setembro 23, 2007
Cidade limpa, mas sem memória?
Já fui correntista do Itaú, mas não sou mais há muitos anos. Não morro de adoração pelo banco, mas a última lembrança que tenho dele, enquanto instituição financeira, é boa. Depois de ter ficado 13 horas na fila do Pão de Açúcar para comprar o ingresso do primeiro dia do show do U2 eu não peguei fila no banco para pagar pelo ingresso do segundo dia. Melhor dos mundos para quem ainda tinha o bronzeado da muvuca do seu Diniz. Mas o luminoso da Paulista é outra história. Eu lembro quando ainda morava no interior, vinha visitar a família em Sampa e via o relógio. Não o relacionava a banco, lucros exorbitantes, atendimento discutível, nada disso. Era um outro tipo de referência, como continou sendo mesmo depois que eu morava aqui. Era algo como "respira fundo, você está em casa". Muitas vezes, mas muitas, odiei ver o relógio. Claro, me lembrava que estava atrasada para algum compromisso ou então que já deveria estar em casa há muito tempo. Agora, como o relógio será mantido? Ainda não entendi a conta do final do mês. Acho que esse marco tinha também uma função de GPS, como a torre em cima da Gazeta. Coisas subliminares nas nossas vidas, na nossa memória. Coisas como quando o avião está chegando na cidade, você olha para baixo e precisa de identificações para não se perder naquele mundo de prédios e avenidas. Você precisa saber que está chegando em casa. Apesar de ter um HD lotado, onde as lembranças que ficam são cada vez mais seletivas, descubro que tinha guardado essa imagem do Itaú e das horas. Não gosto da sensação de que minhas memórias estão sendo apagadas. Quem gosta?
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2 comentários:
Gostei do GPS, era mesmo o meu localizador
E nos dias frios, aquela névoa em torno dos números e a gente querendo ver as horas, a temperatura!
É isso aí, o relógio do Itaú era como o mar pra quem mora em cidade litorânea. A gente pode não ver, mas sabe que está lá.
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