Olívia deu um grito a hora que ouviu os passarinhos cantando próximos de sua janela. Não, não podia estar amanhecendo. Toda aquela festa lá fora só a enfurecia e sua vontade era ter um estilingue na mão. Não tinha dormido um minuto sequer naquela noite e o despertador já programado para as oitos horas continuava trabalhando, completamente alheio ao seu desespero. Ela até que foi para a cama relativamente cedo, não eram nem 11 horas. Mas passou o tempo dividida entre ver qualquer bobagem na televisão, ler hora uma revista, outra um livro que já a acompanhava há uma semana, e levantar diversas vezes para pegar coisas que tinha esquecido de colocar na mala.
Se não tinha dormido, agora é que não correria o risco de desmaiar na cama e perder a hora. Uma coisa que funcionava perfeitamente nela era a sua impontualidade. Mas também considerava que chegar duas horas antes no aeroporto era uma daquelas exigências que as companhias aéreas gostam de fazer para serem burladas. E se todos chegassem ao mesmo tempo? Ninguém daria conta. Ela pensava essa e outros tipos de bobagens para não encarar seu medo.
"25 minutes to go'. A música veio na sua cabeça. Claro, não poderia ser outra. A letra sempre a impressionou, com Johnny Cash cantando e contando retroativamente, minuto por minuto, a agonia de um condenado que ainda aguarda por clemência. Seus 25 minutos finais. Até que, claro, ele goooooooo. E ela não queria gooooo. Porque, afinal, ela concordou com aquela viagem? Levantou, conferiu de novo o passaporte e o cartão de crédito, e foi tomar um banho ainda com a esperança de que a água levasse um pouco daquela ansiedade pelo ralo.
Continua em Por uma Second Life Menos Ordinária
setembro 14, 2007
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