(previously leia em Por uma Second Life menos ordinária)
Marcelo nem tirou o roupão para dormir, assim que saiu do banho ele se deitou, completamente exausto. Horas depois, pulou, assustado, e se sentou na cama assim que percebeu uma mão nos seus cabelos.
-- Helena? O que você está fazendo aqui?
-- Eu moro aqui, lembra?
-- Mas você não voltaria só amanhã? Você me assustou. Aconteceu algo?
-- Tive saudades do meu marido e achei que esse era um bom motivo para voltar.
Helena mantinha o sorriso e a voz mansa deixando-o sem ação. Ele imaginava se ela sabia que tinha passado a noite com Olívia, se havia algo que o estava denunciando. Mas, aparentemente doce, ela estava impenetrável. Eles ficaram abraçados por um tempo, quietos, como se estivessem decidindo quais as rotas que utilizariam. Por um tempo, preferiram a das amenidades, falando sobre o congresso em Liverpool, sobre os amigos em comuns que estavam lá e outras bobagens. Até que Helena, cuidadosamente, foi ao ponto.
-- Você sabia que a Olívia está em Londres? Tentei tanto falar com ela mas não consegui. Será que ela está bem?
O papel da boa irmã não convencia Marcelo. Mas ele ainda não sabia o quanto ganharia em desmascará-la.
--Ela está de passagem por aqui. Estive com ela ontem, me pareceu bem.
Helena respirou fundo, não poderia deixar brechas para que ele lhe contasse algo indesejável.
-- Que bom. Parece que ela está se mudando para Dubai, não? Que loucura, mas é a cara dela. Nós poderíamos almoçar juntos amanhã, o que você acha?
Marcelo sentia seu pé próximo da armadilha. Mais um pouco diria toda a verdade. Vontade não faltava. Mas ele não queria magoar Helena, ainda mais com a gravidez.
-- Não sei se é uma boa idéia, ela parece que tem um monte de coisas para fazer por aqui antes de embarcar.
-- Não custa consultá-la, não acha?
Ela foi em direção ao criado-mudo e pegou o celular de Marcelo.
-- Você tem o número dela aqui? Eu só tenho no celular e a bateria acabou.
Ela não deu tempo para ele responder. Sabia que ele tinha o número gravado na memória. Da mesma forma que tinha certeza que aquele número ela atenderia.
-- Não é uma boa hora. Estou colocando uma amiga bêbada na minha cama.
Helena olhou para Marcelo com um sorriso quase cínico.
-- Você continua a mesma. Sempre com um porre por perto, não?
Olívia gelou quando ouviu a voz. Depois de ter presenciado um surto de sua amiga Nicole, a última coisa que ela queria era falar com sua irmã. E ainda mais com ela fazendo questão de mostrar seu território ao ligar do celular do marido. Só não tinha idéia de quais terrenos, exatamente, Helena sabia que tinham sido invadidos na noite anterior.
Leia o próximo em Mimeógrafo Digital
setembro 26, 2007
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