não desaparece, gosto muito de vc.

Beatiful stranger, seja bem-vindo. E chegou em um momento crítico, não? Vou te visitar, tá?

Marcinho, será que é o mesmo show exclusivo que eu também fui em um café? rs. Mandei a música para a Eugênia. Mas vc não me mandou aquela versão.

Bjs for all

Reiko Miura disse...

Essa história tá é muito mal contada. Se tinha tanto sangue, onde vocês esconderam o corpo? Será que a arrumadeira tá procurando até agora?

Já dá pra começar uma nova novela nos moldes do vaso de samambaia, ops, digo, avenca.
E pra dar o ponta-pé inicial vou chamar a turma dos CSIs e do Criminal Minds.

Patty Diphusa disse...

Pelo amor de Deus, Andarilha, não piora. A história já é complicada, não vamos colocar uma lente de aumento, please.

bjs