agosto 12, 2007
As mil e uma funções do hair spray
O que acontece quando três garotas vão no fim de semana para uma casa na praia? Aparece uma barata. Eu só escuto o pedido de socorro no banheiro, gritar era a única coisa que minha amiga conseguia fazer, já de olhos fechados e imobilizada pelo medo. O que posso fazer? " Preciso de algo para matar a barata". Ela me passa seu sapato, carésimo. "Mas que marca é esse sapato?", é a minha pergunta. "Não importa, mata a barata pelo amor de Deus". Que desprendimento, penso. Mas obedeço e vou em cima do animal, mas é duro matar o bicho imaginando que vc tem um Prada como arma. Vacilo, claro. O máximo que consigo é deixar a bicha de casco para baixo. Mas a traíra não parece disposta e se dar por vencida e tenta desvirar, o que acaba conseguindo. Vagabunda essa barata, blasfemo. E como dar um chega para lá, para que ela fique imobilizada e aguarde a morte, pacientemente? Um tubo de hair spray, tudo que tenho disponível. Não penso duas vezes e encho a barata daquilo. Ela começa a se locomover com mais dificuldade, suas antenas vão ficando durinhas, um pouco onduladas, quase o penteado do momento, até que consigo atingi-la com aquele sapato carésimo. Ufa. resolvido. Que nada, no dia seguinte tem mais vida selvagem pela frente. Estou sentada em um banco do jardim, agalhadésima por conta do frio, escutando meu Ipod e jogando batalha naval no meu celular. Vida natural, como podem ver. Minhas amigas tiravam um cochilo depois de uma festa de babete maravilhosa que foi nosso almoço no restaurante do pedaço. De repente, um bicho estranho ali, do meu lado, me olhando fundo. Olhos nos olhos. Segundos de terror. Nunca tinha visto aquilo. Pequeno, corpo parecido com um cachorro e uma cara que mistura raposa e focinho de porco um pouco mais pronunciado. Acho até que cheguei, em algum momento, a confundi-lo com uma girafa ou tigre, sei lá, qualquer coisa no imaginário do pavor. Nos olhamos por alguns segundos. O dilema era típico de um relacionamento. "quem vai recuar primeiro?" Ele cede e volta para o corredor. Justamente onde eu teria de passar para entrar na casa. Ligo do celular da minha amiga, aquela que eu salvei da barata. Nada. Bato na janela do quarto dela. Nada. Descubro um caminho alternativo e consigo entrar. Descubro que minha amiga usa tampões no ouvido até para a siesta. Ah, fico sabendo mais tarde com os caiçaras que trata-se de um saruê, irmão do gambá. Ou seja, poderia ainda ter ficado infestada com um cheiro horroroso que, juro, passaria para aquele sapato carésimo. Não é por nada não, mas acho que o Planet Animal é demais e é lá que prefiro encontrar essa bicharada e todos seus parentes O fim de semana foi demais, mas até o ar de São Paulo faz falta às vezes. Claro que tudo isso seria diferente, com sol, teria esbarrado em siris , sirigaitas e surfistas . Aí, a história seria outra. Mas fica para a próxima.
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Um comentário:
Tá vendo?!!! Você sempre tem algo para dizer, nem que for sobre a eterna luta entre a mulher e a barata. E pensar que, no final das contas, são elas que nos sobreviverão. Dá um Prada para a barata porque ela merece e será a única da passarela futura.
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