dezembro 03, 2007

Quando começa o resto de nossas vidas?

Eu tive um companheiro que me dizia que ele se preparava para viver muito e eu, ao contrário, contava que viveria pouco. Se desse uma zebra para nós dois, ele teria desperdiçado sua juventude preocupado com o futuro e eu estaria ferrada com a longevidade. Isso foi há alguns anos. We still alive. Hoje eu me lembrei disso quando vi a estatística do IBGE de que a vida do brasileiro subiu para 72,3 anos. Eu ainda acho pouco tempo, mas é bom lembrar que é a média da população. Mas em 1960, gente, essa expectativa era de 56,4 anos. Que isso? Eu lembro quando minha mãe falava de alguém com 40 anos e eu imaginava um velhinho. "Morreu tão cedo, aos 42, coitado". ?E eu pensando, já não estava na hora? Agora, o ponto de vista já é outro.
Não sei se mudou porque eu fiquei mais velha ou se as pessoas também continuaram criando, produzindo, por muito mais tempo. Na música, por exemplo, gosto muito de algumas bandas novas, mas à frente das minhas preferidas estão músicos com mais de 40 anos, às vezes até 50. Veja Mick Jagger, Bono, Eddie Vedder. E o Pete Townshend? E com novos e maravilhosos CDs, não é só viver do que já foi. Não é preciso nem ir muito longe, só olhar o whisky Chico Buarque. Envelhecendo em barris de carvalho. Na literatura, estão por todos os lados, no cinema podem até ter perdido os papéis de galã, mas quando aparecem, deus, meus sais. Como Jeremy Irons, um dos meus maduros mais preferidos. Sem contar o Martin Donovan. Até o Oscar de La Renta disse hoje que não vai deixar de fazer moda aos 75 anos. E faz bem. E ainda não relacionei as mulheres, mas elas terão um post especial. Bom, tudo isso para dizer que ainda há muito a ser feito no segundo turno. E, como diz a praga do ex, eu continuo muito desencanada e já devia estar pensando nisso.
Mas, voltando ao IBGE, outra coisa me chama a atenção, a pesquisa mostra que a esperança de vida ao nascer dos homens é de 68,5 anos, contra 76,1 anos das mulheres. Preciso dizer mais alguma coisa? Se a reclamação geral das mulheres é a de que não existem homens interessantes disponíveis, preparem-se amigas, a coisa só vai piorar. Ainda por cima, eles vão morrer mais cedo.

2 comentários:

Verbo Feminino disse...

hahaha! 10!

Há um tempo, aqui em casa, na hora do almoço surgiu conversa sobre doença. Meu cacula, na época com uns 12 anos, contava impressionado como o pai de um colega havia morrido de infarto fulminante. "Quantos anos, filho?" E ele: "Já era velho, tinha uns 45anos, por aí".
Você sabe como esse tipo de conversa leva sempre a outros casos parecidos (já reparou que saco, em hospital? Alguém vai visitar a parturiente que está feliz da vida com o bebezinho e a visita já começa a dizer "foi aqui neste hospital que morreu o fulano..s" rsrsr).
Pois depois do caso da morte do "velho pai" do coleguinha, meu marido se lembrou da morte do marido da secretária, nem me lembro de quê. E veio a infalível pergunta: "Quantos anos ele tinha?" E ele: "Era super moço ainda, uns 45 anos". rsrs Tudo é mesmo relativo...
Sou do tipo que acredita que vai morrer nova (embora "nova" já não seja rsrs), se possível na frente de todo mundo, quero ficar velha dando trabalho não! E também sou bem desprevenida quanto ao futuro...

Beijos

Anônimo disse...

Difusa, mas centralizada.

O Brasil, que sempre foi o "país do futuro", um país de jovens, caminha rapidamente para se tornar um país de velhos ou o "país do passado".

Segundo os cálculos dos demográfos, a população se estabilizará nos próximos 20 anos, a partir de quando, inclusive, decrescerá.

As prioridades serão outras: ao invés de educação, saúde. e prepare-se, aposentadoria vai virar artigo raro.

A diferença de expectativa de vida entre gêneros é clássica e decorre das diferentes atividades profissionais dos sexos.

Agora, o que é velho e o que é novo, ficou mesmo difícil explicar. Sem querer fazer merchã (by Amélie), escrevi um textinho no blog DomCaixote da Marilú. Gostaria de ter a honra do seu comentário lá.

PS: Luciana sempre chega antes de mim...